segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Ajustes inevitáveis em 2014 na IBGraça.SSA

O ano de 2014 começa com uma perspectiva de mudanças, no mínimo no estilo de liderança, na caminhada da IBGraça.SSA. É que, em relação ao final de 2012, 100% dos ministros de área não serão os mesmos.

Para os mais novos, recordo que trabalhamos em torno de 7 áreas ministeriais. Elas são “guarda-chuvas” de todas as atividades desenvolvidas pela igreja. Em outras palavras: nenhuma atividade oficial da igreja acontece se não estiver ligada a uma destas áreas: adoração, administração, atuação social (CECOM), comunhão, ensino, pastoral e proclamação.

Cada área, além de um ministro, possui 3 membros (+ 3 suplentes) que formam um conselho de área. A finalidade e atribuições de cada conselho estão descritas no Regimento Interno da Igreja. Como os membros destes conselhos são renovados anualmente em 1/3, sempre há, também, possibilidade de mudanças internas nos ajustes de forças.

Costumo dizer que os conselhos de áreas são os aceleradores da igreja. A forma, a disposição, a disponibilidade, o estilo, enfim, de cada ministro, determinam o ritmo como cada área se comporta.

Evidente que a velocidade do vôo de cada área também é determinada pela qualidade e quantidade de membros dispostos a trabalhar e dos recursos financeiros disponíveis. Mas, mesmo havendo pessoas e recursos financeiros, são os líderes que acabam por determinar o ritmo da caminhada.

Além disso, o ritmo também é influenciado pela sinergia entre as diversas áreas. Igreja é corpo. Se uma área correr demais sem levar em conta as demais, o corpo manifestará seu desconforto e pode até adoecer. Nesse sentido, em primeira reunião de ministros, ficou preestabelecido que os eventos deverão ser como que de todos, independente da natureza e de que área o promove, visando o fortalecimento e unificação das ações.

Uma diferença nesta nova composição do Conselho de Ministros é que todos os 7 exercem o controle do seu próprio tempo (isto é, não são empregados com carga horária e horários rígidos). Isso torna suas agendas mais flexíveis e possibilita maior regularidade nos encontros. Um café semanal, nas quartas-feiras, antes do culto, já ficou pré-agendado, fato que permitirá maior interação.

Em face disso, é fundamental que a igreja tenha um pouco de paciência, especialmente neste início de ano, pois, certamente, todas as áreas sofrerão adequações, ainda que isso seja feito com a devida cautela. Peço atenção destacada para a área de adoração, responsável pelos cultos, especialmente no que se refere a som e data-show. Estamos atentos a algumas necessidades e, na medida da urgência possível, serão corrigidas.


Sobretudo, contamos com suas orações e reconhecimento de que, embora por imposição legal tenhamos características empresariais (lidamos com patrimônio, contabilidade, obrigações trabalhistas, fiscais, previdenciárias enfim), somos uma instituição de natureza religiosa, cuja finalidade não é produzir resultados numéricos, shows ou lazer, por exemplo, mas contribuir para uma melhor qualidade nos relacionamentos com Deus, com o semelhante e com o meio ambiente onde a vida se desenvolve, à luz da vida e ensinos de Jesus. 

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

O Dia do Natal


A comemoração do Natal sempre gerou controvérsias. Desde sua origem, quando a Igreja Católica resolveu substituir as celebrações do nascimento do Deus Sol pelo nascimento de Jesus, até o presente quando, por exemplo, no Uruguai, por razões políticas (separação Igreja - Estado) o Dia do Natal é oficialmente o Dia da Família , ou, por razões comerciais, especialmente nos Estados Unidos, Feliz Natal tem sido substituído por Boas Festas, ou ainda, por razões puristas, fundamentalistas abominam a festa por considerá-la pagã, a controvérsia sempre existiu e existirá.

Acredito que o mais importante é que o Natal seja revestido de gratidão a Deus por manifestar-se na pessoa de Jesus. Se movidos por esse sentimento nos presenteamos, nos reunimos em comunhão, celebramos e isso provoca desdobramentos econômicos, comerciais, políticos, não importa. Até porque nada nesta vida acontece isoladamente, sem afetar diversas dimensões dela. 

O importante é não perdermos o foco: "Deus amou o mundo de tal maneira que enviou seu filho unigênito para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna".

Natal é isso. Celebração do amor de Deus, manifesto em Jesus. O resto é recheio. Recheio é bom, mas o que sustenta é a essência e a essência do natal é Jesus. 

Essencial, também, é que o reconhecimento de Jesus não seja apenas um discurso de Natal, mas o parâmetro de nossa caminhada cotidiana, com todas as suas implicações dentro das limitações do contexto sócio-histórico-psicológico de cada um.

Tenha um ótimo Dia de Natal.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

É Natal em Lajedinho


Natal é Natal. Uns pensam no significado teológico, outros, no sociológico, no econômico, no comercial, no lúdico e assim por diante. Não vem ao caso aqui discutir o verdadeiro, o essencial ou o que é prioritário no Natal. É que, independente do significado escolhido, priorizado, ninguém está imune às influências dos demais significados.


Dos que se utilizam das razões mais espirituais aos que se movem estritamente pelas materiais, todos, em maior ou menor grau, são envolvidos pelo clima deste período do ano. Seja pelas luzes coloridas, pelas músicas da estação, pela agitação nas ruas, pela superlotação dos shoppings, enfim, seja por qual motivo for, o fato é que o perfume do natal se espalha pelo ar.


Este ano, porém, o Natal não será o mesmo em Lajedinho. Famílias não se reunirão em torno da antiga mesa; cristãos não se unirão em cânticos sob o antigo teto; presentes não serão comprados nas antigas lojas; crianças não dormirão nas antigas camas à espera do presente sob a árvore de natal; comidas não serão preparadas no antigo fogão, pessoas não circularão com desenvoltura nas antigas ruas. Alguns nem mais poderão abraçar entes queridos. Outros estarão chorando pelos que partiram de forma tão dramática. É que uma tromba d’água devastou esta cidade de 4000 habitantes, da Chapada Diamantina.

