segunda-feira, 30 de julho de 2012

Democracia, liberdade de Imprensa e Religiosa - 26.07.12 - 95/100 dias de oração pelo Brasil

Enganam-se aqueles que acreditam que democracia, liberdade de imprensa e de religião são temas consolidados que, portanto, não devem merecer nossa atenção.  Na verdade, sempre haverá conspiração contra, simplesmente porque são relacionados a uma das maiores dificuldades humanas: lidar com o poder.

A luta pelo poder é constante. É algo a ser decidido a cada momento de nossas vidas. E as três áreas citadas não ficam fora disso, muito pelo contrário.


Há, por exemplo, defensores da democracia, desde que ela lhes favoreça. No momento em que a prática da democracia diminua seu poder para manter sua vida do jeito que acredita que deveria ser, que venha a ditadura.


Democracia não é somente o direito que temos de eleger nossos representantes ou aqueles que vão dirigir os rumos da sociedade em que vivemos. É também participar das escolhas de quem vai concorrer aos cargos; é ter acesso à todas as informações relacionadas ao uso do dinheiro que pagamos em impostos para manutenção da boa qualidade de nossas vidas; é poder interferir quando algum dirigente não faz aquilo para o que foi eleito; é poder lutar para que a justiça e a solidariedade prevaleçam em todos os tipos de relacionamentos sociais, por exemplo. Nesse sentido, a democracia brasileira é um bebe.

A democracia batista, tão decantada em nossos livros e discursos, não fica atrás. Somos um retrato do meio no qual estamos inseridos e, a despeito das afirmações teóricas que fazemos sobre o assunto, ainda não somos, seja nas igrejas ou instituições denominacionais, aquilo que poderia ser chamado de modelo de democracia que desejamos para o pais.


Isso se dá também na "imprensa batista".  Nela também não somos aquilo que discursamos ou que elogiamos em determinados momentos da história. A liberdade de imprensa ocorre desde que seja para elogiar dirigentes, fortalecer a propaganda daquilo que nós dirigentes acreditamos ser o melhor ou, pelo menos, para não tocar em pontos nevrálgicos do funcionamento da máquina. Exatamente como acontece na imprensa brasileira.


A imprensa é um campo de futebol onde, de um lado estão seus dirigentes, do outro, aqueles que discordam deles. Do outro lado das 4 linhas, esclareço, pois dentro delas, é como pelada de amigos para arrecadar fundos.


A internet está democratizando a informação, mas há países que a tem sob controle. E não pensem que no nosso não exista quem queira controlá-la!!! Controlar a imprensa é controlar a informação e controlar a informação é deter o poder.


Quanto a liberdade de religião, somos defensores dela, desde que seja para divulgar nossas crenças. Uma "despretenciosa" proposta apresentada na última assembléia da Convenção Batista Brasileira, definindo que nossos seminários deveriam passar a imagem de que são conservadores, demonstra bem a atenção que a liberdade de religião merece. Hoje a idéia aparentemente inocente é apenas fortalecer a imagem de conservadores (há quem enxergue virtude em abrigar-se sob rótulos ou tira proveito disso, sem aprofundar seus significados políticos na história). Amanhã define-se "piedosamente" quem pode ser considerado conservador. No final, resta a fogueira para quem for classificado pelos detentores do poder da "santa inquisição", como não sendo conservadores.


Visitei, sábado passado, "El Museu de la Inquisicion", em Córdoba, Espanha. Sai meio que deprimido com o que vi. A fogueira pareceu-me sobremesa, diante dos instrumentos usados para torturar "hereges". Ler como cada um era usado e em que casos era aplicado fez minha alma doer. Sai ainda mais convencido da importância de lutarmos pela liberdade religiosa, inclusive nos arraiais batistas. Precisamos orar e vigiar para não permitirmos, sob que motivos forem, que a liberdade de pensamento e crença seja ameaçada, dentro e fora da denominação em nosso país. A ausência dela já causou muito dano ao longo da história.


Abraços do seu pastor,

Funcionário Público - 25.07.12 - 94/100 dias de oração pelo Brasil

Orar pelos funcionários públicos é orar por uma parcela significativa da população. Há fontes que indicam que são 12% do total de empregos do país. São alguns milhões de pessoas, pagas com dinheiro do nosso trabalho recolhido através de impostos, que trabalham para fazer funcionar uma imensa máquina chamada Brasil.
Da qualidade do trabalho que desenvolvem, depende muito a qualidade de vida que experimentamos.

Orar por eles, é também orar por nós. Não somente porque é difícil encontrar uma família no Brasil que não tenha um, mas porque dependemos profundamente deles. Basta fazermos uma análise superficial do nosso dia a dia e identificaremos cada ponto no qual a ação de um deles determina a continuidade de nossas atividades.

Critica-se muito a quantidade de funcionários públicos no Brasil. Não acredito que nosso problema seja quantidade. O problema é a qualidade, fato que ocorre não somente na área pública. O problema na área pública é que, por tratar-se de emprego cujo grau de estabilidade é muito maior do que na empresa privada, há um abuso e desrespeito proporcional à tal estabilidade de parte dos contratados.


Falo de parte porque há muito funcionário público, seja do Executivo, Legislativo ou Judiciário, que trabalha com seriedade e da o seu melhor em seu cargo. Muita vez não faz melhor porque o próprio sistema ou quem o dirige não é de boa qualidade.


Há também áreas da administração pública na qual a qualidade dos serviços é reconhecida. Curiosamente, a de maior destaque é a da arrecadação financeira. A Receita funciona com uma eficiência que merece destaque. Se a eficiência da saúde, da educação e segurança, por exemplo, fosse semelhante à da Receita Federal, seríamos um país de primeira.


A pergunta que fica é: por que a Receita conseguiu este padrão e as demais áreas não? Se ela funciona bem, por que as outras não? Ficam essas perguntas para nossa reflexão, neste momento de oração pelos Funcionários Públicos.


Abraços do seu pastor,

Crianças que vivem nas ruas - 24.07.12 - 94/100 dias de oração pelo Brasil

Caminhávamos por uma das ruelas de Granada, Espanha, na semana passada e nos deparamos com uma mãe cigana, comum na região, tendo nos braços uma criança e pedindo ajuda. Ela expunha seu bebe como meio de sensibilizar os passantes, visando conseguir algum dinheiro. Não emito juizo de valor sobre a ação da referida mãe. Exceção em Granada, mas comum na realidade brasileira, serve como indicador de como crianças podem ser usadas. Se crescem sendo usadas para pedir dinheiro nas ruas, excepcionalmente poderão trilhar por caminhos melhores. Pelo contrário, a tendência é utilizar-se de meios piores para sobreviver.

A questão que me incomoda é geralmente ouvir pessoas dizendo da mãe: - olha aí, tão nova, poderia estar trabalhando, mas fica pelas ruas pedindo dinheiro. É certo que há pessoas que, por razões que não vêm ao caso, decidem ir às ruas pedir esmola, em vez de buscar trabalho. Mas é certo, também, que a maneira como a sociedade está estrutura e a maneira como se exerce o poder e se usa o dinheiro público são fábricas de pessoas nestas condições.


As crianças são sempre vítimas. Elas dependem de adultos saudáveis que lhes ofereçam condições de vida saudáveis, que lhes ensinem o caminho por onde trilhar, que lhes alimente de esperança, de confiança e lhes diga, com seus exemplos, que vale a pena amar, trabalhar, viver enfim, de maneira respeitosa consigo e com seu semelhante.


A questão de crianças nas ruas, portanto, não é um problema a ser resolvido exclusivamente por seus pais. Seus pais são os primeiros responsáveis por elas, mas se eles não tiverem acesso à renda que, por razões éticas, deve ser compartilhada de maneira socialmente justa, se não tiverem aesso à educação e saúde de qualidade; se não tiverem condições de usufruirem de habitação, segurança, transporte, enfim, de qualidade, não adianta reclamarmos da presença de crianças nas ruas e muito menos ter "pena" delas.


Se o evangelho que anunciamos não enxerga o corpo das pessoas, não visa suas vidas concretas e se elas são "vistas" apenas como uma substância a ser protegida do inferno futuro, um número a ser acrescentado numa relatório, numa relação de membros, num relatório financeiro, de nada adianta orarmos pelas crinças que vivem nas ruas.


Não seremos melhores do que a mãe que usa um bebe para pedir esmolas, se criarmos instituições para acolher crianças desamparadas apenas como jogada de marketing, para ter o que dizer na hora de levantar recursos financeiros junto aos membros das igrejas. Se não nos conscientizarmos de maneira clara, objetiva, inequívoca, que cooperar efetivamente para uma sociedade mais justa, deve ser uma filosofia ministerial permanente, constante, envolvendo assistência, serviço e ação social, não seremos em nada melhores do que a mãe citada no início desta reflexão.


Abraços do seu pastor,

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Crianças e Adolescentes Exploradas Sexualmente - 23.07.12 - 92/100 dias de oração pelo Brasil

Comecemos orando pelas famílias próximas de nós. Digo isso porque boa parte da exploração sexual começa dentro de casa e de casa de gente que não aparenta ser exploradora. É praticada por pais, tios, irmãos mais velhos ou amigos íntimos da família. E o dano que isso causa é incalculável.

Um dia desses li algumas críticas contra Xuxa por ter confessado publicamente que foi abusada no início da adolescência, mas não falou de suas fotos pornográficas, nem dos filmes dos quais participou contracenando eroticamente com crianças. E daí? Se ter feito coisa errada na vida servir de impecilho para reconhecermos erros, todos teríamos que silenciar em muitas áreas. Já ouvi pastores combatendo ferozmente a leitura de revistas pornográficas, mas já as tinha lido; combatendo ferozmente o namoro misto, mas eles mesmos namoraram; combatendo ferozmente o "ficar", mas aprontaram muito com namoradas. Porque são incoerentes, eles não servem de exemplo para nós. Se eles silenciarem, também não. A questão é: o ato denunciado é nocivo? Se sim, apoiemos a denúncia.


