sábado, 30 de junho de 2012

Um desafio Chamado Região Sul do Brasil - 29.06.12 - 68/100 dias de oração pelo Brasil

A região Sul do Brasil parece-me a que apresenta de forma mais nítida a presença de grupos religiosos como católicos, luteranos e espíritas. Além disso, o índice dos que se declaram ateus também é elevado enquanto o número dos que se declaram evangélicos é um dos menores do país. A meu ver essas diferenças acentuadas constituem um desafio tão grande à evangelização quanto às condições econômico-financeiras que estão entre as melhores do país.

Dinheiro e religião representam dois dos maiores desafios ao ser humano: lidar com dinheiro e lidar com o poder. Segundo as palavras de Jesus, não é possivel servirmos a Deus e ao dinheiro. Não vivemos sem dinheiro, mas ter dinheiro não é o sentido do viver. Daí o sábio ter dito: "...não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção de costume; para que, porventura, estando farto não te negue, e venha a dizer: Quem é o SENHOR? ou que, empobrecendo, não venha a furtar, e tome o nome de Deus em vão." (Provérbios 30:8-9). Para ele, Deus é o sentido do viver e nada que nos separe da comunhão com Deus ou que nos leve a agir de forma contrária aos seus ensinos, vale a pena. Se ter demais ou ter de menos atrapalha nossa comunhão, que almejemos o suficiente, defende o escritor bíblico.


Se lidar com o dinheiro tem sido um desafio para grande parcela da população, lidar com o poder não fica atrás. E poucos poderes se comparam aos poderes que a religião pode exercer sobre indivíduos e sociedades. Lidar com a religião é lidar com o desconhecido e o desconhecido nos amedronta. Diante dela a indiferença não é a marca. Assim, os que lideram a religião, sem ética, transformam-na em instrumento de poder. E a história demonstra muito bem que, em face disso, a religião sempre tem sido um dos eixos geradores de conflito interpessoal e social.


Religião e dinheiro estão presentes no sul do Brasil de forma diferenciada das demais regiões do país. Reconhecer isso é essencial para qualquer projeto de evangelização. Se não ficar claro que nosso objetivo evangelizador é manifestar o amor de Deus, trabalhando para que tal amor supere nossas diferenças religiosas e econômicas e nos mova em direção de uma convivência cooperadora e não competidora, solidária e não opressora, poderemos até sermos bem sucedidos em termos de empreendimento, mas jamais, em termos de fé, no sentido cristão presente na vida de Jesus.


Ao orarmos pelo sul do Brasil, oremos por nós que pretendemos evangelizá-lo, a fim de que tenhamos clareza de propósito e motivação em nossa ação.


Abraços do seu pastor,

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Vocacionados - Obreiros para a Seara - 28.06.12 - 67/100 dias de oração pelo Brasil

O que é exatamente vocação? Como ela se dá? Podemos dar diversas respostas para essas perguntas, mas a experiência é tão individual e subjetiva que dificilmente encontramos um padrão que enquadre todas as pessoas. O que sabemos é que as pessoas que se declaram vocacionadas, geralmente afirmam que são movidas por uma voz interior, por sentimentos interiores profundos que, se disserem não, se sentem como se estivessem sendo desobedientes. Mesmo sendo bem sucedidas em sua caminhada de vida, atuando fora da "vocação", sempre se lembrarão de que não fizeram o que acreditam que deveriam ter feito.

Vocação não é uma faca colocada no pescoço de alguém que, ou responde positivamente ou morre. Mas, certamente, quando se consegue unir vocação e sustento econômico a pessoa se sente muito mais feliz.


Honestamente falando, não creio que vocação seja experiência exclusiva do universo religioso. Entendo que vocação é uma experiência espiritual, que brota no coração humano, fruto não de uma determinação, de um destino, mas da coincidência de uma série de fatores que envolvem o desenvolvimento da vida de um ser humano, que acabam por levá-lo em determinada direção. Tal "coincidência" faz parte da projeto vida - obra divina - tal qual a vida é.