Estava aqui com meus botões pensando em como estarei neste natal. Mantidas as condições atuais, estarei ao lado de quem amo; poderei presentear os filhos, embora distantes; darei e receberei telefonemas de felicitações; ouvirei música coral, congregacional e mensagens num auditório climatizado e até participe de uma “ceia de natal”.


Porém, honestamente, não estou me sentindo confortável em usufruir tudo isso, sem levar em conta a situação daqueles que estão sofrendo, especialmente os de Lajedinho. Não posso fazer de conta que nada está acontecendo, inclusive porque, hoje são os moradores de lá, amanhã poderá ser os de cá.

Sendo assim, gostaria de fazer duas propostas: 1) que, neste Natal, a oferta de gratidão que no domingo passado recomendamos ser para reformarmos a cozinha-refeitório, seja para enviarmos socorro àqueles que sofrem em Lajedinho; 2) que o mesmo valor que formos gastar com nossas festas familiares seja dedicado aos que estão vivendo o drama de Lajedinho.


Deus, depois, nos dará os recursos para continuarmos nossos projetos não emergenciais. Alguém apóia?

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

De Deus não se zomba

Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá. Quem semeia para a sua carne, da carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos. Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé. (Gálatas 6:7-10)

De Deus não se zomba. 
Essa frase não visa amedrontar-nos. Seu objetivo é chamar nossa atenção para o fato de que Deus conhece profunda e detalhadamente nossas motivações, nossos objetivos; que, embora a liberdade seja a marca do cristão, como tão bem Paulo esclarece aos Gálatas, isso não significa que estamos livres das consequências das leis por Deus estabelecidas. Elas continuam vigendo e produzindo seus efeitos.

Ela – a frase do título em epígrafe - não quer dizer que Deus está em constante observação, avaliação e definição de recompensas para cada um de nós. Indica que há princípios que devem ser observados se quisermos construir ambientes favoráveis ao desenvolvimento social humano e da vida como um todo.

Vale destacar, ainda, que Paulo não está discutindo a graça divina nem o problema filosófico do mal, mas a responsabilidade humana e as consequências das escolhas que fazemos, das ações que praticamos. Está mostrando, portanto, que há uma relação íntima entre o que fazemos e as consequências disso, inclusive no campo da ética.

Daí ele nos lembrar que, no exercício de nossa liberdade, devemos ter consciência de estarmos nos permitindo agir norteados pelo Espírito Santo ou por um desejo interior que desconsidera sua presença em nós, denominado “carne”. Para traduzir e detalhar melhor a idéia que apresenta, ele exemplifica mencionando elementos que caracterizam as duas alternativas.

Pessoas norteadas por desejos que desconsideram a presença do Espírito Santo têm sua conduta caracterizada por “imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciumes, ira, egoismo, dissenssões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes” . Já as que se permitem dominar pelo Espírito se caracterizam por: “amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio”.

Claro que essas listas não abarcam todas as manifestações e o significado e aplicação de cada palavra delas precisam ser analisados em profundidade, mas são suficientes para exemplificar as consequências das diferentes escolhas que fazemos.

Não se deve imaginar também que a presença ou ausência de elementos de uma ou outra lista na vida de uma pessoa seja tão distinta como preto ou branco, oito ou oitenta. Nossas limitações possibilitam que elementos das duas se manifestem ocasionalmente. Porém, a pessoa movida pelo Espírito Santo têm consciência desses caracterísiticos e não agem cinicamente quando os da “carne” prevalecem.


Sim, de Deus não se zomba. Não há ação sem reação. Não há decisão sem consequências. Pense nisso!

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O apagão na Câmara dos Deputados Federais

O apagão na região nordeste ganhou as manchetes na tarde de 28 de agosto, não somente pelos prejuízos incalculáveis à economia, mas também pelos danos físicos e morais que decorrem da falta de energia, num mundo que gira em torno das turbinas de hidroelétricas.

Prejuízo maior, porém, ocorreu no final da noite do mesmo dia, no plenário da Câmara dos Deputados em Brasília. Escondidos sob a máscara do voto secreto, a maioria dos representantes de interesses corporativistas, por ação ou omissão, decidiu manter em seus quadros o primeiro deputado federal - Natan Donadon (PMDB-RO) - condenado pelo Supremo Tribunal Federal, na “Nova” República.


A população, talvez com os olhos fitos nos jogos de futebol da quarta-feira à noite, pareceu não se dar conta do que significaria o atentado cometido pelos deputados contra o país. Não percebeu, pelo menos não a julgar pela inicial falta de reação, o significado ético e político da referida decisão.

Primeiro, a decisão indica que, no Brasil, nem todos são iguais perante a lei. Ora, se o STF condena um indivíduo, depois de um processo que levou anos tendo o réu todas as chances de se defender; se vivemos sob a “Lei da Ficha Limpa” que impede condenado por órgão colegiado a candidatar-se; se um funcionário público pode ser demitido após sentença judicial transitada em julgado, como podem os deputados preservar como representante do povo um criminoso que já está atrás das grades?

Segundo, a decisão não afirma o legislativo como um poder independente, mas como um poder que afronta o povo que deveria representar, que desrespeita a decisão daqueles que têm o poder para colocar atrás das grades qualquer indivíduo julgado e condenado, independente de serem ou não, os juízes, susceptíveis – e são – de influências políticas.

Terceiro, a decisão indica desrespeito aos milhões de empobrecidos deste país que trabalham e pagam impostos não para sustentar família de criminoso com prestígio, que está atrás das grades, mas na expectativa de ter melhor saúde, educação, segurança, etc.