A denúncia é o ponto. A incoerência seria ponto de outro tópico. Se colocá-los juntos enfraquece a denúncia, tratemos cada um sepadaramente.


Se Xuxa não disse tudo de sua vida ou se o que disse foi usado para alavancar audiência, isso não nega o fato de que, o abuso sexual de crianças e adolescentes deve ser combatido e todas as iniciativas que servirem para consicientizar-nos disso devem ser valorizadas.


Só quem já presenciou a dor de alguém que desabafa um abuso sexual sofrido, sabe o quanto é importante nos posicionarmos contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. É de doer o coração. Causa profunda indignação.


Na verdade, devemos ser contra qualquer tipo de abuso. Abuso de autoridade. Abuso econômico. Abuso religioso. E tantos outros, além do sexual. Mas  abuso de criança e adolescente deve mercer cuidado especial, pelas limitações próprias de suas idades.


Oremos e lutemos, por todos os meios ao nosso alcance, contra a exploração sexual de crianças e adolescentes!


Abraços do seu pastor,

Infanticídio de crianças indígenas - 22.01.12 - 91/100 dias de oração pelo Brasil

As vezes fico invocado com alguns defensores da cultura. São radicais contra a chegada do evangelho em tribos, pois isso, dizem, destrói a cultura indígena. Mas silenciam quando, por razões culturais, crianças são mortas nas tribos porque apresentam "deficiências" ou são "gêmeas" ou até mesmo mães são mortas por serem tidas como promíscuas, simplesmente porque seus filhos nasceram com anomalia, como descreve Eli Leão Catachuga, da etnia Ticuna, no livro "100 dias que impactarão o Brasil".

Concordo que há evangélicos e Evangélicos, religiosos e Religiosos, mas há alguns defensores da cultura que se igualam aos evangélicos do tipo que criticam, justamente por não serem capazes de discernir o trigo do joio no meio evangélico ou por serem preconceituosos, pois sabem que não são todos farinha do mesmo saco, mas insistem em generalizar.


Ora, todos sabemos que cultura é algo que se constrói, que se cultiva. Se constrói com base em crenças, pensamento, sentimento, valores, enfim. Mas se as crenças sofrem alteração com base em avaliações dos prejuizos que provocam à vida de indivíduos ou sociedades, a cultura tem mesmo que ser mudada.


Por mais que valorizemos a cultura de um povo, se há elementos nocivos, por que devemos silenciar? Por que não podemos influenciar na mudança? Se alguém está usando isso como meio de exploração, que se combata a exploração, não a possibilidade de se exercer mútua influência. A não ser que creiamos que não exite o saudável e o nocivo, o bom e o ruim, pois tudo é puramente uma questão cultural ou de ponto de vista. Se é isso, então a discussão deveria se dar em outro campo.


Claro que devemos orar pelas milhares de crianças brasileiras que não vivem em tribos indígenas e são mortas. Mas hoje, o foco são as crianças indígenas que nascem em tribos nas quais podem ser mortas por razões que nenhuma sociedade minimamente evoluida aceita mais. E se isso acontece em território brasileiro, sob nosso nariz, à despeito das proibições legais, silenciar por razões culturais é o cúmulo. Ou não?


Abraços do seu pastor,

sábado, 21 de julho de 2012

Instituições que trabalham com crianças - 21.07.12 - 90/100 dias de oração pelo Brasil

Há quem defenda que não seja papel da igreja trabalhar com crianças empobrecidas ou em situação de risco. Defendem que cabe ao Estado cuidar das questões sócio-economicas do país. À igreja, dizem, cabe o papel de cuidar das almas (no sentído medieval da palavra, não psicológico ou mesmo bíblico-teológico). A igreja, dizem, deve cuidar do futuro, impedindo que pessoas vão morar no inferno, trabalhando para que aceitem ir morar no céu.

Este tipo de compreensão é fruto muito mais de alinhamento político-ideologico com o poder político e econômico do que reflexão sobre a vida e ensinos de Jesus. Além disso, coloca seus defensores na mesma condição do sacerdote e do levita, da Parábola do Bom Samaritano.


Entendo que, em primeiro lugar, compete aos
pais trabalharem para que seus filhos tenham boas condições de vida. A responsabilidade número um, portanto, é dos pais. Entretanto, os pais não vivem numa ilha. Suas vidas são fruto de todo um contexto sócio-cultural. A educação e condições de vida que receberam e a cosmovisão de mundo que desenvolveram se deram num contexto em que há pessoas de todo tipo. Pelo fato de ser característico do ser humano, a luta pelo poder sobre o outro, a defesa de interesses particulares em detrimento dos públicos, a competição sem ética, sempre haverá quem acumule muito (dinheiro e poder) e quem fique sem nada. O desequilíbrio social torna-se realidade, se não houver elemento atento e regulador.

Nesse contexto, além dos pais nem sempre conseguirem dar o que não lhes foi dado, há também circunstâncias de vida que tornam desfavoráveis a estabilidade familiar. Uma enfermidade, um desemprego, um acidente, enfim, uma série de fatores contribue para que famílias estejam sujeitas a problemas e nem sempre consigam recuperar a condição de oferecer aos filhos o que eles necessitam.


Cabe então, ao
Estado, criar ambiente favorável à vida  de todos os cidadãos, especialmente das crianças. Ele deve adotar políticas que favoreçam o equilíbrio das famílias e assim elas possam cuidar bem de seus filhos, de nossas crianças.

Só é aceitável o Estado criar instituições e designar recursos para ajudar crianças em situações excepcionais. Via-de- regra, ele deve oferecer à família, condições favoráveis ao seu desenvolvimento, a fim de que ela não precise receber esmolas do Estado. Quando, entretanto, o desequilíbrio está estabelecido, como é o caso do nosso pais, é óbvio que o Estado precisa intervir visando recuperar as condições necessárias ao desenvolvimento autônomo de cada família. Que caminho técnico usar é o X da questão. Daí as diferenças ideológicas nos modelos econômicos que cada país adota.


Onde as
igrejas entram nisso?  As igrejas, atentas à realidade que as cerca, não podem passar de fininho como se nada estivesse acontecendo. Há um problema social com nossas crianças, ou seja, a quantidade de problemas está acima do nível considerável aceitável e o Estado não está dando conta de sua parte, seja porque razões forem.

Nesse caso, não só a igreja, mas todas as pessoas e instituições devem se mobilizar. Mobilizar-se através de atuação política mais contundente, visando otimizar a administração da coisa pública e do uso dos recursos disponíveis; trabalhar para reduzir a probabilidade de corrupção e estender as mãos - ofercendo assistência e educação - aos que são vítimas de um sistema social que não oferece condições para que o cidadão tenha acesso a educação, saúde, transporte, habitação, renda, etc..


As igrejas podem, então, fazer um bom papel, dando o peixe nos casos de emergência; ensinando a pescar, nos casos em que a integridade da pessoa não está em risco e conscientizar sobre as causas dos rios não estarem produzindo peixe em quantidade suficiente ou de alguns conseguirem mais peixes do que outros.


Vibro cada vez que vejo uma igreja fazendo algo pelas crianças. Cada uma deve encontrar sua forma de cooperar, dentro dos recursos financeiros, humanos, estruturais que dispuser. O que não podemos é ficar dando ouvido a uma teologia alienante, cujos defensores transformam igrejas apenas em nicho para vender seus livros e suas conferências "teológicas", a pretexto de fidelidade à palavra de Deus.


Fidelidade à palavra de Deus é amar ao próximo como a si mesmo, é não deixar que seja feito com as crianças dos outros aquilo que não gostaríamos que fosse feito com nossas crianças.


Abraços do seu pastor,

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Crianças -"Não as impeçais"! - 20.07.12 - 89/100 dias de oração pelo Brasil

Crianças são seres humanos.
Em estágio de vida diferente dos adultos, mas seres humanos.
Responsabilidades diferentes dos adultos, mas seres humanos.
Reações diferentes dos adultos, mas seres humanos.
Isso parece óbvio, mas não para todos e em todos os tempos. Nos tempos de Jesus, como as mulheres, elas não eram contadas. Isso indicava que não tinham o mesmo valor que os homens. Daí os discípulos dificultarem o acesso de uma mulher a Jesus que, além disso, queria levar uma criança para ser abençoada.
Jesus, quebrando mais um paradigma, reage: "não as impeçais".

"Não as impeçais" não é o mesmo de "deixem que façam o que quiserem". Significa que seus direitos devem ser reconhecidos. No caso de Jesus, os discípulos lhes negava o direito de serem abençoadas.


Por que elas não poderiam sequer ser abençoadas por Jesus? Porque Jesus era por demais importante, bastante assediado por adultos e, sendo elas seres de segunda classe, não deveriam incomodá-lo. Esse era o pensamento por detrás da decisão deles. Errado, mas assim a cultura foi introjetada em suas mentes. (Preservar a cultura é algo bom, desde que os valores que elas apresentam sejam saudáveis ao indivíduo e à sociedade como um todo).


Jesus via de outra forma.

As crianças são frágeis, mas seres humanos.
Não desenvolveram a capacidade física para se defenderem, mas seres humanos.
Não têm autonomia econômica para sobreviverem, mas seres humanos.
Não têm pensamento amadurecido para decidirem, mas seres humanos.
Não têm maturidade emocional para se autocontrolarem plenamente, mas seres humanos.
Sim, seres humanos que merecem todo o nosso respeito e cuidado.

Portanto, as palavras de Jesus precisam ser vistas não somente como um incentivo à evangelização de crianças, no sentido de proporcionarmos a elas o direito de conhecerem um evangelho que lhes garante uma salvação no futuro, mas também o evangelho que reconhece e, por isso, valoriza seus direitos de serem salvas das maldades e equívocos humanos no presente.


Não as impedí-las de ir a Jesus, para ouvirem e conhecerem, por exemplo, o "sermão do monte" que lhes ensina direitos e deveres conferidos por Deus, para viverem a vida de maneira saudável. Conhecerem, portanto, não só o direito ao céu, mas à vida, em todas as dimensões, como manifestação da graça e do amor divinos.


