segunda-feira, 30 de maio de 2016

Sinto Deus conduzir minha vida



Há momentos em que me sinto num furacão
Em outros, como se já estivesse no céu
Problemas corporais não me faltam
Conflitos, são uma constante
Uns brotam de fora para dentro
Outros de dentro para fora
Uns são provocados por mim
Outros, parece que eu estava na hora errada, no lugar errado
Mas nunca deixei de sentir que Deus conduz minha vida

Acertos foram muitos na caminhada
Erros, talvez em maior proporção 
Já ouvi de muitos que os fiz feliz
De outros tantos que os machuquei, os magoei
Já acolhi, fui acolhido, afastei, fui afastado
Em busca da justiça já cometi injustiça
Combatendo a injustiça já me senti injustiçado
Mas nunca deixei de sentir que Deus conduz minha vida

Não é, portanto, por sentir-me melhor ou pior
Não tem a ver com ter menos ou mais
Não  está vinculado a conforto ou desconforto
Nem mesmo trata-se de concepção teológica
É puro sentimento.
Sentimentalismo, dirão com ar de superioridade os sabichões
Talvez.
Porém não sinto necessidade de muita explicação.
Busco pelo prazer da busca
Leio pelo prazer de ler.
Vivo porque estou vivo
Declaro porque me faz bem:
Nunca deixei de sentir que Deus conduz minha vida

Se peço muita coisa a Deus?
Muito
Tudo
O tempo todo.
Se espero resposta favorável?
Quase nunca.
Nem tenho porque cobrar.
Vou pedindo
Vou vivendo
Vou agindo
Vou ganhando
Vou "perdendo"
Vou sorrindo
Vou chorando
Vou sentindo
Vou pensando
E nunca deixando de sentir
De confiar
De reconhecer
Que Deus conduz a minha vida.
Sem pieguice
Sem pseudointelectualismo
Assim
Simples.

Tenho alguns medos
Mas nem tantos que não consiga enfrentá-los.
Tenho questionamentos
Mas nada que desestruture minha desestrutura
Sentido? Já não persigo mais
Talvez porque o tenha encontrado
No trivial, 
No comum, 
No óbvio, 
No simples
Em alguém sem boa procedência
- pode alguma coisa boa vir de Nazaré? -
- Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores -
Que encheu minha alma
Com quem aprendi a sentir
Que Deus conduz a minha vida.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Fidelidade

 “Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.” (II Tim. 2:13)

Fidelidade é uma atitude que, como todas as atitudes, se constrói em nosso ser desde o ventre de nossas mães. Antes mesmo de se ter consciência do fato ou dominar a linguagem que a expresse, houve uma vivência sentida em nosso ser, através da relação mãe-filho e, na sequência, pai-filho, filho-irmãos, filho-amigos, filho-instituições e assim por diante.

Ainda nem éramos capazes de pensar quando nosso corpo pedia algo e era atendido. Nosso corpo sentia uma necessidade, manifestava-se e era suprido.  Nem tínhamos consciência da fonte que atendia nossos desejos, mas sempre que reclamávamos algo, de algum “lugar” a resposta chegava. Assim, fomos descobrindo que havia algo ou alguém atento à nossa vida.

Na medida em que nossos órgãos do sentido – tato, paladar, olfato, audição e visão – se desenvolviam, o ser que respondia às nossas necessidades ia sendo delineado em nossas mentes e com ele as comunicações iam se aperfeiçoando, incluindo nessas, além da comunicação corporal, a linguagem oral e sucessivamente outras formas de comunicação.

Assim, antes mesmo de conhecermos a palavra fidelidade, já se gravava em nosso ser que havia uma fonte que, na hora certa, respondia nossos anseios; alguém que cumpria o que ia sendo prometido em nosso relacionamento. Essa fonte era, depois saberíamos, fiel.

Fidelidade é qualidade de uma pessoa que cumpre seus compromissos e se desenvolve em nós através de 3 maneiras: a experiência, o exemplo e os discursos.

Por experiência, refiro-me ao ocorrido na narrativa acima. O próprio ser humano, na medida em que desenvolve a capacidade de abstração, torna-se capaz de relacionar o que viveu desde o ventre da mãe com o significado da palavra fiel. Isso aponta pra nós o caminho mais eficaz para o desenvolvimento dessa atitude em nossos filhos: ser fiel.