Quarto, a decisão indica à sociedade que o crime compensa. Que um indivíduo é condenado por ter roubado milhões do dinheiro de altíssimos e sem retorno impostos pagos por nós, não devolve um centavo – até onde ouvi -, e sabe que, após passar alguns anos atrás das grades, voltará ao cotidiano e usufruirá do fruto do seu ato criminoso para o resto da vida.

Quinto, a decisão confirma o que a população já percebeu: se eles mantêm em seus quadros um bandido, quando poderiam expurgá-lo, isso evidencia um ato de precaução a favor de si próprios, por possível consciência (consciência?) de rabo preso.

Sétimo, a decisão indica um total desrespeito ao mínimo de postura ética esperada por aqueles que são eleitos para trabalhar por um país mais justo, no qual a corrupção deveria receber adequada e exemplar punição.



Lamento, profundamente, a decisão dessa quarta-feira, 28 de agosto e, em meu círculo de relacionamento, me empenharei para transformar esse lamento em ações contrárias a esses “homens de máscara”, mais perigosos do que os chamados “vândalos de junho”, eleitos por nossos votos e sustentados pelo fruto do nosso trabalho, que cometeram tamanho atentado contra todo um país.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

E eu com isso? (Insegurança, transporte, Igreja e valores espirituais)

No texto “Quién vació las iglesias”, o español Alfonso Ropero defende a tese de que o esvaziamento das igrejas na Europa não teria como causa o surgimento das teologias rotuladas como conservadoras ou liberais. Para ele, as teologias (maniqueisticamente) assim rotuladas, teriam surgido do esforço bem intencionado de teólogos cristãos, empenhados em responder a profundas questões existenciais que brotaram no coração do povo, decorrentes de fatores político-econômicos, como é o caso da Europa, assolada por duas guerras mundiais.

Ele defende, também, que as novidades intelectuais e teológicas não são causa de transformações sociais, são eco. As mudanças sociais acontecem de forma lenta e imperceptível movidas por “N” fatores e, somente depois, são conceituadas por acadêmicos e especialistas. As novidades teológicas seriam, então, mais produto do que agentes de mudanças.

Bem, em que pese o texto, disponível no meu blog, ser provocativo e bastante interessante pra quem lida com temas acadêmicos, inclusive teologia, não é sobre ele que quero escrever. Apenas associei-o ao que está acontecendo em nossa igreja. Vamos lá.

Neste primeiro domingo de setembro, depois de muita resistência, passamos a iniciar o culto do domingo à noite, trinta minutos antes. Alguns defendem que deveria ser 1h30 antes. Éramos uma das poucas igrejas com perfil semelhante ao nosso, em Salvador, que se mantinha fiel à tradição de 19h30. Razão da mudança? Mudança no perfil da cidade, decorrentes de novas realidades sociais.

Há oito anos e meio, quando cheguei a Salvador, o culto do domingo à noite tinha uma freqüência maior do que o da manhã. Hoje, pela manhã, pessoas ficam em pé, outras tantas desistem antes de estacionarem, enquanto o da noite teve a freqüência diminuída. Causa apontada? Aumento visível nos índices de violência e dificuldades na mobilidade urbana.

Ensaiar corais, bandas ou realizar reuniões nas noites da semana tornaram-se mais difícil. A mobilidade tornou-se um inferno e, como 80% da membrezia mora a mais de 5 kms de distância, com concentração de pelo menos 50% a dez, na região da Pituba, querer sair do trabalho, ir pra casa tomar banho e jantar, pra depois participar de ensaios ou reuniões, tornou-se cronologicamente impossível, em face dos gargalos de engarrafamentos na hora do rush.

A não participação, outrora justificada somente como falta de compromisso espiritual, ganhou um aliado de natureza social. A existência de cantina, antes criticada por alguns como “comércio no templo”, vai se tornando unanimidade. Até a famigerada e criticada impontualidade cultural ganhou um amigo: o trânsito.

Não é por acaso, por exemplo, que o tempo do brasileiro metropolitano em frente ao computador ou televisão é diametralmente oposto ao gasto na “calçada”, numa roda de amigos, ou mesmo participando de atividades na igreja.

Ao final de uma reunião com o governador do Estado, depois de alguém levantar a influência da inversão de valores espirituais nas manifestações de junho passado, lembrei que não há como separar cultivo de valores espirituais das realidades sociais. Sem transporte ou mobilidade de qualidade e em meio à insegurança, por exemplo, até mesmo a presença nos cultos é prejudicada.

Portanto, precisamos entender que não podemos fechar os olhos às realidades sociais. Discursos que fortalecem valores espirituais, sem empenho em ações que contribuam para torná-los realidade nas estruturas nas quais a vida se desenvolve, são como fé sem obras.

A mudança no horário do culto indica que estamos perdendo a “guerra” contra a violência, inclusive por ainda não equacionarmos adequadamente a relação entre interesses individuais e os da coletividade. Quem pode sufoca e se sufoca no “engarrafamento” com seu próprio carro e, quem não pode, se sufoca “enlatado” dentro de um ônibus ou se “enjaula” em casa. No final, todos estamos perdendo.


E eu com isso?

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Batistas e a Lei de Gerson

“Por que pagar mais caro se o “Vila” me dá tudo o que eu quero... ? Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também...” (Gerson, da seleção tricampeã do mundo de futebol, em propaganda veiculada em 1976)

Ainda tenho na memória a escalação da Seleção Brasileira vencedora da copa de 70. Dentre os campeões, lá estava Gerson, o “canhotinha de ouro”. Infelizmente, lembro-me dele não somente pelas belas jogadas. Lembro-me, também, de que, em 1976, ele protagonizou um comercial de cigarros – atletas deveriam ser proibidos de fazer propaganda de fumo e bebida alcoólica – no qual popularizou um slogan que norteia a vida de muita gente, das quais, alguns batistas: “o importante é levar vantagem em tudo”.