Abraços do seu pastor,

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Profissionais da Educação - 19.07.12 - 88/100 dias de oração pelo Brasil

É oportuno orarmos hoje pelos profissionais da educação. Sempre é oportuno orar por eles. Todos dependemos e continuaremos dependendo deles para bem viver. Quem ensinou os que atuam nas profissoões mais rentosas? Quem ensinou os que atuam nas profissões mais influentes da sociedade? Quem ensinou os profissionais mais procurados do mercado? Foram os profissionais da educação. Profissionais de outras áreas contribuem para a educação em estágios mais avançados. Você já ouviu falar de engenheiro, advogado, médico, economista, administrador, etc., ensinar no ensino fundamental? Você tem idéia de quantos dessas e outras profissões atuam no ensino médio? Pois é, atuam geralmente em graduação ou pós!

Uma das causas possíveis para a baixa remuneração dos profissionais da educação seria a lei da oferta e da procura. O fato de atuarem numa área cuja oferta de mão de obra é sempre maior do que as vagas disponíveis (não das necessárias), a tendência seria a desvalorização salarial.  Se é assim, por que o Estado não atua como regulador, como faz em relação às safras de alimentação ou ao valor do dólar? A resposta parece simples: nossos governantes se guiam por resultados de curto prazo, com efeitos políticos e financeiros imediatos e a educação é investimento de longo prazo que traz poucos efeitos eleitorais. O problema, portanto, é político-cultural.

Diante da desvalorização, o perfil dos profissionais da educação é um retato perfeito do comportamento de todos nós. Entre trabalhar no que se gosta e no que dá dinheiro, a segunda opção é sempre a escolhida, pois ter dinheiro possibilita ter e fazer coisas que podem compensar o desprazer de trabalhar naquilo que não seria a opção número 1. Os que insistem em fazer o que gostam ficando na educação são minoria. Assim, a sociedade perde, cada vez que alguém que seria ótimo profissional da educação opta por seguir por outro caminho por razões financeiras. E perde também, quando os que gostam e permanecem na educação trabalham insatisfeitos com a remuneração que recebem.

Se esse raciocínio estiver correto, somente um reposicionamento de cada cidadão, na hora de escolher seus dirigentes, poderia mudar o rumo das coisas. O caminho seria procurar candidatos que tanto reconhecem (comprovadamente e não discursivamente) a importância da educação quanto reconhecem que há um problema de mercado. Eles poderiam atuar no sentido de encontrar e aplicar mecanismos de regulação, visando valorizar os profissionais da educação. Aqui surge novo problema: nós não participamos dos partidos, apenas ratificamos, nas urnas, nomes por eles disponibilizados. E eles, em sua maioria absoluta, bondosamente falando, estão preocupados em nomes que os garantam no poder,
para usufruirem dos benefícios financeiros decorrentes, não em interessados na promoção de mudanças.

Lanço então a criação do Partido da Educação. Já pensou? Só poderia fazer parte dele quem manifestasse clara e inequivocamente interesse pela valorização da educação, em todos os seus aspectos, incluindo, portanto, o profissional da educação. Se você topar, já podemos marcar a primeira reunião para estruturar o projeto!


Enquanto sonhamos, oremos pelos profissionais da educação e ajamos, através dos meios existentes e pensando nos que podem ser criados, a fim de que eles - os profissionais - se sintam apoiados, devidamente valorizados e comprometidos com trabalho e mudanças necessários no sentido de construirmos um pais no qual os valores do Reino predominem.


Abraços do seu pastor,

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Moradores e Frequentadores das Cracolândias - 18.07.12 - 87/100 dias de oração pelo Brasil


Guaracy, parece que este era o nome da primeira pessoa usuária de drogas com a qual tive contato direto. À época, nós jovens da Igreja Batista de Garça, SP, colocávamos nos ombros uma caixa de som, empunhávamos a Bíblia e uma guitarra - acreditem, já toquei guitarra  -  e íamos à praça da cidade fazer o que era conhecido como "culto ao ar-livre". Depois, fazíamos um arrastão levando pessoas ao culto.

Guaracy era atento. Participou de cultos, chorava durante e depois. Tomou a decisão de iniciar uma nova vida seguindo a Jesus, mas não se libertava das drogas. Era filho de família tida como rica e, participar de igreja "protestante" era um desafio a mais a ser vencido. A última notícia que tive foi que ele teria morrido sem libertar-se das drogas.


Depois disso, já no Recife, acompanhei à distância a luta pela implementação do Desafio Jovem do Recife. Pr. Joel Bezerra, então seminarista e hoje presidente da Convenção Batista Baiana, era o nome que marcava, entre nós seminarista, o desafio de realizar este trabalho, num tempo em que o uso de drogas ainda não se constituia um problema social como hoje.


Hoje, drogas são um problema social. É difícil encontrar alguém que não tenha um familiar ou conhecido próximo que não seja vítima semimorta ou, no mínimo, usuário a caminho do matadouro. Todos conhecemos, de perto, os males que o uso de drogas produz na vida do indivíduo, da família e da sociedade em geral.


Cracolândia é a manifestação similar do que acontece na vida comercial e, agora também, na religiosa. Vendedores de produtos semelhantes se instalam na mesma rua, seja para comercializar carros, equipamentos de som ou a fé, por exemplo. Cracolândia, então, é a concentração do comércio numa mesma rua, numa mesma região. Da mesma forma como a religião se deixa levar, acriticamente, pelo modelo empresarial, o mesmo ocorre com o comércio das drogas. A diferença é que, no comércio de produtos vendidos legalmente, a evidência da presença dele é o enriquecimento dos comerciantes enquanto, no caso das drogas, é o apodrecimento dos consumidores.


Por razões que não vêm ao caso, o fato é que "cracolândias" (terras do crack e não Vila Belmiro) se espalham visivelmente pelo país. E nós, como donos de casa que enxugam o chão onde torneira com problema no vedante está pingando, em vez de trabalhar para consertá-la, apenas repetimos o trabalho dia após dia.


Dou graças a Deus pelos que estão enxugando o chão, enquanto a torneira continua com problema. Oro, entretanto, para que consigamos enxergar as causas do problema (espirituais, existenciais, sociais, familiares, enfim) e nos empenhemos, também, na solução delas.


Abraços do seu pastor,

Sistema Único de Saúde - 17.07.12 - 86/100 dias de oração pelo Brasil

Não sou especialista em sistema de saúde, nem me detive em estudar o assunto. O que direi a seguir é fruto de observação de caso e diálogo com usuários. Abro espaço, então, para que se sintam ainda mais à vontade para criticar e fazer ajustes ou reparos no que colocarei.

O sistema de saúde dos Estados Unidos tem estado no centro das discussões políticas daquele pais há anos. Uma de suas marcas é a não existência de hospitais públicos gratuitos (da mesma forma que não existe universidade pública gratuita). Em princípio, todos pagam pelos serviços utilizados. Para alguem não desembolsar pelo pagamento de serviços recebidos nos hospitais, é preciso que comprove sua incapacidade de pagamento
de acordo com requisitos legais, mediante documentação e entrevistas concedidas a assistentes sociais .

A filha de um casal amigo passou mal e  foi levada ao hospital municipal de Broward, no sul da Flórida. Passou 2 ou 3 dias sob exames rigorosos. Ao final constatou-se que era um rotavirus. Após receber alta, as contas começaram a surgir. Cada médico, laboratórios, enfim, que participou do processo enviou sua fatura que, somadas, ficaram em torno de 9 mil dólares. O pai foi atendido pela assistente social e, por não atender os requisitos legais, teria que pagar. Poderia negociar a quantidade de parcelas para quitar as dívidas com cada credor (médicos, laboratórios, enfim), mas teria que pagar.

Detalhe: ninguém deixa de ser atendido. Se alguém chega enfermo, primeiro vem o atendimento, depois se fala em pagamento. Se não pagar, o sistema judiciário é mais ágil e as leis duras com o devedor.

O modelo dinamarquês, por exemplo, tem suas diferenças. Há saúde pública e gratuita. Os impostos no país giram em torno de 50%, mas o atendimento é de qualidade.

Tenho algumas informações desses dois paises porque tenho filhos morando em ambos (e já morei por pouco tempo no primeiro). O que há em comum entre o modelo norte-americano e o dinamarquez é que, em geral, a pessoa é atendida com respeito nos hospitais, especialmente se compararmos com o que vemos nas portas de hospitais públicos no Brasil. Talvez seja esse nosso principal diferencial negativo em relação aos paises citados, em que pese as diferenças na economia.

Temos o SUS. Há, portanto, um sistema montado. Deduzimos que dinheiro parece não ser o nosso problema. As notícias de superfaturamentos, corrupção e até mesmo de recursos devolvidos a órgãos federais por não terem sido utilizados indicam que o problema não é, primeiramente, a falta de dinheiro. Também não acredito que a incompetência técnico-adminitrativa seja o maior problema. Acredito que o desrespeito ao próximo, manifesto de diversas maneiras, inclusive na forma como se trata o dinheiro, a coisa público, é o eixo central do nosso problema. Quando existe respeito, existe boa vontade, disposição para superar-se obstáculos.

Faz parte, porém, de nossa cultura, a burrice (com todo respeito aos burros) de tratar as pessoas não somente pelo que têm, mas, pior, pelo que parecem ter. Digo burrice porque, da mesma forma como tratamos aqui, onde detemos o poder, seremos tratados ali, onde outro detém o poder. A lógica é simples: se cada um se empenhar em tratar o outro com respeito, todos seremos tratados igualmente com respeito. O problema é que o coronelismo está introjetado culturalmente em nossas mentes e a maioria absoluta da população vive em condições precárias, se comparadas com a dos que concentram os benefícios resultantes do trabalho. Por isso, nos tratamos uns aos outros como vermes, ainda que façamos isso com um lindo sorriso no rosto.

Tenho insistido nesses 86/100 dias de oração pelo Brasil que devemos orar primeiramente por nós mesmos, não como vítimas, mas pela nossa insistência em não admitirmos que as coisas são como são porque incutiram em nós que devemos ser da turma do deixa disso. Não reagimos, não erguemos nossa voz. Não lutamos. Sofremos, fazemos piadas e até murmuramos críticas, nas rodas íntimas, contra quem ousa manifestar-se. Nosso grande sonho parece ser ocupar um espaço de poder, para fazer com os dependentes de nós, o mesmo que fazem conosco.