O segundo caminho, intrinsecamente ligado à experiência, é o do exemplo. Trata-se das percepções que temos de que as pessoas que nos cercam agem de maneira fiel nos relacionamentos que estabelecem umas com as outras; que elas cumprem o que prometem nas diversas circunstâncias da vida; que cumprir o que se promete é algo que faz bem a todos.

A terceira forma, o discurso, tem a ver com o uso da palavra para clarear o conceito fidelidade, exemplificar e demonstrar os benefícios que advém de seu uso e os prejuízos sofridos por quem não o leva a sério e pelos que o cercam. Embora seja eficaz àqueles que já desenvolveram a capacidade de abstração, o discurso não produz o mesmo resultado que o exemplo e a experiência. Talvez porque, o discurso seja capaz de nos fazer pensar, mas não agir. A ação depende dos sentimentos que envolvem nosso ser diante da realidade descrita.

A Bíblia nos ensina que fidelidade é fruto do Espírito Santo de Deus. Uma pessoa infiel, portanto, seria alguém que não foi tocado por Deus no mais íntimo de seu ser. Quando a alma é tocada pelo Espírito de Deus, Espírito de Jesus, Espírito Santo, como preferirem, nosso ser reage produzindo, dentre outras atitudes, a fidelidade.

Essa atitude de fidelidade nos acompanha por toda a vida, em todas as circunstâncias e torna-se nossa reação natural. Ela passa a fazer parte de nossa natureza. Ela não se deixa condicionar pela infidelidade alheia. Por isso Deus é fiel, mesmo quando somos infiéis. É a natureza dele. E a nossa, é semelhante à dele?

terça-feira, 24 de maio de 2016

Perdi um amigo


Perdi um amigo. Na verdade não sei se perdi. Na verdade, já nem sei se poderia dizer que era amigo. Talvez eu o tivesse por amigo, mas a recíproca não fosse verdadeira.

O fato é que a relação era antiga e as lembranças eram boas. Mas daí veio o facebook onde o diálogo não acontece entre duas pessoas, mas dois textos; onde o diálogo não acontece entre dois rostos, mas duas fotos; onde o diálogo se estabelece como bate-dedos e não bate-papos; onde o diálogo não provoca testa franzida, beiço pra frente, pois o rosto está sempre sorrindo; onde o argumento conta mais do que a relação; onde, portanto, o "tom da voz" não é calibrado pela reação corporal do outro...

E se não bastasse a intermediação do Facebook, vieram as eleições. Históricamente lutamos pelos candidatos do mesmo partido, mas então decidi que, pelo fato do partido ter se distanciado de alguns importantes ideais meus, de não concordar com a política administrativa que, a meu ver, geraria instabilidade financeira, de não..., desoPTei em relação ao cargo máximo.

Assim, meu suposto amigo esqueceu-se de nossas histórias, de nossa fé comum, de nossas cumplicidades em momentos adversos, enfim, e, talvez, por acreditar que a política fosse a única e suprema dimensão da vida, decidiu me deletar. Sem aviso prévio e sem indenização.

Minha primeira reação foi propor um diálogo, mas pensei comigo: bobagem, você o tinha como amigo, mas a recíproca talvez não fosse verdadeira. Talvez, pra ele, você fosse visto como um aliado, um networker, um contato útil, enfim. Até porque amizades tem mais a ver com empatia do que com intelecto, tem mais a ver com sentimentos do que com razão, tem mais a ver com convivência do que concordância, tem mais a ver com troca do que com imposição...

Então deixei pra lá. Resignei-me. Fui deletado. Perdi um amigo.

Pensamentos para situações de adversidade

Há quem se refira a eles de maneira pejorativa, classificando-os de “auto-ajuda”. Oposição à parte, o fato é que eles afetam nossas atitudes e isso faz grande diferença na maneira como encaramos a realidade.

Li, há mais de 15 anos, “Quem mexeu no meu queijo”, de Spencer Johnson. Palha, diriam arrogantes acadêmicos. A fábula, porém, tornou-se bestseller. Milhões de pessoas foram afetadas positivamente pela mensagem simples do livreto que nos ensina a como reagir diante de adversidades. Ajudou muita gente a aprender a lidar com mudanças que nos afetam negativamente, adotando a postura de agir em vez de ficar reclamando.