A cultura da Lei de Gerson se consolida em nossas igrejas quando enfatizamos mais (e, pior, distorcidamente) Malaquias 3:10-11 do que II Coríntios 8 e 9 (NVI). Alguns enfatizam o dar para abastecer a “casa do Senhor” (leia-se, NOSSA igreja) e, como conseqüência, sermos abençoados com RETORNO garantido e multiplicado do NOSSO investimento.

Diferente, porém, era a ênfase paulina. Nela os crentes davam:
1.  Movidos pela graça (II Cor. 8:1)
2.  Em meio a severa tribulação e extrema pobreza (II Cor. 8:2)
3.  Dando o que podiam e além do que podiam (II Cor. 8:3)
4.  Insistindo para ter o privilégio de dar (II cor. 8:4)
5. Como consequência da entrega que fizeram de suas vidas a Deus( II Cor.8:5)
6.  Pelo simples privilégio de contribuir (II Cor. 8:7)
7.  Com sinceridade e dedicação ((II Cor. 8:8)
8.  Empobrecendo-se para enriquecerem outros((II Cor. 8:9)
9. Proporcionalmente ao que possuíam (II cor. 8:11)
10. Com prontidão, não hesitação (II Cor. 8:12)
11. De forma justa (II Cor. 8:13-14)
12. Porque os líderes eram éticos e zelosos na administração (II Cor 8:16-22)
13. Com objetivo de honrar ao Senhor (II Cor. 8:19)
14. Com generosidade, não com avareza ( II Cor. 9:5)
15. Visando uma colheita abundante para o Reino (II Cor. 9:6)
16. Não por obrigação, mas por alegria (II Cor. 9:7)
17. Visando acréscimo de graça e boas obras (II Cor. 9:8)
18. Visando atender necessitados, não a si mesmos (II Cor. 9:9)
19. Cientes de que Deus não deixaria que nada lhes faltasse (II Cor. 9:10)
20. Visando o aumento da generosidade individual e glorificação a Deus (II Cor. 9:11)
22. Visando suprir as necessidades alheias e aumentar o sentimento de gratidão (II Cor.9:12)
23. Como manifestação de serviço, testemunho de obediência e generosidade (II Cor. 9:13)
24. Porque o retorno seria o amor dos que eram abençoados (não aumento patrimonial próprio) (II Cor. 9:14)

Em termos denominacionais, o espírito de “levar vantagem em tudo” revela-se quando perguntamos: “que vantagem levamos ao cooperar com a Convenção?”, em vez de perguntamos: “quem estamos abençoando ou abençoaremos com a nossa cooperação?”. Convenção não é consórcio, muito menos Fundo de Investimentos. Não cooperamos para levar vantagem, mas para abençoar vidas. Daí as palavras de Jesus: “Mais bem aventurado é dar do que receber” (At.20:35).

Se os que estão administrando os recursos NÃO manifestam o mesmo cuidado manifestado por Paulo (II Cor.8:16-22), tenhamos a coragem de apontar o que precisa ser melhorado, de dizer como isso pode ser corrigido e, não havendo resposta, de destituí-los. Jamais, porém, usar isso para justificar atitude egoísta, egocêntrica, de quem só pensa em “levar vantagem em tudo”.

É verdade que, dentre as finalidades de uma Convenção, está a de apoiar as igrejas, equipando-as para melhor desenvolverem seus ministérios, o que deve ser feito, predominantemente, através da oferta de educação por suas organizações (no caso da Bahia, AECBA, AMUBAB, CENTRE, Integração Comunitária, JUBAB, Seminários, UFMB e UMMB).

A finalidade primeira dessas organizações não é, portanto, fazer o que é papel das igrejas, mas capacitar as igrejas para que façam ainda melhor. Se não cumprem seu objetivo, apontemos as deficiências, as soluções e nos disponibilizemos para fazer (até porque ficar num pedestal, à distância, apontando falhas dos outros é fácil!). Aos líderes das organizações, por nós eleitos, cabe planejar estrategicamente, avaliar e apontar caminhos. Seus cargos não existem como trampolim para carreira “ministerial”, espaço de manifestação de egos envaidecidos ou meio de angariar prestígio político visando benefícios próprios.

Pastor, se sua relação com a Convenção é na expectativa de levar alguma vantagem própria, é hora de rever sua relação com Deus e o próximo, à luz de II coríntios 8 e 9. Talvez nisto esteja a causa de problemas em sua igreja: os membros agem com ela, da mesma forma que seu líder com a Convenção.

Quando ouço de pastores que se beneficiaram de educação no mínimo subsidiada pela Convenção; que exercem ministério em igrejas plantadas com dedicação e know-how de outras igrejas; que se abrigam em templos construídos com esforço alheio e, da noite pro dia, sob alegação de desejo democrático dos membros, resolvem roubar esse patrimônio – história, gente, organização e prédios – visando seus próprios interesses, o que é isso senão uma manifestação da Lei de Gerson?


Creia: você e sua igreja não levam vantagem alguma sendo fiéis à cooperação denominacional porque não é isso que devem visar.  Se a finalidade de todos fosse essa, o sistema não subsistiria. A cooperação se mantém há séculos porque há batistas  - homens e mulheres - que não se dobram à Lei de Gerson. Sabem que, onde ela é tolerada, o resultado não pode ser outro: enfraquecimento e destruição do sistema.

domingo, 28 de julho de 2013

Com quem estamos brigando?

Não brigamos com conceitos, nem mesmo com o conceito instituição. Conceitos não nos ferem, não nos tornam amargos, não nos agridem, não nos demitem, não nos roubam, não nos depõem de cargos ou funções, não fazem nossas almas sangrar e protestar usando atitudes, palavras ou ações.

Quem nos fere não são os tijolos que recebem o nome de uma instituição, nem suas paredes que abrigam nossas vidas, nem organograma de sua estrutura organizacional, nem o dinheiro por ela angariado, nem a documentação que sustenta sua contabilidade, nem os equipamentos usados para o seu desenvolvimento.