Ou destrambelhamos, se for a última alternativa, a engrenagem estabelecida, pensando em construir outra que seja justa e adequada às necessidades e ao bem comum, ou continuaremos sendo aqui, vítimas, ali, agressores; aqui, vítimas, ali, agressores; aqui, vítimas, ali; agressores; aqui, vítimas, ali agressores, sempre rindo ou lamentando, nos extremos da vida.

Abraços do seu pastor,

terça-feira, 17 de julho de 2012

Paz no Trânsito - 16.07.2012 - 85/100 dias de oração pelo Brasil

O trânsito anda caótico. Digo, não anda nem caótico. A causa seria o fato do Brasil, diferentemente dos paises europeus, ter optado por facilitar a cada morador a compra do seu próprio carro, em lugar de investir em transporte público de qualidade. Mas não é so isso. Há também a falta de investimento em novas vias de acesso, novas tecnologias e até mesmo em engenharia de trânsito. Tudo sob a justificativa de falta de recursos, em meio a tantas denúncias de corrupção.

Entretanto, há outro elemento que faz com que o trânsito seja caótico: a falta de educação. Não uso a expressão "falta de educação" no sentido negativo usado para agredir verbalmente uma pessoa grosseira, sem "etiqueta". Refiro-me à falta de priroirzação em investimento na educação pública. O que está acontecendo na Bahia é o maior exemplo dos últimos anos. Já há 100 dias, quase 1/3 do ano escolar, nossas crianças não sabem o que é um banco escolar.

Esse problema é nosso.

Não adianta aproveitar o caso para criticar o Partido dos Trabalhadores que lidera a coligação que governa o Estado. Fazer isso é tirar o foco do problema, é politizar, e "urnificar" o problema. Primeiro, porque a falta de priorização na educação é um problema de todos os governantes do pais, com raríssimas excessões. Não é de agora que se trata mal o cidadão, tratando mal a educação, as estruturas onde ela se desenvolve e os profissionais que fazem com que ela aconteça. Segundo, porque o mesmo ocorre nas igrejas. Foi-se o tempo que investir em educação era prioridade nas igrejas. O investimento é no aumento de frequentadores e na captação de receitas, usando-se para isso todo tipo de atrativo.

No caso batista, há até que defenda que nossos colégios devem evangelizar mais. Além do sentido teologicamente distorcido que se dá ao termo evangelização ou mesmo do propósito nem sempre "celestial" dado a ele, isso indica a falta de respeito que os que defem isso têm à natureza e finalidade das escolas e, pior, à sua importância para o desenvolvimento de uma sociedade.

A falta de paz no trânsito, passa também pela falta de educação e a falta de educação não é problema de um governo, mas de todos nós. O problema é que nós agimos como "ovelhas levadas ao matadouro", silenciamos diante da malversação do dinheiro do nosso trabalho que também chamamos de dinheiro público; transferimos a responsabilidade, através de voto sem reflexão, para governantes que são o retrato de nossa cara no que se refere ao valor dado à educação e ainda criticamos os professores, cuja luta não é somente por melhores salários, mas, simbolicamente, por um olhar novo sobre esta área da vida que é essencial a todos nós.

Se queremos paz no trânsito, comecemos orando por nós mesmo e por nossa postura frente à política, a educação e, inclusive, ao signficado de nossa fé para os dias de hoje.

Abraços do seu pastor,

Plantação de Novas Igrejas em Áreas Urbanas - 15.07.2012 - 84/100 dias de oração pelo Brasil

Não sei se em sua cidade ocorreu fenômeno semelhante ao ocorrido no Recife, no início da década dos 90. Em face do baixo índice de oferta de emprego, cresceu de forma espantosa a quantidade de carrinhos de "cachorro-quente" em "furgões" da Fiat. Em cada 50 mts da  Avenida Boa Viagem, por exemplo, havia um desses carros cercado de pessoas bebendo e comendo cachorro-quente. Foi uma febre ou, como diriam outros, uma veradeira peste.

Fenômeno semelhante ocorreu em relação ao surgimento de igrejas. Descobriu-se que alugar uma sala, com meia dúzia de cadeiras de plástico e um púlpito, colocar uma placa com o nome de "Igreja tal" e era o suficiente. Em questão de dias um público se reunia, ofertas eram levantadas e ninguém se preocupava com o que era feito com elas, nem ninguém se interessava com os fundamentos do que se pregava, desde que palavras de ânimo e de promessas fossem repetidas. Se o dono do ponto estava ali apenas levantando seu sustento, e daí?

Assim, em cada cado de esquina surgiu uma igreja, a maioria usando a, até então, forte marca "evangélica" ou até mesmo "batista", sem nada a ver com o que elas significaram ao longo dos anos. A associação de tais igrejas a ponto comercial não se dava somente pelo levantamento de dinheiro sem qualquer prestação de contas, mas também pelo surgimento de uma ao lado da outra, como o comércio faz em relação a produtos comuns - venda auto-peças, produtos eletrônicos, etc...

Na Avenida Caxangá, tida com a mais longo em linha reta do país, a Assembléia de Deus resolveu concorrer com a Renascer, a Universal e a internacional da Graça e alugou diversos pontos, colocando nelas sua marca centenária, em letras garrafais.

Aos críticos respostas prontas eram dadas: "melhor um ponto de pregação do que um ponto de venda de bebida alcoólica". Outros, com ares de espiritualidade e conhecimento bíblicos declaravam:"Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa vontade;   Estes o fazem por amor, sabendo que aqui me encontro para a defesa do evangelho.  Aqueles pregam Cristo por ambição egoísta, sem sinceridade, pensando que me podem causar sofrimento enquanto estou preso.
Mas, que importa? O importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos ou verdadeiros, Cristo está sendo pregado, e por isso me alegro." (Fl 1.16-18)

Sobre a vida de quem planta igreja com quem planta batata (ou se plantava antigamente, antes do agronegócio) não tenho nada a declarar. Que o Senhor os julgue. Mas que isso trouxe danos profundos ao evangelho de Jesus Cristo, disso não temos dúvidas. Basta avaliar o perfil e tipos de compromissos do neo-evangélico brasileiro.

Entretanto, a despeito disso, plantar igrejas, não somente é algo bom como necessário. Precisa-se apenas ter clareza das motivaçõe e dos objetivos que se pretende alcançar, a fim de verificar se são compatíveis com os ensinos e propósitos mais claros e aceitos dos evangelhos. Plantar igrejas desconsiderando a vida e ensinos de Jesus, pode significar a multiplicação de cegos dirigentes de cegos. Pode tão somente servir aos interesses daqueles que querem que nada mude espiritual e eticamente na vida das pessoas e da sociedade, contrariando o que lemos nos evangelhos.

Criticar o que está sendo feito de errado, mas não mover uma palha para fazer ou cooperar para que se faça o que consideramos certo, também não leva a lugar algum. O importante é, cientes dos equívocos que se tem cometido, trabalhar para que acertos prevaleçam na plantação de igrejas, colaborando assim para que muitas vidas sejam salvas (no sentido mais profundo da palavra), restauradas e o nome de Deus seja glorifica em sua criação.

Abraços do seu pastor,

sábado, 14 de julho de 2012

Avivamento Missionário - 14.07.12 - 83/100 dias de oração pelo Brasil

Avivar é recuperar, restaurar a vida. Avivamento missionário deveria ser a capacidade de recuperar, de restaurar a missão. Digo deveria, pois a história recente indica que resumimos missão ao trabalho da proclamação de uma mensagem com efeitos sobre uma palavra - a palavra alma - e não sobre uma pessoa - o ser humano e sua vida multidimensional - com repercussões somente em outro tempo e local, o futuro, o céu.

A lógica do paradigma predominante de avivamento é um individuo "ganhando" mais um indivíduo, que "ganha" mais um indivíduo, que "ganha" outro indivíduo", que "ganha" mais um indíviduo ...

Além disso, a missão que pretendemos avivar, não é a missão dos atos de Jesus. O paradigma que se busca recuperar é o dos atos dos apóstolos. Uma coisa é estudar a vida de Jesus, seu caráter e ensinos e orar e trabalhar para que isso seja restaurado em nós; outra, tomar a vida dos apóstolos para avivá-la em nós. 


A diferença é que, os atos dos apóstolos, conquanto estejam relacionados à missão de Jesus, são uma manifestação inicial e incompleta do que a convivência de Jesus fez nos discípulos. Em Jesus vemos a manifestação completa da missão a ser avivada. Daí os primeiros discípulos terem investido tempo no registro da vida de Jesus e na reflexão teológica sobre ela, registros conhecidos hoje como Novo Testamento.

A questão é que o paradigma "atos dos apóstolos" é mais facilmente adaptável ao mundo em que vivemos do que o paradigma "Jesus". Os atos dos apóstolos evidenciam ação com resultados imediatos em termos de números de decididos e de igrejas. Os atos de Jesus evidenciam trabalho artesanal, de burilamento de vidas, com efeitos mais demorados, porém profundos, extensos e duradouros.

Somos a sociedade da velocidade, do descartável. Nos empenhamos na pressa para obter resultados na proclamação e "descartarmos" pessoas tão logo elas declarem crer. Crendo, basta que os novos declarantes memorizem que a missão deles é levar outros a declararem que crêem. Alcançado esse objetivo, seu único trabalho com o declarante é que ele memorize que deve reproduzir uma única ação: levar outro a declarar o mesmo.

 Nesse estágio a missão com o novo declarante, novo decidido ou crente novo, terminou e ele já pode ser "descartado", ou seja, ser deixado só, na missão de conquistar novos declarantes. O importante é que o resultado - pessoas declarando que crêem - se multiplique.

Os apóstolos conviveram pelo menos 3 anos com Jesus, aprendendo com seus exemplos e palavras, o sentido do viver, os valores com os quais deveriam estar comprometidos e as ações que deveriam ser desenvolvidas em favor do próximo.

