domingo, 27 de janeiro de 2013

Tragédia em Santa Maria

"...os jovens já deixaram a sua música. Cessou o gozo de nosso coração; converteu-se em lamentação a nossa dança..." (Lamentações 5:14-15).
 
As palavras do profeta foram proferidas em contexto diferente, mas os sentimentos despertados por elas são iguais aos que experimento agora. Refiro-me à tragédia que ceifou a vida de, até aqui, 233 jovens, além de deixar mais de uma centena hospitalizada, em Santa Maria, RS.
 
Poderia ter sido numa "igreja", afinal, efeitos especiais também são usados em muitas das programações realizadas em templos. Nelas também, em muitas celebrações, a juventude se aglomera, pula, dança, "enlouquece", sendo diferente, em alguns casos, somente na liguagem usada: numa a linguagem chamada "religiosa", noutra, "mundana".
 
Templos sem alvará de funcionamento ou com alvará vencido, igrejas realizando atividade com centenas de pessoas em espaço não autorizado para esse fim ou ainda a falta de atenção para medidas básicas de segurança em espaços ou atividades religiosas são comuns em nosso país. A diferença, em alguns casos, é que na "boate" é balada, na igreja, "embalada"; em Santa Maria a festa era chamada de "agromerado", em alguns templos bem que poderia ser "igremerados".
 
Digo isso porque não vejo como oportuno tirar-se proveito do ocorrido para criticar religiosa ou "moralistamente" o objetivo do evento no qual a tragédia ocorreu em Santa Maria ou discutir os motivos e objetivos dos que lá estavam. Isso é relevante, mas não no contexto de tragédia.
 
Se alguma crítica deve ser feita e isso no tempo oportuno, que seja pela imprudência dos que teriam permitido a entrada de mais pessoas do que deveria; pela falta de penalização, por parte dos órgãos públicos, pelo funcionamento com alvará vencido; por extintores de incêndio que não funcionaram ou mesmo pelo uso de pirotecnia de maneira imprudente e  ilegal. Reconhecendo, porém, que isso também acontece em templos religiosos, campos de futebol e em quase tudo mais em nosso país.
 
Lamento pelos jovens que partiram.
 
Lamento pelo sofrimento de familiares e amigos.
 
Lamento pelo potencial perdido pelo país.
 
Lamento porque não aprovamos medidas adequadas e quando aprovamos não as cumprimos nem penalizamos os (ir) responsáveis.
 
Lamento porque, quando o assunto deixar de render audiência à televisão, tudo cairá no esquecimento e continuaremos na indisciplina, na ilegalidade e na impunidade.
 
Lamento. Lamento. Lamento.

 

3 comentários:

Mônica GH 27 de janeiro de 2013 às 19:25  

Eu estava pensando exatamente isso. Não vejo porque criticar o local onde as pessoas estavam se o problema está na falta de fiscalização e planejamento de saídas de emergência.
Muito triste. Espero que sirva de lição para evitar futuros acidentes como este.

Anônimo 27 de janeiro de 2013 às 21:57  

É o meu pensamento também. Nossos jovens, nossas vidas, nossos aglomerados, nossos lugares, nossas leis... Todos precisam ser repensados e nunca esquecidos. Amém, Edvar!

Pr. Eli M. Diniz 28 de janeiro de 2013 às 10:54  

A vida destes que ali estavam, é um aviso a todos que conhecendo Cristo, ainda não entenderam que é nossa missão dar ao que procuram sentido para vida, que só em Cristo este sentido se estabelece. Oremos pelos que ficaram marcados de maneira direta e indireta neste fato. Pr. Eli.