Instituição é, antes de tudo um conceito. Pode  referir-se à família, igreja, escola, empresa com fins econômicos, enfim, mas sem poder em si mesmo para nos transtornar a ponto de reagirmos, de entrarmos em processo de colisão com ela ou mesmo difamá-la usando todos os meios acessíveis de veiculação de sentimentos e pensamentos.

Brigamos, sim, com pessoas. (Separar uma pessoa dos conceitos que a norteiam pode ocorrer apenas para fins didáticos, não na realidade. Idéias sobrevivem quando há quem delas se beneficie). São as pessoas que  nos machucam ao nos marginalizar; ao nos impedir de nos expressarmos; ao não devolver com afeto o afeto que a ela dedicamos; ao sufocar nossa criatividade; ao não satisfazer nossos instintos ou nossos anseios ou não concordar com o modo como queremos expressá-los; ao fazer prevalecer seu modo de perceber, sentir, pensar e agir no mundo sobre a nossa maneira de ser.

Sim, é contra pessoas que brigamos. Pessoas que fazem as intituições. Mas é muito mais fácil, politicamente menos desgastante, reagir atacando a instituição do que enfrentarmos àqueles que efetivamente nos magoaram. É tão complicado reconhecer, publicar o nome, encarar enfim quem nos atingiu que generalizamos atacando ou renegando um conceito que não têm vida autônoma, que se concretiza e se desenvolve somente através de gente.

Tenha certeza. Sempre que vir, ouvir ou sentir alguém atacando um conceito, inclusive o "instituição", acredite: em sua história com tal instituição, provavelmente alguém dela o feriu. Feriu seu orgulho, sua auto-estima, sua imagem, seu nome, seus interesses (legítimos ou não), sua vida...

Quando brigamos com uma instituição e não com quem dela nos fez (faz) mal, ferimos também pessoas que nenhum mal nos fizeram.  O fato de não termos contado com a simpatia ou apoio político da maioria de seus integrantes em defesa de nossa causa, ou não nos enxergarmos no rosto da maioria de seus participantes, justificaria agredir a todos?

Atacar a instituição pode até funcionar como um tipo, digamos, de "catarse", mas não corrige a pessoa  que feriu nossa alma, nem recupera o relacionamento. Discursar contra  uma instituição, além de não atacar o problema em sua origem, ainda tem o efeito colateral, repito, de ferir pessoas que dela fazem parte, mas com quem não tivemos atrito algum.

Isso não é um discurso em defesa de instituição, qualquer que seja. É uma indicação para que identifiquemos quem nos feriu, com quem estamos realmente brigando, a quem queremos de fato atingir, a fim de que resolvamos diretamente com ela nossos problemas.

Foi o pai, a mãe, o cônjuge que nos feriu? Resolvamos com ele, mas atacar a instituição família parece-me um equívoco. Foi um pastor, um padre, um pai de santo, um médium, um diácono, um lider de uma instituição religiosa que nos feriu? Admitamos seu nome, reconheçamos o mal que nos fez, invistamos na cura da amargura que contamina em vez de atacarmos ineficazmente a instituição da qual ele participa ou lidera.

Fazendo isso, não apenas nos libertamos da dor que nos escraviza, que consome inutilmente nossas energias e criatividade, mas também evita que firamos, repito, quem nenhum mal nos fez, tratando-o como "farinha do mesmo saco".

Com quem estamos brigando, só nós mesmos podemos dizer. Se não estamos conseguindo identificar a pessoa que nos fez mal, que procuremos ajuda profissional em busca de cura para nossa alma. Fazendo isso salvaremos a própria vida e aumentaremos significativamente a possibilidade de sermos mais felizes e vivermos melhor com quem nos cerca.

(Em tempo: Já me envolvi em algumas "brigas", umas legítimas outras talvez nem tanto, umas acertadas outras equivocadamente. Não  as procuro,  mas "não fujo à luta" se acredito nos valores  que as envolve, empenhando-me mais em focar o centro do que a periferia dos problemas).

domingo, 14 de julho de 2013

A Convenção Batista Baiana e as manifestações do povo brasileiro nas ruas


Posicionamento da Assembléia Anual da Convenção Batista Baiana reunida em Juazeiro, de 25 a 29 de junho de 2013, sobre as manifestações políticas da população brasileira, naquela semana: 

"1 – Considerando as recentes manifestações pacíficas e ordeiras que tem acontecido em todo o território nacional; 

2 – Considerando que a maioria dos pleitos dessas manifestações são por demais justos e urgentes e dizem respeito a necessidades básicas do nosso povo, como, saúde, educação segurança pública, mobilidade urbana e justiça social; 

3 – Considerando que a insatisfação popular com a corrupção e a má utilização de recursos públicos campeia coincide com a nossa mensagem por justiça; 

4 – Considerando que a reclamação por uma reforma política é um pleito necessário para o bom andamento do país e tem sido um dos gritos das ruas, os Batistas Baianos reunidos em Assembleia na cidade de Juazeiro, Bahia, resolvem: 

1 – Declarar apoio à mobilização popular pacifica e ordeira;

2 – Denunciar que a corrupção é uma prática nefasta que dentre outras
agruras impede a maioria da população, especialmente a menos favorecida, de
ter acesso à serviços básicos com qualidade, como saúde, educação,
segurança, saneamento básico e transporte; 

3 – Declarar que é dever de todos combater a corrupção com veemência, seja aperfeiçoando as leis para que se tornem mais rigorosas, seja colocando o aparato do Estado em prontidão para efetivar o cumprimento dessas leis; 

4 – Reforçar o pedido das ruas para uma reforma política com participação popular;

5 – Repudiar toda forma de violência nas manifestações; 

6 - Declarar a nossa alegria em perceber que o “Gigante adormecido Acordou” e que os nossos jovens acordaram, saíram do marasmo, assumindo a sua vocação à esperança e se motivaram para lutar, visando construir um país mais justo."