  No avivamento missionário em evidência, investir tempo conhecendo a vida e ensinos de Jesus é desnecessário e até prejudicial ao modelo reprodutivo em série. Evidência disso é que, no processo de identificação de avivamento raramente se inclui o verbo preparar. Preparar é apenas um detalhe que se resume em aprender técnicas que nos ajudem a levar mais e mais pessoas a "declararem" a fé em Jesus.

Investimento pesado, portanto, é feito na mobilização para envolvimento de pessoas e levantamento de recursos e capacitação para a reprodução, visando resultados imediatos. Não há tempo, nem dinheiro a perder com estudo, exceto se for de técnicas de resultados imediatos. 

Investimos em Coentro, não em Carvalho.

Sonho com um avivamento missionário. Ele gira em torno do conhecimento e vivência da vida de Jesus. Se desdobra em pessoas apaixonadas e comprometidas com Jesus, agindo segundo seus dons onde estão inseridas no cotidiano. Sua ação é, primeiramente testemunhal e, como teria dito São Francisco de Assis, se necessário, usando palavras.

Testemunho de vida em primeiro lugar.

No testemunho dos 72, ao retornarem do estágio missionário, não foi evidenciada a quantidade de decididos. Diante da manifestação empolgada com o poder do nome de Jesus ("Senhor, até os demônios se submetem a nós, em teu nome".(Lc. 10:17)), eles ouviram de Jesus: "alegrem-se, não porque os espíritos se submetem a vocês, mas porque seus nomes estão escritos nos céus". O fato a ser enfatizado é a alegria de pertencerem e serem norteados por Deus.

 Gosto de movimentos, eles me empolgam e coopero da forma que tenho aprendido e crido. Gosto mais ainda, quando estão a serviço do testemunho e não somente do anúncio da vida de Jesus. Por isso, o avivamento missionário para o qual me convido e te convido-o a orar é o que visa restaurar, recuperar a vida amorosa de Jesus em nós e sua presença iluminadora em indivíduos e estruturas de sustentação da vida.

Abraços do seu pastor,

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Amor à Palavra - 13.07.12 -82/100 dias de oração pelo Brasil

A palavra é essencial à vida. No sentido de informação, ela é a materia prima da existência. Porém, quando se fala em "Amor à Palavra", tema da oração proposta no livro "100 dias que impactarão o Brasil", ela ganha sentido técnico. Portanto, não se refere a qualquer palavra, mas à Bíblia, sinônimo de Palavra de Deus na tradição cristã.

Todos sabemos que a palavra de Deus não se resume à Bíblia. A própria Bíblia nos informa que Deus falou a Abraão, 430 anos antes de Moisés (Gal. 3:17), quando não havia um único texto das Escrituras Hebraicas. Fala também de outras formas de comunicação usadas por Deus, quando declara:   "Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas,
mas nesses últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo." (Heb. 1:1-2)

Deus não se calou. Ele continua falando e usa as maneiras que julga necessárias. Deus é soberano.

Porém, não somente porque Paulo afirma
que as Escrituras foram inspiradas (ao escrever a Timóteo por volta de 65-67 depois de Cristo, portanto em torno de 25 anos antes do fechamento oficial do canon do, por nós chamado, "Velho Testamento"), mas também porque a história tem comprovado o impacto positivo dos textos bíblicos, tanto em indivíduos, quanto em coletividades e até mesmo na cultura humana, acreditamos que a Bíblia é uma coleção de textos inspirados por Deus.

Contra fatos, argumentos contrários se enfraquecem.

Os cristão podem se dividir quanto a forma de interpretar a Bíblia, mas há quase unanimidade em sua inspiração e autoridade.

Não sou bibliólatra, mas pertenço ao grupo que crê na inspiração e reconhece a autoridade da Bíblia.

Independente de questões teológicas, não poderia deixar de declarar meu amor às Escrituras. Elas trouxeram até mim a vida e os ensinos de Jesus. O meu caráter foi todo moldado a partir da vida deste homem. Ele foi a referência usada por meus pais para me ensinarem os melhores caminhos da vida. Poderia até negar a Jesus, mas, mesmo que eu quisesse, jamais poderia deixar de reconhecer o impacto dele na construção da minha personalidade.

Até aqui não o neguei e me empenho em ser cristão, não no sentido político-doutrinário da palavra, mas na busca por identificar-me com a vida e ensino de Jesus, disponíveis nos evangelhos.

Não consigo ser pastor sem a Bíblia. Os membros das igrejas por onde passei podem testificar que ela sempre foi o livro texto de minhas mensagens e estudos.

Também não consigo viver sem estudá-la. Ela é o ponto de partida em minhas buscas por respostas a questões existenciais presentes em minha alma.

Por isso, sem fazer coro ao discurso e à política fundamentalista em torno da Bíblia, seria desonesto comigo mesmo se não declarasse a relação amorosa que mantenho com ela, desde que ouvi as primeiras referencias a ela pelos lábios de meus pais.

Reconheço que amadureci, palavras ganharam significados alternativos e construi novos referenciais de interpretação. Mas ela continua sendo o centro de minhas reflexões teológicas e o ponto de partida para as escolhas que tenho feito na vida.

Sobretudo, amo a "Palavra" por ser o único documento existente que revela a vida e ensinos de Jesus.

Amo a "Palavra", porque amo a Jesus. Porque ele é a palavra que se fez carne e habitou entre nós. Ele é a chave que uso para abrir fendas que me ajudam a enxergar, quando me deparo com pontos escuros, cheios de mofo até, deste livro.


Embora seja o mais criticado, mais combatido em toda a história da humanidade e até abusado por ignorância ou falta de escrúpulo, é o mais lido e que maior impacto tem causada à vida humana.

Por isso amo a Palavra.

Abraços do seu pastor,


quinta-feira, 12 de julho de 2012

Multiplicação de Discípulos - 12.07.12 - 81/100 dias de oração pelo Brasil

Não sou, nem poderia ser contrário à multiplicação de discípulos, seja porque isso contrariaria um imperativo de Jesus (e já preguei 35 mensagens sobre Imperativos de Jesus nesse semestre), seja porque acredito na educação ou seja porque a compreensão do "para que" do discipulado recomendado por Jesus traz sentido à minha vida.

Em relação à multiplicação tenhos alguns pontos de reflexão em torno dos quais norteio minha vida, minha prática ministerial.

A multiplicação, como compreendida no contexto empresarial no qual vivemos, pode ser valorizada pelo número em si e pelo resultado econômico-financeiro, político ou mesmo em termos de prestígio social e até de autoestima que proprociona aos que lideram a multiplicação.

Mesmo reconhecendo que não há qualidade fora de quantidade, isto é, a qualidade não é algo abstrato (ainda que brote abstratamente em nós), não se produz discípulos como se faz em linha de produção em série. Não se produz discipulos como se seduz um consumidor. Não se produz  discipulo com armas de quem conquista o território de um inimigo.

Discipulado é uma experiência na qual somos facilitadores para que outros, através da convivência conosco, aprendam sobre a vida de Jesus e procurem encarná-la. Ser discipulador, portanto, não é ser guru, muito menos proprietário de uma mensagem. É ser veiculo de uma vida, a vida de Jesus, a ser vivida e compartilhada.

Não sou contrário a doutrinas. Elas servem para nortear nossas vidas. Funcionam como uma espécie de espinha dorsal do ser. Mas, multiplicar discípulo é muito mais, e em alguns casos até diferente, de ensinar definições de conceitos. É multiplicar sentimentos, pensamentos, comportamentos identificados na vida de Jesus.

Sair às ruas, ir de porta em porta, divulgando uma mensagem não é errado. Milhares de pessoas vão às ruas, por exemplo, em defesa de seus interesses profissionais ou ideológicos. Errado é limitar evangelização a isso. Ir ao encontro de pessoas é uma manifestação de desejo de vê-las conhecendo o Jesus que conhecemos e que mudou o sentido de nossas existências, mas sempre deve ser visto - "o ir às ruas" - como um possível ponto de partida de uma caminhada que deve se concretizar em relacionamentos nos quais a vida e ensinos de Jesus prevalecem.

Tenho dificuldade com a associação da expressõão "multiplicar discipulos" com "povoar o céu". Multiplicar discipulos é multiplicar o número de pessoas desejosas de viver em comunhão com Deus, no aqui e no agora, sendo sal e luz através do que se é, dos conhecimentos que se construir em qualquer área da vida. É multiplicar o número de pessoas que querem viver e construir estilos e estruturas de vida saudáveis. O céu é sobremesa, isto é, algo que vem depois do prato principal que é a experiência de comunhão com Deus, pela confiança em sua graça manifesta em Jesus Cristo. É um equívoco desejar "ir ao céu" pra não ter mais problemas. Desejamos isso, por representar comunhão ainda maior com Deus e viver ainda mais sob o domínio de sua vontade.

Ninguém deseja a multiplicação de corruptos, de pessoas que tratam o outro como objeto descartável, que constroem e usam estruturas para subjugar, explorar, oprimir, adoecer seus semelhantes. Queremos a multiplicação de pessoas com perfil oposto ao dessas. Cremos que o perfil de Jesus é o que desejamos para nossas vidas e que seus ensinos - adequadamente interpretados - devem se tornar concretos nas relações interpessoais e nas estruturas sociais.

Essa multiplicação de discípulos é a que persigo. Se desconsiderar isso me sinto um proselitista (Mt. 23.15), um cego guiando outro cego (Mt. 15:14), como disse Jesus a respeito dos fariseus ou um simples político ou empresário da religião.

Abraços do seu pastor,

terça-feira, 10 de julho de 2012

Restauração da Oração em Família - 11.07.12 - 80/100 dias de oração pelo Brasil

Conciliar dever e devoção sempre foi um desafio. Ninguém vive sem ser Marta, ninguém vive sem ser Maria. Definir qual dos dois deve ser priorizado é fácil. Nem é preciso pensar. Basta ler as palavras de Jesus e encontraremos a resposta: Maria escolheu a melhor parte. O problema é transformar teoria em realidade, inclusive porque isso também tem a ver com estrutura de personalidade.