Não excluo, claro, situações excepcionais nas quais uma pessoa declara ter ouvido a voz de Deus, fato que a impulsionou a tomar determinada decisão atípica e a escolher determinado caminho. Quando isso ocorre, as consequências são tão notáveis que é muito difícil provar que não houve uma vocação "extra-ordinária". Tome-se como exemplo o caso de Abraão que, tendo ouvido a voz de Deus (e ninguém sabe como isso se deu), iniciou uma peregrinação que culminaria não só com o surgimento de uma das nações mais emblemáticas da história da humanidade, mas também da qual originaria o homem que mais influenciou e continua influenciando pessoas: nosso senhor Jesus Cristo.


Creio também na vocação de uma coletividade. Isso se dá quando um conjunto de pessoas têm sentimentos semelhantes em relação a determiniada situação e decidem agir cooperativamente no sentido de realizar a "chamada".


Porém, o mais importante aqui não é discutir o mérito da vocação, mas estimular pessoas a serem sensíveis à voz que vem do coração. Não de forma irresponsável, irrefletida, bruta, mas de forma tranquila, consciente, em espirito de oração, de comunhão com Deus. Além disso, ao ouvirmos esta voz interior, este chamado que brota da alma, entendamos que isso não significa que não precisemos nos preparar para concretizar o chamado. Jesus e Paulo, por exemplo, tiveram seu tempo de preparo. Os discípulos de Jesus tiveram seu tempo de preparo. Vocação, portanto, não indica que um preparo seja desnecessário. Pelo contrário, ela nos motiva ao aperfeiçoamento, a fim de que os resultados de nossa ação sejam eficientes e eficazes.


Precisamos muito que mais pessoas sejam sensíveis à voz de Deus no que se refere à ação no mundo. Não apenas para dirigir instituições religiosas ou executar programas de expansão da fé, mas sobretudo para agir como sal e luz do mundo. Assim podemos contribuir no sentido de construirmos uma vida onde reina o amor e todos os seus efeitos, seja em relação a Deus, em relação a si mesmo, em relação ao próximo ou ao meio ambiente onde a vida se desenvolve.


Abraços do seu pastor,

Proclamação da Palavra de Deus para todos os brasileiros - 27.06.112 - 66/100 dis de oração pelo Brasil

Quando penso em "palavra de Deus", três idéias me ocorrem.

A primeira está relacionada a Bíblia. Esse é tema essencial, dogmático até, para os protestantismos. Há divergências na forma de interpretá-la, mas há convergência quanto a sua autoridade para os cristãos.  É que, em contraposição à autoridade de tradições construídas entre os séculos IV e XVI pela Igreja católica, Lutero, mesmo fazendo restrições à Carta de Tiago (a qual chamava de palha) e ao Apocalipse, levantou a bandeira do "sola scriptura", não no intuito de engarrafar, digo, encadernar a "palavra de Deus", mas de definir que todas as tradições e ações da igreja deveriam passar pelo crivo das Escrituras. Mesmo a história posterior tendo demonstrado que isso não foi capaz de padronizar o pensamento, os sentimentos e, consequentemente, a prática da igreja, podemos constatar o quanto ela foi essencial à maneira como se passou a fazer teologia e, porque não, política (Leia "A Bíblia inglesa e as revoluções do século XVII").

A segunda idéia que me ocorre é da palavra de Deus como toda manifestação que brota no coração humano levando-o a agir em favor da vida. Abraão, por exemplo, quando ouviu a voz de Deus, não tinha acesso sequer aos primeiros 5 livros do Velho Testamento, pois isso se deu, segundo Paulo aos Gálatas (3.17), 430 anos antes de Moisés. Porém mudou não somente o rumo de suas história, mas também da história da humanidade. Paulo declarou nunca ter se cansado de "anunciar todo conselho de Deus" (At. 20.27) quando todos os textos do Segundo ou Novo Testamento ainda não estavam prontos, nem o Primeiro ou Velho Testamento havia sido canonizado pelos judeus, nem o Segundo, pela Igreja.

A terceira idéia que me vem é palavra de Deus significando o Cristo encarnado, nas palavras de João: "
No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus" (Jo 1.1), e ainda: "Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele".