Ainda era adolescente quando ouvi o Pr. Isanias dos Santos, então secretário da JUMOC – Junta de Mocidade Batista da Convenção Batista Brasileira - num encontro de jovens realizado na PIB de Marília, SP, dizer a frase “não lamente a escuridão, acenda um fósforo”. Nunca mais esqueci. Ela expressa bem a melhor atitude a ser adotada diante de situações adversas. O lamento pode até conseguir que alguém saiba de nossa dor e até sinta pena de nós, mas em si mesmo nenhum efeito surte sobre a realidade. Agir, por menor que seja a iniciativa, é melhor do que lamentar.

Foi nos textos de Rubem Alves que li a expressão “se é sorte ou azar, só o futuro dirá”. Referia-se a história de um homem que herdou uma terra encharcada de seu pai e os amigos disseram: “que azar o seu, seus irmãos ganharam terra boa e a sua pra nada serve”. Ele respondeu: “se é sorte ou azar, só o futuro dirá”. Veio uma seca, a terra dos irmãos arruinou, a dele ficou no ponto de produção. “Que sorte”, disseram os amigos. Ele respondeu: “se é sorte...”. Uma tropa de cavalos selvagens apareceu na propriedade e os amigos classificaram como sorte. Ele respondeu: “se é sorte ou ...”. O filho resolveu montar um dos cavalos e quebrou a perna. Os amigos classificaram como azar e ele respondeu: “se é sorte ou ...”.  O país entrou em guerra, o rei mandou convocar os jovens à batalha e o filho não foi, pois estava com a perna quebra. “Que sorte”, disseram os amigos. Ele respondeu: “se é sorte...”. Assim é a vida, concluiu R. Alves. Nada é definitivo. Não há porque se abater, não há porque se gloriar.

Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você”, escreveu Jean-Paul Sarte, impactando seus leitores. Todos vivemos experiências dolorosas provocadas por ações de terceiros. Alguns, por causa delas, carregam rancor pela vida afora, alimentam a autocomiseração e a raiz de sua amargura contamina a todos (Hebreus 12:15). O pensamento de Sartre, entretanto, nos ajuda a pensar que podemos transformar um azedo limão em uma deliciosa limonada. Basta mudar o foco.

No mundo tereis aflições”, disse Jesus, “mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. Ele disse isso desafiando-nos a, em meio à aflições, experimentarmos paz. É a paz que brota da confiança de que não estamos sós, pois ele nos deixou o consolador. Ele nos conduz à vitória, ainda que aparentemente não haja saídas.

O momento vivido pelo Brasil nos enche de incertezas e afeta nosso equilíbrio. Se não bastasse, nossa história individual traz consigo suas dores. Que escolha faremos? Ficaremos inativos? Lamentaremos? Nos desesperaremos? Ou enfrentaremos com coragem visando à superação?

segunda-feira, 16 de maio de 2016

As atitudes e o sucesso na vida



“Professores das primeiras séries nos dizem que precisam que as crianças cheguem a eles prontas para se sentar, se concentrar, lidar com as próprias emoções, ouvir orientações, colaborar e fazer amizades”, explicou Truglio. “Só então eles podem ensinar letras e números”  (Daniel Goleman, em “Foco, a atenção e seu papel fundamental para o sucesso”)


A falta de educação é, sem dúvida, o principal problema de nossa sociedade. Não digo a falta de educação que se revela em maus feitos, em “malcriações”, mas aquela que dificulta a construção de caminhos desejáveis para nós mesmos e à coletividade.



A falta de investimento no desenvolvimento de atitudes saudáveis em nossos filhos revela nossa ignorância. Investimos dinheiro oferecendo-lhes cursos diversos que, acreditamos, possibilitaria a eles se tornarem competitivos no mercado de trabalho e a terem seus seu sustento econômico-financeiro garantido, sem perceber que são as atitudes que eles aprendem a desenvolver em casa que os ajudarão a serem bem sucedidos naquilo que se propuserem a fazer na vida.