(Este documento foi elaborado por convencionais, apresentado à Comissão de Assuntos Eventuais, na forma do Regimento Interno, apresentado à Assembléia e aprovado por unanimidade.)

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Algo estranho no ar


Algo está acontecendo,
há um sentimento no ar.
A gente não vê, 
a gente não ouve, 
a gente não toca, 
mas o coração capta e, 
por mais que palavras não sejam pronunciadas, 
ações, 
gestos, 
e até a ausência deles,
denunciam, 
e o silêncio declara,
eloquentemente, 
que há algo no ar.

Há algo no ar com cara feia.
Rosto invisível,
Homem invisível,
Mulher invisível,
Criança invisível,
Som inaudível
Sentimento perceptível.
Notícia não dada,
Preanunciada,
Já conhecida,
Mas desacreditada.

A alma sente,
Os olhos lacrimejam,
A garganta sofre um nó,
O corpo reage,
Mas parece inevitável.
Há algo acontecendo,
Sua cara é feia,
Bonita,
Triste,
Alegre,
Dolorida,
Prazerosa,
Mas terá que ser enfrentado.
Mesmo não sabendo
Quem é
Porquê é
Por quem é
E carregar consigo 
a certeza de que algo aconteceu.
E alojar, pra sempre,
Uma dúvida,
Nas profundezas do coração,
Destilando seu veneno,
Amargo ou doce, talvez,
Gota a gota.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Vinte centavos versus bilhões de reais RAZÕES. O povo brasileiro vai às ruas!

“Vocês estão transformando o direito em amargura e atirando a justiça ao chão ... Vocês oprimem o pobre e o forçam a dar-lhes o trigo. Por isso, embora vocês tenham construído mansões de pedra, nelas não morarão; embora tenham plantado vinhas verdejantes, não beberão do seu vinho ... Pois eu sei quantas são as suas transgressões e quão grandes são os seus pecados. Vocês oprimem o justo, recebem suborno e impedem que se faça justiça ao pobre nos tribunais...  Eu odeio e desprezo as suas festas religiosas; não suporto as suas assembléias solenes. Mesmo que vocês me tragam holocaustos e ofertas de cereal, isso não me agradará. Mesmo que me tragam as melhores ofertas de comunhão não darei a menor atenção a elas. Afastem de mim o som das suas canções e a música das suas liras.. Em vez disso, corra a retidão como um rio, a justiça como um ribeiro perene!" (Amós 5:7,11-12,21-24)
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos”. (Mt 5:6)


O mundo enviou suas “câmeras” ao Brasil para ver craques nas até bilionárias novas arenas de futebol construídas em tempo recorde, mas acabou sendo surpreendido vendo o povo nas ruas expressando seus sentimentos de contrariedade. A Rede Globo de televisão, detentora dos direitos exclusivos de transmissão dos jogos da Copa das Confederações está tendo que dobrar-se diante de outras emissoras que, até por força das circunstâncias, estão priorizando o povo nas ruas, mobilizados através das Redes Sociais.

Se o motivo das manifestações fosse somente os “20 centavos” de aumento nas passagens de ônibus, já seria de bom tamanho. É que 20 centavos, multiplicados por milhões de passageiros, significa maior concentração de recursos nas mãos de uns poucos proprietários de empresas que oferecem péssimo serviço e, vez por outra, são denunciados como fonte de financiamento de partidos em eleições para defenderem seus interesses, mini retrato de um dos principais círculos viciosos da corrupção no país.

Há quem diga que muitos vão às ruas sem saber bem a razão. E daí? Isso não é demérito. Nem sempre sabemos com clareza as causas das nossas dores. Muita vez agimos como bebes incapazes de elaborar pensamentos, de expressar o que sente através da linguagem oral, por isso, instintivamente, apela para gritos e choro. “Bem aventurado os que choram...” (Mt. 5). E se não são ouvidos por reconhecimento de suas necessidades, o são pela inconveniência dos gritos, bem ao estilo da viúva perseverante diante do juiz ímpio, da Parábola de Jesus (Lc. 18).

Claro que na medida em que o movimento nas ruas cresce, crescem também as tentativas de elaboração discursiva do que está ocorrendo. Nesse processo de elaboração o discurso torna-se, inevitavelmente ideologizado, colocando-se a serviço dos interesses, das crenças, dos valores de quem discursa. Ainda assim a manifestação merece nosso apoio.

Alguém está feliz vendo, por exemplo, a Transnordestina ou o Metro de Salvador que nunca são concluídos quando arenas de futebol recebem bilhões de financiamento e são levantadas rapidamente? Alguém está feliz quando, diante de ininterruptas denúncias terríveis de corrupção no país, políticos propõem a PEC 37 conhecida como PEC da impunidade, que visa tirar o poder de investigação criminal dos ministérios públicos federal e estaduais, modificando a constituição? Alguém está feliz com as notícias diárias de assaltos de aposentados em saídas de bancos; de pais que perdem filhos assassinados; de aumento no tráfico de drogas? Alguém está feliz com serviços públicos educacionais e de saúde? Claro que não!

Isso tudo não é problema de um partido. Na verdade é problema de todos eles, pois o próprio Sistema Eleitoral, contrário às necessidades da população, é mantido por eles que não manifestam disposição para mudá-lo! Iludem-se, portanto, aqueles que acreditam que a solução está somente nas escolhas que fazemos nas urnas, inclusive porque nelas apenas ratificamos ou não os nomes de candidatos eleitos pelos partidos por sabe-se lá que critérios.

Antes de tudo, claro, devemos orar pelas autoridades, conforme recomendou-nos Paulo (I Tim. 2). Jamais, porém, isso deve ser usado como ideologia para o silêncio ou acomodação dos cristãos. Cabem também as palavras de Jesus dadas como resposta aos que pediam que os discípulos se calassem: "se eles se calarem, as pedras clamarão." (Lc 19)!