A palavra de Deus que proclamamos é, acima de tudo, a pessoa de Jesus. Isso não significa que Deus não fale aos nossos corações, sobre outras questões relacionadas à vida, nem que o que ele fala ao nosso coração pode contrariar as Escrituras quando adequadamente interpretadas, à luz da vida e ministério de Jesus.


Proclamar a palavra de Deus é proclamar Cristo como aquele que encarnou o sentido da vida, a palavra de Deus. Significa proclamar que Deus continua falando livremente aos nossos corações e que colocou à nossa disposição um conjunto de textos que cremos terem sido inspirados, os quais revelam a pessoa de Jesus e são norte para nossa caminhada nesta vida.


Proclamar a palavra de Deus, portanto,  não significa entrar numa disputa político-ideológico-mercadológica em favor da Bíblia, mas levar a sério a vida de Jesus na própria vida, a fim de que nossas atitudes e ações falem muito mais alto do que nossas palavras, em favor dos necessitados.


Abraços do seu pastor,

terça-feira, 26 de junho de 2012

Policiais e Agentes de Segurança Pública - 26.06.112 - 65/100 dias de oração pelo Brasil



Quando criança, lá em Garça, a única viatura de polícia da cidade era um JEEP todo preto e branco. Seja pelas cores ou por uma piada já à época preconceituosa, ela era conhecida como "corintiana". Quando um garoto queria assustar o outro gritava: "olha a corintiana!" e todos davam um jeito de se esconder, pelo medo de ser preso.

Cresci, o medo se foi, mas tornei-me uma pessoa empenhada em respeitar as leis, bem como os policiais e demais agentes de segurança pública. Lamento, então, quando vejo notícias de crianças sendo mortas por algum deles e de adultos os olhando não como alguém que é treinado e pago para garantir nossa segurança, mas como um adversário da população.

Lembro-me da admiração de meu filho quando compartilhava comigo que uma colega de escola, em Coral Springs, disse que se tornaria policial. Quantas crianças sonham com isso no Brasil? Esta falta de admiração é fruto de uma série de fatores, na maioria absoluta deles, alheios ao agir dos policiais. Eles, em sua quase totalidade, são pessoas  do bem que, com condições mínimas seja de remuneração, de capacitação ou de equipamentos para trabalhar, expõem suas vidas diuturnamente em nosso favor.

Se alguns agem favoravelmente diante de enriquecidos e de forma truculenta diante de empobrecidos, isso é um reflexo da cultura geral no país. Nos não olhamos as pessoas pelo que são, mas pelo que tem ou, pelo menos, parecem ter.

Hoje estamos aqui orando pelos policiais e agentes de segurança pública. São um dos segmentos que mais sofrem no sistema  público brasileiro que, por sua estrutura geral, nega o direito à vida de boa qualidade à maioria de seus participantes.

Lutar por uma sociedade melhor, significa também lutar para que o processo de seleção para o exercício dessas funções e as condições oferecidas para o trabalho sejam melhores. Significa trabalhar para que cada profissional desta área tenha acesso a Jesus, não como um protetor místico para momentos de conflito, mas como aquele que torna possível uma relação saudavel com Deus, como um referencial de vida no que se refere a valores a serem observados.

Abraços do seu pastor,

Crianças em situação de vunerabilidade - 25.06.12 - 64/100 dias de oração pelo Brasil

Dentre as muitas coisas que me chamavam a atenção, nas ruas do sul da Flórida, USA, uma eram as placas de trânsito em áreas residenciais com os dizeres: "cuidado com as nossas crianças". Outra eram os semáforos que, nos horários de saída ou entrada de alunos, reduziam drasticamente a velocidade dos carros nas ruas ao redor de escolas. Um outro exemplo eram os ônibus escolares. Quando paravam para uma criança descer, uma placa de PARE nele fixada se abria e todos os carros paravam até que ela se fechasse. Seja pelo respeito consciente, pelo ostensivo policiamento ou pelo valor das multas, o fato é que era perceptível a obediência dos motoristas.

Uma criança foi encontrada andando em um condomínio fechado de casas. Após isso, os pais, brasileiros, récem chegados àquele país, se viram com a polícia e, depois, durante algum tempo, passaram a receber regularmente a presença de assistente social com o objetivo de constatar se, de fato, a criança não havia saído de casa por maus tratos.