Goleman, acima citado, exemplifica sua tese mencionando o “teste do marshmallow” realizado pelo psicólogo Walter Mischel, na Universidade de Stanford. Nele, crianças de quatro anos foram colocadas numa sala, diante de guloseimas e receberam a seguinte informação: “você pode comer o seu doce agora, se quiser. Mas se não comer até eu voltar depois de resolver um problema, você poderá escolher dois doces”.

Tais crianças nada tinham a fazer na sala, senão olhar às tentadoras guloseimas. Cerca de 1/3 delas teriam pego imediatamente, 1/3 teriam esperado por intermináveis 15 minutos e as demais ficado entre um tempo e outro. Tais estudos prosseguiram e identificou-se que, na idade adulta, os mais bem-sucedidos eram os que manifestaram maior autocontrole.

Esse é um exemplo da importância do desenvolvimento de boas atitudes na vida de nossas crianças que podem ser cultivadas pelos pais em casa, através de atividades simples, mas essenciais.

Nesse “Dia das mães”, circulou nas redes sociais um vídeo em homenagem às mães que vale a pena ser visto  (https://www.facebook.com/4LifeResearchBrasil/videos/979360358785209/?pnref=story ). Nele, uma senhora está à procura de emprego e seu currículo é questionado em relação a um período em que ela dedicou-se a cuidar dos filhos. Depois de passar por experiências malsucedidas em seu objetivo, ela decidiu incluir no currículo as competências que desenvolveu no período que ficou em casa: 1) capacidade de assumir riscos; 2) capacidade de esforço e sacrifício; 3) comunicação e oratória; 4) gerenciamento de recursos; 5) capacidade de motivação; 6) organização e planejamento; 7) perseverança e constância e 8) trabalho em equipe e liderança. Tudo devidamente ilustrado no vídeo.

Por essas e outras, valorizemos mais o tempo em família. Nenhum investimento financeiro feito nos filhos será capaz de superar o tempo investido com eles em atividades que aparentemente nada significam, mas que, na verdade, são determinantes no desenvolvimento de atitudes essenciais ao sucesso na vida.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Mães



Faço ressalvas à maneira idealizada como nos referimos ao papel de mãe. É como se elas não fossem seres humanos limitados  pelas condições biológicas, psicológicas e ambientais. Essa idealização, embora seja com a intenção de reconhecimento, muita vez acaba se tornando um fardo difícil de ser carregado. Não podemos, entretanto, deixar de reconhecer a capacidade acima da média que elas possuem de superar desafios.

Elas são mulheres, esposas, profissionais, etc, porém, em que pese a capacidade de desenvolverem diversos papéis sociais, seguramente nenhum deles exerce mais força sobre sua vida do que o de mãe, diante de uma necessidade da prole.

Claro que as exceções existem, mas são exceções. O que prevalece é o sentimento de mãe dominá-las sempre que percebe os filhos em situação adversa.  É a primeira e instintiva reação. Somente razões muito fortes conseguem inibir o instinto materno de materializar-se e, ainda assim, isso não se dá sem que o coração aperte e elas sofram.

Elas abrem mão da vez, do sono, da comida, da agenda, do passeio, da profissão, se o que estiver em jogo forem necessidades dos rebentos. Toda a criatividade e energia são arregimentadas do mais profundo do seu ser e canalizadas em favor do bem estar do fruto de seu ventre.

Daí nosso apego, daí a poesia de Carlos Drummond de Andrade:

"Por que Deus permite
 que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
 
é tempo sem hora, 

luz que não apaga 
quando sopra o vento 
e chuva desaba, 

veludo escondido
 na pele enrugada,
 
água pura, 
ar puro, 

puro pensamento. 
Morrer acontece
 
com o que é breve 
e passa
 sem deixar vestígio.
 Mãe, na sua graça,

é eternidade.

Por que Deus se lembra
 - mistério profundo -
 de tirá-la um dia?
 Fosse eu Rei do Mundo,
 
baixava uma lei:
 
Mãe não morre nunca,
 
mãe ficará sempre
 junto de seu filho
 
 e ele, velho embora, 

será pequenino
 feito grão de milho."

Às mães, nossa gratidão. Às mães, nosso reconhecimento.