sexta-feira, 14 de abril de 2017

Uma resposta sobre o cristão e a política

Recebi, via áudio a palavra que segue e, pela relevância, compartilho, com minha resposta na sequência.

"Pastor, bom dia,

É, falar de Cruz, pastor. Nós precisamos falar mais de Cristo do que de política.

Sabe pastor, quantas pessoas em nossas igrejas estão deixando de falar com o outro simplesmente por questões que um tem um partido e o outro tem outro. É, chamar, ofender o outro de ladrão porque tem um pensamento ideológico diferente daquilo.

Enquanto Cristo não for Senhor, Senhor mesmo em sua plenitude, esse país vai sofrer muito e cada vez mais piorando. É um preço que está se pagando por seguirmos mais a homens do que a Deus."


Prezado Irmão, ouvi sua palavra.

Concordo que devemos falar mais de Jesus. Vou além: não só falar mais de Jesus, mas muito mais, falar daquilo que Jesus foi, fez e falou.

Se imitarmos Jesus naquilo que ele foi, fez e falou, falaremos mais de política, sem amargura, rancor ou ódio. Falaremos mais de política com amor, justiça, honestidade, solidariedade, enfim, valores presentes na vida, na fala de Jesus, tão em falta em nossas vidas e falas de "cristãos".

A solução, a meu ver, não seria substituir o "falar de política" pelo "falar de Jesus", mas falar de política com o coração e a voz de Jesus.

Assim falaríamos das políticas que adotamos em relação aos nossos corpos, nossos discursos, nossos casamentos, nossas famílias, nossos amigos, nossos irmãos na fé, nossos  semelhantes duferentes, nossos estudos, nossos trabalhos, nosso dinheiro, nosso tempo, nossa igreja, nossa cidade, nosso estado, nosso país, nosso planeta, enfim, das políticas que adotamos sobre nossa vida, à luz da vida daquele que dizemos ser senhor de nossa vida: Jesus.

Negar o discurso sobre política é negar a própria vida, pois a vida é feita de relações políticas.

Ou não é política o que marido e esposa fazem quando se sentam em torno de uma mesa pra elaborar as prioridades do orçamento famíliar? Ou não é política o que pais fazem quando se sentam com seus filhos para definir procedimentos que envolvem suas vidas? Ou não é política o que a igreja faz quando se reune em assembléia para votar seus assuntos ou eleger seus dirigentes?

Fazemos política o tempo todo, inclusive quando optamos por não participar de determinadas políticas. É a conveniência política, a avaliação que fazemos do que ganhamos ou perdemos, que nos leva a escolher participar ou nos ausentar desta ou daquela política.

É a mesma conveniência, a mesma análise de custo-benefício, que nos leva a falar ou silenciar sobre determinado assunto, em determinada circunstância ou lugar.

Isso é política.

Cada um escolhe a política que adotará de acordo com a competência ou coragem que acredita ter para participar.

E quando para para decidir em quais assuntos e ambientes se envolverá, está decidindo que política adotará. Esta escolhendo aquilo que lhe interessa de acordo com os sentimentos e valores que norteiam sua vida.

Fazer escolhas, portanto, é fazer política. Podemos gostar ou não das escolhas políticas que o outro faz ou da forma de fazer política que o outro faz. Isso também é uma posição política.

Quando criticamos as escolhas ou formas de fazer política do outro ou, pior, negamos o direito que ele tem de fazer as escolhas e a forma que faz, estamos, com a nossa postura política desejando que a nossa escolha e formas de fazer política prevaleça, mesmo não assumindo isso publicamente.

Desde o dia que escolhemos, conscientemente, seguir a Jesus, isso teve uma implicação política. Manter essa escolha com as consequências disso em todas as dimensões da vida é um desafio que temos que enfrentar diariamente.

Se não fosse sua graça e o poder do seu espírito, as coisas poderiam estar sendo bem pior. Mas precisamos continuar, não adotando a política de substituir  o "falar político" pelo "falar de Jesus", mas fazer e falar de política com o coração de Jesus.

Forte abraço,

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