Não faço esta menção pelos motoristas, policiais ou assistentes sociais, mas pelas crianças. O cuidado com elas não era apenas um discurso, mas uma prática. A desobediência era efetivamente punida.

Por razões que não vem ao caso, a sociedade brasileira ainda está longe de ser uma sociedade cujos participantes se respeitam. O desrespeito é tanto com a criança, quanto com o idoso. Ele se manifesta nas relações eclesiásticas, nas relações acadêmicas, nas relações de consumo, na vida condominial, no trânsito, enfim.  E quando a lei é descumprida, o desrespeito se manifesta mais uma vez quando o pobre que cometeu a ilegalidade vai preso e o rico, aguarda em liberdade até o crime prescrever.

Não, não estou aqui querendo dizer que os Estados Unidos é tudo de bom e o Brasil tudo de ruim. Apenas quero dizer que há sociedades nas quais o respeito ao ser humano, especialmente às crianças é real. Por isso, há esperança para a sociedade brasileira, pois não somos seres inferiores. É verdade que a nossa "cordialidade" chega a ser burra a ponto de aceitarmos a opressão e a injustiça calados e, pior, fazendo piada em coro, desmoralizando quem reage. Somos, em geral, mau governados em todos os níveis de administração pública, especialmente nas questões relacionadas à educação, que é ponto essencial para uma mudança de mentalidade.

Não nos iludamos. Priorizar a criança, dando-lhe atenção e cuidado especial é muito importante, mas, se isso for feito como ação isolada, a criança crescerá e será contaminda pelo sistema. Somente se nos empenharmos a romper o sistema, em seus principais pontos de influência, conseguiremos alterar a realidade. Essa ruptura não pode ser apenas através de discursos, nem de atos isolados. Ações realizadas em conjunto, seja nas áreas espirituais, éticas, políticas, econômicas, enfim podem fazer com que algo bom aconteça e haja esperança para nossas crianças.

Começar pela ênfase na criança é essencial, pois ela é a parte mais vunerável. Mas ter a visão do todo e como cada parte influencia a outra é um aspecto que merece nossa reflexão e oração.

Abraços do seu pastor,

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A Região Norte: Panorama, Necessidades e Desafios - 24.06.12 - 63/100 dias de oração pelo Brasil

Orar pela Região Norte do Brasil não é difícil para mim, pois, como já disse no texto "Povos Ribeirinhos da Amazônia", Gláucia nasceu nela, mais precisamente em Itacoatiara, AM. Portanto, desde 1981 iniciei uma aproximação com aquela região, primeiramente através de informações, depois, de visitas.

Viajar à região norte é impressionar-se com a extensão aparentemente sem fim da Floresta. Olhando do avião, parece um oceano verde. Do alto, porém, não dá pra se ter idéia da quantidade e riqueza de vida que se desenvolve em suas entranhas. Mas dá pra avaliar a importância dela para nós brasileiros e para todo o planeta.

Claro que os interesses de outros países, especialmente os do primeiro mundo, em favor da preservação da floresta são múltiplos. Ela é bastante importante seja pelo oxigênio que produz, pela biodiversidade ou até mesmo pelo que esconde em seu solo. Para nós, porém, neste dia em que oramos pela Região Norte, sem desprezar a importãncia da floresta para o meio ambiente, é importante que oremos pelas pessoas que nela vivem.

Lembro-me de que na década de 80, em uma das primeiras vezes que lá estive, o assunto da hora era as restrições
que estavam sendo estudadas para venda de motoserras. Conversando com um morador ele dizia o quanto tal medida poderia influenciar negativamente a vida dos moradores. Dizia ele que, se o país tinha interesse em preservar as matas, deveria compensar os nativos dando-lhes alternativas economicamente sustentaveis de vida.

Sem entrar no mérito do assunto, parece óbvio o oferecimento de alternativas aos moradores, se defendemos a manutenção do verde, de onde ele tira seu sustento. Por isso, ao falar a respeito do assunto "preservação da amazônia", é essencial quem pensemos não somente nos interesses de quem está de fora, mas também e especialmente, nos dos lá nasceram e vivem.