Uma vez que, no final das contas, vivemos num Estado Democrático de Direito e, portanto, os problemas da sociedade são nossos, são de cada um de nós, manifestar-se nas ruas é um meio ética e legalmente legítimo, um importante meio de expressão de insatisfação. Mas não devemos ficar só nisso!


terça-feira, 11 de junho de 2013

O vai e vem da vida (Nossa gratidão a Odílio e Marina pelo bem que nos fizeram)

Quando adolescente, viajei muito de trem, especialmente em intercâmbios de jovens pelo interior de São Paulo. Gostava da Estação Ferroviária, tanto que, muita vez, ia até ela de bicicleta só para ver o movimento. Ali observava a reação das pessoas, os abraços apertados, os risos estampados no rosto, as lágrimas derramadas, as cabeças colocadas do lado de fora das janelas, as mãos que se levantavam dando adeus e até a indiferença daqueles que apenas passavam no trem sem qualquer vínculo com as pessoas da estação.

O pregador, no Eclesiastes, disse que há tempo para tudo na face da Terra. Dentre os exemplos mencionados, bem que poderia ter incluído que há tempo de chegar e tempo de partir, pois isso também é parte destacada de nossa caminhada de vida.

Milton Nascimento e Fernando Brandt colocaram muito bem em poesia esta experiência que nos faz “sorrir e chorar” quando compuseram:

“Todos os dias é um vai e vem
a vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar 
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim chegar e partir
são só dois lados
da mesma viagem
O trem que chega
é o mesmo trem da partida
A hora do encontro
é também despedida”

Um dia Odílio e Marina chegaram. Alegramos-nos ao recebê-los, enquanto nossos irmãos da PIB de Maceió choraram por perdê-los. Agora, enquanto a IB do Farol, também em Maceió, se alegra por recebê-los, nós aqui ficamos,  chorando a perda.

Assim é a vida. O mesmo fato que gera riso, pode também gerar lágrimas. Tudo depende de como nosso coração se posiciona em relação a ele. O importante é não ter medo de rir ou de chorar. É saber que “pode a tristeza durar todo o anoitecer, mas a alegria, ela vem ao amanhecer”. É reconhecer, portanto, que a vida é cíclica e que nenhum momento deve ser encarado de maneira absoluta. Nem a dor da partida, nem a alegria da chegada são absolutas. Assumi-las, portanto, vivendo-as na intensidade necessária parece-nos a atitude adequada.

A consciência do ir e vir da vida e da dor e alegria que eles produzem devem nos ajudar a viver da melhor maneira possível os relacionamentos que a vida nos oferece. Os atritos são inevitáveis, pois não há relacionamento que não seja conflituoso, mas, como disse o autor bíblico, “tanto quanto possível, vivam em paz com todas as pessoas”.


Com Odílio e Marina vivemos a diversidade de experiências que a vida proporciona, mas, sem dúvida, as prazerosas foram em quantidade muito maior e, justamente por isso, as lágrimas da despedida são proporcionais a elas. Daí, nossa gratidão a Deus por tê-los tido conosco nesses pouco mais de sete anos.

 

Igreja Batista da Graça: Identidade, desafios e perspectivas

Creio que estamos vivendo um momento de crise na Igreja Batista da Graça. Não crise no sentido popular da palavra, entendida como momento de conflitos, disputas ou tensão, mas no sentido de oportunidade.

Graças a Deus o ambiente reinante na Igreja é de paz, porém, como escrevemos anteriormente (Boletim de 04 de abril, “Para onde está soprando o Espírito”, disponível no “Blog do Edvar”), uma coincidência de fatores “oportunizou-nos” um momento de reflexão.

Na ocasião, identificamos a necessidade de preencher, simultaneamente, a vacância nos cargos de: 2º vice-presidente (Norton foi pastorear em São Luis - MA); Ministros de: Adoração (Odílio está indo pra Maceió), Proclamação (Palova, concursada, foi pra Itamaraju), Administração (Valdir está recuperando-se de cirurgia delicada) e Pastoral (cargo ocupado por Delor que está à frente da Congregação no Ogunjá com pouca disponibilidade para o exercício das atribuições) ; vice-presidente do CECOM (Taitana está indo pra São Luis - MA); tesoureira do CECOM (Eliana transferiu-se para IB Caminho das Árvores), Celson, coordenador da Escola de Futsal do Cecom (saúde de Nélia que também é atuante no Ministério de Ensino e Cecom, está impossibilitada de atuar e faz falta).

Essas vacâncias geram, por si só, inevitável mudança, pela forte influência do perfil do dirigente no cumprimento das atribuições do cargo.

Diante disso, há 8 anos e 4 meses à frente da igreja (e 11 meses na presidência da Convenção Batista Baiana) decidi fazer uma auto-avaliação e percebi, também, uma oportunidade de reavaliarmos nossa caminhada como Igreja, visando reorientar-nos.

Assim sendo, estamos propondo que reavaliemos nossa identidade, desafios e perspectivas.

Em relação à identidade, não nos referimos aos princípios batistas que nos caracterizam como igreja, mas às declarações de Missão, Visão Estratégica, Valores, além da identidade visual. A reavaliação poderá alterar ou não o todo ou parte desses elementos.

Em relação aos desafios, reavaliaremos o perfil social, econômico, geográfico e histórico da igreja e suas implicações práticas, à luz da pessoa de Jesus Cristo e declarações que nos norteiam a partir dele. Cada membro será chamado a manifestar se enxerga e como enxerga cada um dos sete guarda-chuvas sob os quais se abrigam os ministérios da Igreja (Adoração, Administração, Comunhão, Ensino, Pastoral, Proclamação e Serviço) e quais são os problemas que precisariam ser enfrentados.