Através do programa Rede Ministerial (
Bruce L. Bugbee e Bill Hybels), por exemplo, cada participante acaba descobrindo se o forte de sua personalidade é ser dirigido por pessoas ou por tarefas. Relacionamento não é o ponto forte de pessoas dirigidas por tarefa. Tais pessoas precisam ser mais disciplinadas, fazer um esforço maior, para lidarem com os relacionamentos. Isso envolve a oração, na medida em que oração é essencialmente relacionamento.

Se não bastasse isso, enquanto quem é dirigido por pessoas abandona tudo o que estiver fazendo para dar atenção a alguém, o dirigido por tarefas deixa com facilidade qualquer "alguém" para fazer o que entende que precisa ser feito.

Mas as pessoas dirigidas por pessoas também precisam fazer escolhas. Ainda que relacionamento seja algo mais forte em suas personalidades, escolher investir mais tempo em momentos de comunhão com Deus ou com pessoas humanas também tem a ver com prioridades.

Seja lá qual for o seu e o meu perfil, ambos admitimos que investir tempo em oração é importante, mas priorizá-la, em termos de tempo, é um desafio.

Cresci em Garça, SP. A cidade era pequena. O clima frio. Fogão a lenha (ou à lenha com tornou-se aceitável) era presença certa em todas as casas.Televisão em casa era privilégio de poucos. Ir ao cinema contrariava a disciplina da igreja. Deslocar-se a pé para qualquer lugar era rápido. Havia poucos carros e, portanto, nada de engarrfamento. Sentar-se na calçada de casa para jogar conversa fora ou usar a rua para brincar joga bola, burica (bola de gude), malha, pião ou bets; brincar de jaracatia, queimada, esconde-esconde; pular corda; disputar cabo de guerra, enfim, era comum. Contar aos filhos que naquele tempo havia um empregado da Prefeitura que, a cada final de tarde ia de poste em poste pelas ruas da cidade acendendo as lâmpadas, tornou-se uma piada.  Tudo conspirava a favor das reuniões diárias em família.

Meus filhos cresceram no Recife, em contexto diametralmente oposto.

Viver a transição entre tempos bucólicos e vida em megas cidades com tudo de bom e ruim que os avanços tecnológicos e a possibilidade de vida nortuna propiciaram, chegou a ser gerador de sentimento de culpa e continua sendo para aqueles que insistem em não enxergar ou admitir que aqueles tempos passaram para cidadãos metropolitanos e nem são iguais para os interioranos.

Não pensem que sou pessimista, nem que não seja defensor da oração em família. Apenas digo que o desafio de fazer isso diariamente torna-se cada dia mais desafiador e, quem não consegue, não deve ser visto como desinteressado pela vida espiritual. O contexto sócio-econômico é desfavorável.

Reconhecer isso, bem como reconhecer o valor da oração em família é passo importante na busca de solução.

Daí ser importante orarmos, pedindo a Deus sabedoria para encontrarmos caminhos que nos ajudem a fortalecer a vida de oração em família, mesmo diante de..

Abraços do seu pastor,

Aplicação dos Recursos Pessoais - 10.07.112 - 79/100 dias de oração pelo Brasil

Há quem enterre e há quem aplique seus recursos. Isso pode ser lido na Parábola dos Talentos (Mt. 25). Os que enterram não o fazem somente para garantir o que já têm ou para não perder no processo de aumentá-lo via investimento. Enterram também quando aplicam sem pensar no bem, inclusive no bem comum.

Aplicar pensando no futuro faz parte da história humana. José do Egito (Gen, 43,37) fez isso em período de vacas gordas, visando sobreviver em períodos de vacas magras. O Rico Insensato da Parábola (Lc. 12) fez o mesmo. A diferença é que José continuava confiando em Deus. Já o Rico, acreditava que sua vida se resumia ao ter e que o que havia acumulado era a garantia do seu futuro.  O grande problema do acúmulo é quando tiramos Deus do foco da nossa confiança e colocamos o que acumulamos no lugar dele.

O acúmulo em si, portanto, não é problema. Pode ser sinal de precaução, de conhecimento de que a vida não se resume somente ao tempo presente ou de que não queremos nos tornar pesados a alguém em situações de adversidade. Torna-se problema quando depositamos nossa confiança nele ou quando o usamos de maneira egoísta.

Paulo, na carta aos Efésios (4.28), fala como a nova vida em Cristo deveria se manifestar em nossos relacionamentos interpessoais.  Dentre outros, diz ele: "O que roubava não roube mais; antes trabalhe, fazendo algo útil com as mãos, para que tenha o que repartir com quem estiver em necessidade".
Observe a mudança radical da lógica de vida. Antes da experiência com Cristo, ficávamos na osciosidade esperando o resultado do trabalho alheio para roubá-lo; depois, passamos a gerar nosso sustento, trabalhando com as próprias mãos. Antes, tirávamos o que era do outro; depois, passamos a repartir com o outro.
João ensina o mesmo, em outras palavras, nos desafiando a usar nossos recursos também em favor do outro. Diz ele:
"Se alguém tiver recursos e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus?" (I Jo.317).

Dividir, compartilhar, são palavras comuns na vida de quem tem uma experiência genuina com Deus, na vida de quem reconhece Jesus como senhor.

Um dos caso mais emblemáticos do Novo Testamento é o da igreja da macedônia. Era um povo empobrecido materialmente, mas, rico na graça de Deus, por isso fez questão de ajudar os irmãos da Judéia.
Veja o esboço sobre a
graça do dar ((II Cor. 8)

1. Deram em meio à tribulação (8:2)
2.  Deram em meio à pobreza (8.2)
3. Deram de acordo com as possibilidades (8.3)
4. Deram voluntariamente (8.3)
5.  Deram desejosos de participar (8.4)
6.  Deram movidos pela doação da própria vida (8:5)
7. Deram tendo Jesus como modelo (8.9)
8. Deram de acordo com o que tem não com o que não tem (8.12)
9. Deram não para apaziguar a mente, mas pela justiça (8:13)
               10.  Deram pela mútua solidariedade (8.14) 

Paulo aprendeu a generosidade com Jesus e, certamente, se alegrava muito ao ver que os macedônios aprenderam o mesmo. Leia o que ele disse: “Em tudo o que fiz, mostrei-lhes que mediante trabalho árduo devemos ajudar os fracos, lembrando as palavras do próprio Senhor Jesus, que disse: 'Há maior felicidade em dar do que em receber' ". (At. 20.35)

 Sabemos que em todo grupo social há pessoas preguiçosas ou de má-fe," que se aproveitam da generosidade alheia. Elas devem ser identificadas e seu comportamento não deve ser alimentado.
Sabemos também que o compartilhar não deve ser de forma emocional, sem reflexão.

O mesmo Jesus que foi compassivo, multiplicando o pão e alimentando a multidão, reagiu enfaticamente ao perceber a segunda intenção da multidão:   "A verdade é que vocês estão me procurando, não porque viram os sinais miraculosos, mas porque comeram os pães e ficaram satisfeitos. Não trabalhem pela comida que se estraga, mas pela comida que permanece para a vida eterna..." (Jo 6.26-27)

 Portanto, estar de olho nos maldosamente expertos e espertos, agindo de forma adequada com eles, administrando o que temos também com racionalidade, faz parte do exemplo dado por Jesus.

O importante é sabermos que todos nós temos tipo algum de recurso que pode ser compartilhado, seja de natureza econômica, psicológica, intelectual, física ou espiritual e que, nossos corações, devem ter como norte a generosidade e não a mesquinhez.

Será que estamos aplicando nossos recursos de maneria compatível com os ensinos do Jesus?

Abraços do seu pastor,

Santidade no Exercício da Profissão - 09.07.12 - 78/100 dias de oração pelo Brasil

Recomendo que leia os seguintes textos que já escrevi sobre santidade, para melhor comprender meu pensamento:

1. Santidade no Casamento
2. Santidade nos relacionamentos
3. Santidade e integridade dos líderes
4. Santidade nos relacionamentos conjugais

Quanto ao assunto Santidade no Exercício Profissional, destaco apenas que chama a minha atenção o fato da maioria das pessoas declarar não se sentir feliz com a profissão que desempenha. A causa disso geralmente é porque aquilo que se gostaria de fazer não proporciona a remuneração que almeja para viver com dignidade. Assim, a necessidade financeira fala mais alto do que a realização emocional e até espiritual e o resultado é insatisfação.

Lutar por realização profissional, nesse caso, não é lutar somente por si. É lutar também pelos valores que predominam na sociedade e pela forma como ela está estruturada. Portanto, se desejarmos que nossos netos e bisnetos não passem pela mesma experiência que boa parte das pessoas têm passado - ser insatisfeita na vida profissional - é fundamental que tenhamos clareza dos valores que gostaríamos de ver predominando na vida em sociedade, de como ela deveria ser estruturada e lutar para atingir o desejável, a fim de que o índice dos insatisfeitos seja reduzido.

O que isso tem a ver com santidade no exercício da profissão? É simples. Se santidade é sinônimo de saúde, como advogo nos textos supremencionados, a insatisfação com a profissão que se exerce pode ser fonte de enfermidade emocional e também física, pois somos uma unidade psicosomática.

Isso, além dos efeitos nos relacionamentos interpessoais e na vida social. Se não acredita, passe a observar a influência negativa que uma pessoa insatisfeita produz no ambiente de trabalho.

Precisamos mais para nos convencermos de que devemos orar pela Santidade no Exercício da Profissão?

Abraços do seu pastor,

Missões, missão e nossa cooperação

Nos acostumamos ao longo das décadas com a palavra missões. Nunca pesquisei sobre a razão da palavra no plural. Não sei se quem a cunhou tinha em mente a idéia da diversidade da missão, pois missão inclui adorar, viver em comunhão, ensinar sobre a vida e ensinos de Jesus, anunciar Jesus às pessoas e servir como manifestação da presença de Jesus em nossos corações.