Além disso, nunca é demais lembrar que as necessidades dos moradores da região norte são semelhantes a de todos os seres humanos, no que se refere à vida espiritual. Portanto, se agir em favor da defesa do meio ambiente, oferecendo alternativas sustentáveis a eles é importante, mais importante ainda é oferecer-lhes alternativa sustentável para preencherem o vasio existencial e espiritual de suas vidas.


Por termos experimentado o que a confiança na graça de Deus manifesta em Cristo oferece, é legítimo que compartilhemos tal experiência, bem como os ensinos que nos levaram a ela. Compartilhar a fé em Jesus, segundo os registros dos evangelhos, além de importante à vida dos que a recebem, também deve conduzí-los a lidar com o meio ambiente de maneira mais consciente, até porque o evangelho visa a vida em sua integralidade e não apenas sua dimensão espiritual.


Abraços do seu pastor,

sábado, 23 de junho de 2012

Etnias no Brasil - 23.06.12 - 62/100 dias de oração pelo Brasil

Hoje os batistas brasileiros estão orando pelas etnias existentes no território brasileiro, cujos números giram em torno de 225, nas quais se fala 180 linguas diferentes. A precisão dos números não é o mais importante aqui. O importante é reconhecermos que, se uma etnia se caracteriza pelo conjunto de característicos linguístico-culturais (religião, vestuário, alimentação...), viver num território sob as mesmas leis, não significa que somos uma massa étnica homogênia. A diversidade é a marca da sociedade chamada brasileira. (Diga-se de passagem, diversidade não somente étnica, mas também racial).

Isso pode ser obvio para quem chegou aos níveis mais elevados da academia, mas para a imensa maioria que não teve acesso a estudos em níveis médio e superior, a idéia que se tem é que a cara do Brasil é identica a sua ou, quando muito, a dos que aparecem na televisão. Mais desafiador ainda é o desdobramento desse tipo de pensamento: se a minha cara é um retrato da população brasileira, em termos de religião tolero os diferentes, mas não sou capaz de reconhecer o direito do outro ser diferente.


Quem tolera tem a firme crença de que seu modo de pensar é o 100% certo e que o do outro é o 100% errado, mas que, por um ato de bondade, respeito, enfim, permite que o outro continue com suas crenças. O fato, porém, é que ser diferente é inerente à condição humana e, por isso, deve ser reconhecido e não apenas tolerado.


Claro que, em face de diferenças muita vez acentuadas, é preciso leis que estabeleçam padrões para a convivência. E tais leis devem ser justas, possibilitando que todos - não apenas os mais ricos, os mais brancos ou os da religião mais antiga ou com mais fiéis no território - sejam tratados de forma igual tanto diante da lei quanto do tratamento e oportunidades sociais.


Tal reconhecimento aumenta o desafio da evangelização. Descobrir o que é essencial e universal no evangelho distinguindo do que é acidental e particular é um trabalho hercúleo. Como fé é, antes de tudo, uma experiência subjetiva que envolve essencialmente sentimento, elaborar um pensamento teológico exige abertura ao diálogo, reflexão, leitura, estudo, enfim. Sem isso confundiremos evangelizar com colonizar, acreditando que uma pessoa evangelizada é aquela que passa a  adotar os mesmos costumes nossos. A preguiça de pensar nos leva a acreditar que a única forma de ser cristão é aquela que, no caso protestante brasileiro, foi trazida pelos missionários norte-americanos da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos da primeira metade do século passado.


Intrigante e digna de oração é a política de preparo ministerial, crescente em nosso meio, de se fabricar obreiros como se produz refrigerante. A priorização do expansionismo numérico e de conquista de espaços sócio-geográficos, inspirada no mercado, faz com que um discurso seja definido e engarrafado na cabeça de pessoas que devem se tornar reprodutoras dele. A liberdade de pensamento e de cátedra acaba sendo ameaçada em nome de uma evangelização baseada em modelo de mercado, como que para competir com empresas que comercializam através da religião, inclusive no rádio e televisão.