Quanto às perspectivas, consideraremos para onde queremos ir, qual seria nosso nível de disposição espiritual e disponibilidade de recursos individuais e coletivos, a fim de desenvolvermos nossas vidas e ministério próximo de um ponto imaginário que compatibilize o desejável com o possível.

Como metodologia, os membros se manifestarão por escrito, em formulário padrão (inclusive por e-mail), até 07 de julho e finalizaremos a consulta no sábado, 13 de julho, com programação e forma de inscrição a serem publicados até 16 de junho.


Contamos com suas orações e empenho.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Pessoas pelas quais nossa vida passa


Há pessoas pelas quais nossa vida passa e arrasta consigo algo precioso, mesmo quando isso ocorre rápida ou superficialmente. São pessoas quase anônimas, de quem ações totalmente rotineiras deixam uma forte impressão em nossas almas. Nossas vidas passam por suas vidas, mas suas vidas não passam das nossas. Antes, nelas deixam impregnado algum tipo de sentimento misterioso.

Passamos pelo tempo, mas é como se elas fossem o tempo e quando vamos passando elas continuam nos acompanhando. Basta uma simples recordação e elas se apresentam por inteiro. Isso nada tem a ver com gênero, mas com alma. São generosas, bondosas, gentis, cuidadosas, cujo simples sorriso dispensa o riso e diz mais do que milhares de palavras.

Milhões de pessoas passam por nós e se enterram em avalanches de esquecimento. Elas, porém, irrompem por uma fresta, revigorando nosso sentimento. Geralmente são pessoas que não buscam reconhecimento. Fazem o que nos fazem pelo simples prazer de fazer. Mas esse prazer é tão contagiante que mil luzes parecem iluminá-las sob holofotes, diante de um imensa platéia.

São pessoas notáveis que não buscam ser notadas, mas quando pelo tempo vamos passando, elas nos tocam e fazem brotar lembranças suaves, porém gigantescas que enchem de endorfina, serotonina, tudo que chamamos nosso ser. E, embora passemos pelo tempo, o tempo com elas se confunde e sofremos só de imaginá-las descoladas de nós.

Ai de nós se não fossem elas, essas discretas, porém poderosas e amáveis pessoas, quando passamos pelo tempo.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Mães que sofrem


“Então Rispa, filha de Aiá, pegou um pano de saco e o estendeu para si sobre uma rocha. Desde o início da colheita até cair chuva do céu sobre os corpos, ela não deixou que as aves de rapina os tocassem de dia, nem os animais selvagens à noite.” (II Samuel 21.10)

Ela não era responsável pelos problemas de Israel, pelo menos não no sentido que entendo. Na verdade, ela acabou sendo uma espécie de Bode Expiatório. Explico:

Israel passava por um período de fome que já se prolongava por 3 anos, durante o reinado de Davi. A explicação para isso, de acordo com a cosmovisãoreinante à época, era que Saul seria o responsável.Isso porque Israel, sob a liderança de Josué, havia feito um acordo com os Gibeonitas (Josué 9) que se dispuseram a servi-lo para terem suas vidas poupadas.O acordo foi firmado a partir de uma mentira, é verdade, mas foi selado.

Ocorre que Saul, em seu reinado, visando preservar os interesses de Israel decidiu exterminá-los. Não pesquisei a causa, mas não podemos descartar a hipótese de que isso se deu porque Saul, diferente de Josué, percebeu que os gibeonitas não eram de confiança.

Erro ou acerto, o fato é que se cria firmemente que a fome era conseqüência da quebra do acordo (feito sob fundamentos de mentiras) e, se Israel não reparasse o erro de Saul, ela não acabaria.

Davi deixou que os Gibeonitas dissessem como o mal feito por Saul poderia ser reparado. Eles, então, pediram a execução de descendentes de Saul. Assim foi feito: Dois filhos de Mispa e 5 de Merabe, portanto, dois filhos e 5 netos de Saul.

A consumação desse desejo não foi uma execução qualquer. Foi um ritual religioso em um monte, “perante o Senhor”, onde os corpos ficaram estendidosOgibeonitas que se deram bem mentindo para Josué, agora saem por cima,sacrificando 7 descendentes de Saul a fim de que os tempos de fome passassem.

O amor de mãe, entretanto, roubou a cena. Sofrendo muito, o que não é difícil de imaginar, Rispaestendeu um saco numa rocha e ficou ao lado dos corpos dos filhos, vigiando para que não fossem comidos por aves de rapina. Ela acabou sendo o“Bode Expiatório”, pois foi sobre seus ombros que recaiu todo o “pecado de Israel”, toda a dor pela perda dos filhos.

Mesmo o sofrimento dos filhos sacrificados, certamente não poderia ser comparado ao sofrimento daquela que os acalentou por longos nove meses, os amamentou, os higienizou, os acariciou, os ensinou a falar e andar e os educou. Sim, seus filhos foram mortos, mas ela ficou com a dor, segundo a crença narrada, pelos pecados deSaul, pelos pecados de Israel. E Davi, nesse caso,uma espécie de protótipo de grande parte dos nossos atuais governantes, faz um gesto simbólicode consolo que não altera a realidade: resgata os ossos de Saul e Jonatas que estavam em mãos inimigas e os traz para Zela, terra de Benjamim. 

Isso continua ocorrendo sob nossos conformados olharesNão mais por uma cosmovisão equivocadade Deus e da natureza, mas por um olhar ingênuo sobre as causas da violência e da impunidade reinantes em nosso país.

Enquanto isso, milhares de mães, além de sofrerem a perda de seus filhos, se consomem lentamente pelo descaso dos que são altamente competentes sob os holofotes televisivos, visando “marketing político”, mas que, de fato, no cotidiano de seus poderes, parece-nos passarem os dias arquitetando o que fazer, não em favor do povo, mas para manterem-se em seus poderosos e bem remunerados cargos nas eleições seguintes.