O fato é que, históricamente, sempre que ouvi a palavra missões, ela não foi associada aos 5 componentes da missão da igreja, tal qual encontramos abundantemente no Novo Testamento. Antes, enfatizava somente o elemento do anúncio e, pior, um anúncio com efeitos somente no pós-morte. Assim, fazer missões tornou-se sinônimo de ir para algum lugar distante, onde nenhum templo ou organização da denominação se fazia presente para, alí, ser plantanda uma igreja.

A partir de determinada época associou-se a esta ação, o trabalho de assistência social. Essa associação era entendida de duas maneiras: 1) o trabalho social seria uma isca para atrair necessitados e assim fisgá-lo para a fé; 2) o trabalho social seria uma manifestação de amor e, portanto, não deveria ser reduzido à isca. Ainda hoje, alguns apresentam conflito em torno de qual seria a posição mais adequada.

Mesmo tendo incluido as demais áreas da missão, citadas inicialmente, ainda cometemos um sério pecado. Se imaginarmos a missão como tendo 5 pernas, a do anúncio da mensagem é maior em tamanho diametralmente oposto ao das demais. A consequência é que fazemos missões mancando.

A Convenção Batista Baiana, por exemplo, mantem um Colégio em Jaguaquara, uma escola de cursos de curta duração em Salvador, um seminário de teologia em Feira de Santana, com uma extensão em Salvador, alguns programas voltados para jovens e mulheres (com ênfase em evangelização e sensibilização para o sustento missionário), além de organizações voltadas para o ensino voltado para o funcionamento religioso das igrejas e desenvolvimento musical. Entretanto, a atenção e recursos investidos, oriundos das igrejas, tem uma concentração no sustento de missionários.

Claro que o missionário é figura estratégica e dificilmente deixaria de ser o alvo principal dos investimentos das igrejas. Porém, se não ajustarmos o tamanho das pernas da missão, não somente no discurso, mas sobretudo na prática, andaremos com a mesma dificuldade que alguém, com deficiência física nas ou em uma das pernas, apresenta.

É muito bom sabermos que a oferta que estamos levantando neste mes de julho se somará à oferta de centenas de outras igrejas de todo o Estado da Bahia. É com ela que poderemos continuar fazendo tanta coisa boa que até aqui tem sido feito em favor da salvação, restauação e edificação de vidas. Melhor ainda será contribuirmos com a visão integral do ser humano e, portanto, enfatizando todas as áreas necessárias ao pleno desenvolvimento das vidas por nós alcançadas.

Desafio, então, cada pessoa, a não somente orar e oferecer seus conhecimentos para serem usados em favor do desenvolvimento do Reino de Deus, mas também a contribuir financeiramente para que a falta de recursos financeiros não seja obstáculo ao pleno cumprimento da missão.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Estudantes Universitários - 08.07.12 - 77/100 dias de oração pelo Brasil

Lembro-me de quando uma pessoa podia contar em seus dedos o número de jovens universitários em nossas igrejas batistas. A raridade era tal que cada um era visto como troféu. É verdade que eram outros tempos, tanto da educação quanto no perfil religioso brasileiros. O acesso à universidade e às igrejas evangélicas era um desafio muito maior, seja pela pequena oferta, no caso da educação, seja pelo preconceito religioso, no caso das igrejas evangélicas.

Foi nessa época que surgiu o programa da JUMOC chamado "Operação Universitária - OPUS" (se não me engano). Dentro desse programa foi lançada a Revista Campus, a qual, ao lado de "Mocidade Batista", marcou minha vida no final da adolescência. Quando um texto meu foi publicado nela, no início dos anos 80, comemorei muito.


Juarez de Azevedo, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, era, talvez, a maior sensação nos acampamentos de jovens batistas, inclusive no sudeste. Eram raros os que não conheciam seu livro "Ateu ja era", escrito pensando na juventude universitária.  E como, mais uma vez comemorei, em torno de doze anos depois do lançamento do livro, por estar, como preletor, ao lado dele, em um congresso regional de juventude.


Encerrando a fase de memórias, lembro-me de ter sido determinante em minha decisão de iniciar o pastorado em Alagoas, o fato da liderança da Juventude Batista Alagoana - JUBAL, ser engajada em movimentos universitários e políticos, tendo Robinson Cavalcanti (outro ícone da juventude universitária de então, cuja vida foi ceifada recentemente, juntamente com a da esposa, de forma dramaticamente brutal) como referencial de compromisso com o Jesus da Bíblia e o diálogo universitário.


Hoje comemoramos porque, se o acesso dos jovens à universidade não é na quantidade que gostaríamos, é infinitamente maior do que até os anos 90. Dizemos o mesmo, em relação às igrejas. É animadora a presença jovem nelas.


Do meu ponto de vista a preocupação da igreja com os jovens na universidade deixou de ser primeiramente pelas dúvidas que poderiam surgir quanto a "existência" de Deus ou pela liberalidade na moral. Entendo que nossa preocupação nem é mais a relação jovem cristão-universidade. O ítem que merce reflexão é a elevação do dinheiro à condição de "deus". Isso é problema não só pra igreja, mas também pra universidade e sociedade.


Nada contra o dinheiro, pelo contrário. O problema é quando somos controlados pelo dinheiro. Quando isso ocorre, o acesso à universidade (assim como já ocorre com o acesso a algumas igrejas) passa a ser movido pelo resultado financeiro que disso decorre e não pelo anseio de construir uma vida melhor, em todas das dimensões, para todos.


A divinização do dinheiro nos divide, interior, social e espiritualmente. Por isso, se por um lado a igreja deve lutar intensamente pelo acesso de todos à universidade (pelo menos no modelo brasileiro isso é essencial), por outro, deve lutar com as mesmas forças para que a juventude se liberte da escravidão do ter ou mesmo da possibilidade de ter. Que ela, a juventude, entenda que o ter é importante, na medida que ele está a serviço do ser e não do ter mais e mais, no modelo de acúmulo e concentração por uns, ao preço da exploração, do empobrecimento e da exclusão de outros.


Sou um admirador de jovens que se empenham pra chegar à universidade. Mais ainda, dos que, chegando lá, têm como objetivo construir uma vida melhor, em todas as dimensões, especialmente na espiritiual, para si e para a sociedade na qual estão inseridos.


Abraços do seu pastor,

sábado, 7 de julho de 2012

Santidade no Relacionamento Conjugal - 07.07.12 - 76/100 dias de oração pelo Brasil

Santidade, muito mais do que um conceito moral, é uma palavra que faz parte da linguagem sacerdotal, uma manifestação da graça divina. É sinônimo, portanto, de salvação. Daí os protestantismos, diferentemente dos catolicismos, acreditarem que santo não é somente quem tem feitos extraordinários em seu histórico ou aquele cuja vida é submetida a critérios de avaliação estabelecidos pela igreja romana e que, primeiramente, é intitulado beato, para depois ser reconhecido como santo. Predomina nos protestantismos, a doutrina que defende que todas as pessoas que depositam a fé no ato extraordinário de Deus em Cristo Jesus, são santas.

Santidade, então, não é algo que nos tornamos gradualmente, mas uma experiência inicial, segundo o Novo Testamento, marcada pela fé na graciosa mensagem libertadora, salvadora, de Jesus. Repetindo, em linguagem sacerdotal, nossa santidade foi definida no ato sacrificial de Jesus na cruz do Calvário, pois o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado, portanto, pecados do passado, do presente e do futuro.

O que popularmente chamamos de santidade é, de fato, crescimento na graça de Deus. Em outras palavras, a santidade alcançada pela fé em Jesus nos motiva a querermos crescer na graça divina, vivendo de maneira eticamente saudável e não a querermos viver eticamente saudável para sermos considerados santos.

A leitura atenta de Levíticos me convenceu de que ser santo é ser saudável. A pessoa alcançada pela santidade divina empenha-se, sob a graça de Deus, a ser saudável em todas as dimensões de sua vida.

A vida conjugal não é uma excessão.

Cultivar um casamento santo, saudável, não é, portanto, dar atenção especial somente às questões relacionadas a sexo. Desenvolver uma vida sexual saudável é um dos elementos. Ser fiel ao compromisso de amar o cônjuge como a si mesmo e, portanto, encarar todos os desdobramentos daí decorrentes, é a maior manifestação de santidade no casamento. A forma como um casal manifesta santidade nas questões sexuais é um problema de foro íntimo, definida através de diálogo sincero e respeito mútuo, entre as quatro paredes do seu quarto.

Santidade no casamento, portanto, é investir na saúde da relação com Deus, dos sentimentos, dos pensamentos e do corpo.


Da mesma forma que saúde física não significa ausência absoluta de enfermidade, mas capacidade de resistir e superar doenças que surgem até por fatores alheios ao nosso controle, santidade no relacionamento conjugal também não significa ausência de problemas, dores ou erros, mas capacidade de superá-los em face da presença graciosa de Deus agindo nos corações do casal.

Santidade no relacionamento conjugal significa, enfim, investir para evitar enfermidades, mas também, disposição para curá-las quando, por razões alheias ao querer dos dois, a relação precisa ficar acamada e, até, hospitalizada.

Abraços do seu pastor,

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Conversão dos familiares - 06.70.12 - 75/100 dias de oração pelo Brasil

Houve um tempo em que o pai dizia: "eu e a minha casa serviremos ao Senhor" e isso não era apenas um desejo do coração. Era uma decisão, uma ordem. A sociedade era patriarcal e diante da manifestação paterna restavam duas possibilidades: obedecer ou obedecer.

Hoje, entretanto, vivemos num estado democrático de direito, cabendo a cada um decidir os rumos de sua vida, na forma da lei. Ninguém é obrigado a fazer nada, exceto se houver imposição legal. Como a lei impõe que o respeito à liberdade de crença é um direito individual, ninguém pode impor suas crenças, nem mesmo os pais. Como consequência, além de termos dez mil vezes mais denominações religiosas no Brasil do que há alguns anos, cresce o número dos que se declaram espirituais sem compromisso com religião, especialmente pelo desencanto com incoerências e posicionamentos inadequados de igrejas, especialmente de seus líderes.