Sem a devida qualificação, como alguém conhecerá e reconhecerá as diferenças étnicas? Como alguém será capaz de distinguir o que é essencial do acidental ou o que é permanente do que é transitório ou o que é espiritual do que é cultural? Como alguém diferenciará evangelho de marketing ou o compartilhar o amor de Deus da sedução de corações? 


Todos dizemos que "a pressa é a inimiga da perfeição", mas quando se trata de preparo teológico-ministerial, esse pensamento está sendo desvalorizado. Então, se nos comprometemos com aquilo pelo que oramos, chegou a hora de orarmos intensamente a fim de que, em face da multiplicidade étnica brasileira, o trabalho de evangelização seja precedido de preparo teológico adequado. 


Oremos, então, pelas diferentes etnias e também por nós que somos movidos a compartilhar o amor de Deus com elas.

Abraços do seu pastor,

sexta-feira, 22 de junho de 2012

A importância da oração no dia a dia da família pastoral - 22.06.12 - 61/100 dias de oração pelo Brasil

Nos tempos de seminário, vez por outra a conversa sobre vocação pastoral e a relação com sua família vinha à tona. O consenso era: o pastor precisa estar sempre em diálogo com sua família, pois ele é vocacionado para a função que exerce, mas seus filhos necessariamente não.

 Até mesmo a esposa do pastor não tem que ter, necessariamente, a mesma vocação do marido-pastor. É até bom, dependendo do perfil de personalidade dos dois, que não tenha. Mas, se ela não se sentir vocacionada para ser esposa de alguém que exerce a função pastoral, dificilmente ele conseguirá se manter no ministério. Pra mim, ser esposa de pastor exige um tipo de específico de vocação: ser esposa de pastor. Ela deve ter liberdade para ser e fazer escolhas de uma esposa comum, mas deve ter consciência de que a atividade pastoral, por todos os simbolismos que a envolve, quando levada a sério, é incomum.

 Creio, também, ser importante destacar a idéia: (o pastor) "ser vocacionado para a função que exerce", pois há também um sentido amplo de vocação aplicado a todos. Nesse sentido, as exigências e respeito ao modo de ser da família do pastor devem ser os mesmos de todas as famílias da igreja.

Há muita família de pastor destruída por querer atender as expectativas de "crente manipulador" ou vivendo de fachada, para garantir a "autoridade" do pastor. Só não consegue ser família. Isso acontece, inclusive, pelo mal uso da frase: "se o pastor não cuidar de sua própria casa, como cuidará da igreja?" Em outras palavras: se ele não trouxer sua família no cabresto, impondo que ela seja como as pessoas esperam que ela seja, não terá capacidade de trazer a igreja no cabresto, para que ela seja o que ele e outros decidem que ela deve ser.

Creio, então, no contexto dessas palavras, que a maior importância da oração no dia a dia da família pastoral é para que ela encontre força e coragem para ser família de gente, de carne e osso, e não a expectativa de crentes indispostos ou incapazes de pensar o signficado e aplicação de textos bíblicos.

 Ser uma família de oração é ser uma família na qual os componentes aprendem a importância de viverem em comunhão com Deus, ouvindo sua voz e expressando seus sentimentos e pensamentos, num diálogo íntimo. Se conseguirem reservar um horário do dia para exercitarem esta comunhão juntos, ótimo! Se não conseguirem, que tenham a consciência e o compromisso da importância da "vida de oração" para serem capazes de ser não o que determinados crentes esperam e até exigem, mas de ser pessoas comuns que amam a Deus e querem seguir a vida em paz com ele e com os semelhantes.

 Se cada membro da família pastoral, por vocação própria, atuar na estrutura eclesiástica, muito bom! Se não, isto é, se cada um encontrar seu papel no mundo e optar por exercer sua vocação em outras estruturas sociais, muito bom também! O importante é que:  "se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor" (Rom.14.8).

Ore, então, pela família do seu pastor, para que ela seja capaz de ser simplesmente família, com erros e acertos a que todas têm direito.


Abraços do seu pastor,

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Poder Judiciário: A Busca Pela Justiça - 21.06.12 - 60/100 dias de oração pelo Brasil

O Poder Judiciário aumenta, a cada dia, sua visibilidade e deixa mais clara sua importância para a sociedade não somente em termos de justiça, mas também em termos políticos. Com o amadurecimento da democracia, liberdade de imprensa e fortalecimento das insituições fiscalizadoras, o povo vai percebendo mais nitidamente erros e acertos deste Poder.