Diga-se de passagem,esse princípio de liberdade (de crer, pensar, interpretar a Bíblia ou congregar-se como igreja autônoma) foi levantado pelos batistas desde os primórdios, na Inglaterra do século XVII. Há farta documentação histórica comprovando isso, ainda que, mais recentemente, grupos batistas com traços fundamentalistas se empenhem em impor a uniformidade de crença, pensamento e interpretação bíblica.

Podemos até determinar aos filhos que frequentem conosco uma igreja, enquanto dependerem economicamente de nós, mas isso, por si só, jamais os tornará fiéis a Deus. Podem até desenvolver medo do inferno, medo de punição divina, mas, jamais, uma relação livre e amorosa, como é desejável, segundo o Novo Testamento.

Resta, então, a nós que queremos ver a conversão dos nossos familiares, orar e desejar isso apaixonadamente, viver amorosamente de maneira coerente com a fé abraçada, facilitar a eles, por todos os meios, o acesso a palavra de Deus, a fim de que isso sirva de motivação e nossas palavras ganhem autoridade. 

E esperar no Senhor!

Abraços do seu pastor,

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Sistema Educacional Brasileiro - 05.07.12 - 74/100 dias de oração pelo Brasil

Desde o dia 11 de abril os professores da Rede Estadual de Ensino da Bahia estão em greve. A Reivindicação é que o governo cumpra a Lei Federal que lhes garante um reajuste de 22,22% e que, também, 10% do Produto Interno Bruto - PIB - sejam investidos em educação. O problema é que, a se julgar pelas notícias dos jornais, a habilidade de boa parte dos nossos dirigentes de se interessar em priorizar a educação é diametralmente oposta a de deixarem seus nomes serem envolvidos em corrupção ou não combatê-la com rigor. Se somente o dinheiro estimado, em compras superfaturadas, que escoa pelos ralos da corrupção, fosse investido em educação, nossa realidade sócio-econômica seria muito melhor.

Durante 8 anos dirigi o Colégio Americano Batista, no Recife, período no qual participei do Conselho do Sindicato de Diretores de Estabelecimentos Particulares de Pernambuco e, também, participei, mais de uma vez, da diretoria da Associação Nacional de Escolas Batistas - ANEB, inclusive como presidente. Além disso, também dei uma pequena contribuição, como professor, ao STBNB e SEC (Recife) e STBNE (SSA). Focado na administração escolar, mergulhei de cabeça no assunto e, por razões do coração, optei por retornar ao pastorado, mesmo diante de duas ou 3 novas oportunidades.

Educação, portanto, não é assunto estranho para mim, seja por formação, seja por experiência. Lamento, portanto, a maneira como lidamos com ela. Lamento inclusive, pela maneira como nós batistas encaramos a educação em nosso meio. Seja a educação cristã (ministrada nas igrejas), seja a teológico-ministerial (ministrada em nossos seminários), seja a voltada para a cidadania (ministrada em colégios batistas), o fato é que, para nós, a educação nos acompanha como um punhado de latinhas amarradas no parachoque trazeiro de carro de recem casados: distante do motor e se batendo!

Não temos autoridade institucional para lamentar a qualidade ruim do Sistema Educacional Brasileiro (que inclui escolas públicas e privadas) porque nós mesmos não fazemos o dever de casa, em nossos arraiais. A oferta de educação de qualidade em nosso meio é um retrato do país. Se duvida, faça um levantamento da situação administrativa, organizacional e pedagógica de nossas instituições educacionais e comprovará. E, como para mudar, é preciso enfrentar interesses alheios à educação, quem se atreve vive sob tensão profunda, quando não, desiste. Daí nossas instituições educacionais estarem, em grande parte, quebradas financeira e organizacionalmente.

Nós precisamos de educação. Se assim não fosse, no famoso "IDE" de Jesus (Mt. 28.19-20) o verdadeiro imperativo não estaria no "façam discípulos" (28.19), na ênfase no ensino (28.20), portanto. (No grego, o IDE nem está no imperativo!). Oremos, então, para que este espírito pouco inteligente de não valorizar a educação, presente no coração da maioria de nós, seja banido. Lutemos e apoiemos toda luta no sentido de mudar a cara da educação no Brasil.

Abraços do seu pastor,

Portal Terra 
( http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI5874474-EI8266,00-vc+reporter+em+greve+professores+protestam+em+Caetite+na+BA.html )

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Os Batistas e a Preservação dos Recursos Naturais - 04.07.12 - 73/100 dias de oração pelo Brasil

Considero um avanço estarmos orando pela preservação dos recursos naturais, especialmente se levarmos em conta que durante séculos não somente nossas orações, mas também nossas ações giravam em torno do "sobrenatural". A bem da verdade, não somente girávamos em torno do sobrenatural, mas também negávamos o natural. Por que cuidar do natural se estamos aqui de passagem, se não somos deste mundo?

Corpo? Por que cuidar dele se será comido "pelos bichos", virará pó e somente a alma permanecerá? Habitação? Por que construir casas confortáveis se nossa morada é celestial? Ou, como um preletor desafiou em um acampamento de jovens: por que estudar engenharia se no céu não haverá pontes?


Graças a iluminação do Espírito de Deus, do aprofundamento bíblico-teológico, fomos admitindo que somos deste mundo e estamos assumindo nossa humanidade. Quanto ao sobrenatural, não há porque priorizá-lo se confiamos na graça de Deus e vivermos em comunhão com ele. O lá e o depois são decorrência, esperança! O que nos garante a vida "sobrenatural" não é o foco no futuro, mas a comunhão com Deus no presente. Por isso, enquanto aqui vivermos, vivamos de maneira plena, abundante, segundo os propósitos de Deus manifestos em Cristo.


É essa perspectiva que fortalece nosso interesse pela preservação dos recursos naturais. É  a compreensão de que tudo foi criado por Deus e é necessário para manutenção da vida que, não apenas levantamos nossa voz, mas, sobretudo, agimos em favor da preservação ambiental.


Não há dúvidas de que devemos estar atentos ao discurso ideologizado. O discurso que nos estimula, como individuos, a preservar água e energia, por exemplo, em nome da ecologia, mas que, na verdade,  visa aumentar a disponibilidade de tais recursos para atividades empresariais pensando em maior lucro. Esse aspecto político, entretanto, não invalida nosso empenho no sentido de preservar os recursos naturais.


Há muitas ações que estão ao nosso alcance, tais como o uso racional da água, energia elétrica e materiais biodegradáveis, o cuidado com a produção do lixo e onde depositá-lo, a plantação de uma árvore, a manutenção de um jardim, enfim, coisas pequenas que podem provocar impacto positivo, se cada um estiver atento. O importante é que tenhamos consciência de que a responsabilidade por preservar os recursos naturais é de cada um e todos devem fazer a sua fazer parte, inclusive em nossos discursos de evangelização, em nossa ação missionária.


Abraços do seu pastor,

terça-feira, 3 de julho de 2012

Jovens Viciados em Drogas e Álcool - 03.07.12 -72/100 dias de oração pelo Brasil

Nesses 72 dias de oração pelo Basil, esta é a quarta vez que drogas aparece como tema. As 3 primeiras foram: 1) Dependência química, um desafio  ; 2) O gigante das drogas vencido pela oração; 3) Traficantes de drogas. No caso de hoje, o livro  "100 dias que impactarão o Brasil" traz um títiulo que faz distinção entre drogas e Álcool.

 A rigor, álcool é um tipo de droga. Como, porém, as palavras ganham sentido de acordo com uma variedade de fatores que caracterizam a vida social, na prática, quando se fala em drogas, a referência é a substâncias psicoativas cuja venda e consumo são ilegais. Porém, conquanto o uso e a venda sejam legais, o álcool deve ser visto como um tipo de droga.

 O tema drogas ocupa as páginas de revistas e jornais nesse final de semana, trazendo informações sobre o processo em andamento no governo do Uruguai de legalizar o comércio estatal de drogas. Calcula-se que, dos 3 milhões de habitantes daquele país, 5% são usuários de maconha. Com a nova lei, a venda de maconha seria uma prerrogativa estatal, podendo, cada cidadão, usar até 30 gramas por mes (ou mais se levar a ponta (conhecida também como bituca) que sobrou do cigarro comprado anteriormente).

 Os favoráveis acreditam que tal lei seria um golpe no crime organizado e afastaria as pessoas da possibilidade de se exporem ao uso de outros tipos de drogas oferecidos pelos traficantes na hora da compra. Os contrários apenas são incrédulos quanto a eficácia da lei em seu propósito. O problema é que o modelo de repreensão policial não tem funcionado e, então, do ponto de vista legal, seria uma experiência alternativa para se ver o que seria menos ruim.

 A história aponta que o ser humano sempre fez uso de drogas, especialmente para superar dores físicas e emocionais. A própria Bíblia, como já mencionei em um outro texto, trata o assunto por esta ótica  quando, por exemplo, "nos conselhos para o Rei Lemuel, o autor do livro de Provérbios aconselha: "Dê bebida fermentada aos que estão prestes a morrer, vinho aos que estão angustiados; para que bebam e se esqueçam da sua pobreza, e não mais se lembrem da sua infelicidade." " (Pv 31.6-7).  

Isso, porém, não deve ser entendido como uma autorização ao uso irresponsável. A regulamentação através de lei, definindo o que não pode ser produzido e vendido; o que pode ser produzido e vendido sobre controle médico ou o que pode ser produzido e vendido livremente, merece sempre estudos aprofundados, com base em dados colhidos cientificamente.

Em termos espirituais, o que se faz é uma busca pelas causas existenciais do uso, especialmente quando o usuário torna-se dependente, sem acompanhamento médico e refém do crime organizado. Nesse sentido, todo esforço feito visando ajudar tais pessoas são válidos.


 Ao orarmos por este que tem se tornado um grande problema social, peçamos sabedoria a Deus para entendermos adequadamente o assunto, seja em seus aspectos teóricos, seja em termos de seus efeitos práticos, a fim de que possamos dar respostas que sejam éticamente compatíveis com a fé que declaramos.

Abraços do seu pastor,