Todos sabemos que ocorre com os que nele trabalham o mesmo que ocorre em qualquer atividade: há profissionais honestos e desonestos.
A presença de gente ruim em uma instituição não signfica que todos são ruins. Não podemos dizer que uma sociedade seja violenta, com base nas notícias de fatos ruins. Se as coisas boas que acontecem no cotidiano fossem noticiadas, veríamos que são em número infinitamente maior. O mesmo ocorre com o Poder Judiciário. Há muito profissional bom, honesto, fazendo seu trabalho fora dos holofotes. Pessoalmente, portanto, creio que a maioria é honesta.

Porém, quando avaliamos uma instituição, procuramos os erros, o que precisa ser melhorado,
sem desprezar os acertos, como faz um dentista quando olha nossos dentes. Essa é a única maneira não só de se manter as coisas nos eixos, mas também de se conseguir aperfeiçoamento. O fato, então, da mídia veicular casos escandalosos do Poder Judiciário (inclusive por interesses político-econômico de seus donos) não nos deve deixar desesperançados. Se bem entendido por nós, pode ajudar na melhoria do sistema.

Por mais que se diga que juiz não faz justiça, apenas julga causas à luz da lei, sabemos que, entre o que está escrito e o julgamento que se faz, por mais que haja determinação pela neutralidade, sempre há um ponto em que o sentimento do árbitro influencia. Como em qualquer interpretação, não é preciso conhecer a teoria de construção do conhecimento de Piaget para se saber que toda interpretação é resultado dos significados em nós introjetados culturalmente. Com o juiz não é diferente. O que nos preocupa e deve ser combatido é quando sua interpretação é fruto de corrupção. Isso, infelizmente, ganha cada dia mais espaço na imprensa. Como nossa vida financeira é, não por acaso, pouco transparente e fiscalizada, a corrupção corre solta e muita injustiça se comete.

Também, mesmo reconhecendo que juiz não julga pessoas, julga processos, acredito que isso não se dá de forma mecânica, puramente objetiva, sem um quê de intuição, de sentimento. A sobrecarga de processos, por exemplo, seja pela quantidade de causas ou pelas infinitas possibilidades de recursos e até mesmo o que ele pensa e sabe preliminarmente a respeito de quem advoga a causa, influenciam seu sentimento, sua predisposição, sua forma de julgar e o resultado final do seu trabalho.

O que penso é que, mesmo reconhecendo que o que norteia um juiz é a emissão de julgamento com base na lei e não em abstrações e que o que ele julga é o processo e não as pessoas envolvidas, esses princípios não são absolutos, nem os torna invulneráveis ou não influenciáveis.

Assusta-me a postura de dois ou três ministros da suprema corte brasileira. Também tenho críticas, como cidadão, ao funcionamento do sistema. Reconheço os prejuizos da lentidão nos julgamentos e os efeitos negativos disso na vida da sociedade. Por isso, oro e trabalho para influenciar, mesmo com poderes mínimos próprios da cidadania no Brasil, o aperfeiçoamento do sistema, "para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade
" (I tim 2.2).

Abraços do seu pastor,

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Terceira Idade - 20.06.12 - 59/100 dias de oração pelo Brasil

Gosto do mandamento que diz: "Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor, o teu Deus, te dá" (Ex. 20.12), pois ele também nos remete à questão da "terceira idade". O texto não visa orientar-nos  a tratar os pais com honra somente em caso de idade avançada, mas sabemos que a probabilidade deles precisarem de nós aumenta, à medida que a idade avança. Então, cuidar deles e ensinar os filhos a fazerem o mesmo é a melhor maneira de garantirmos o prolongamento da vida humana, inclusive a nossa.

Alguém poderia dizer: "esta não é a melhor motivação, pois traz em si uma dose elevada de egoísmo". Pode até ser, mas ter consciência de que um dia chegaremos lá e precisaremos de maior cuidado não deixa de ser uma boa motivação para cuidarmos bem dos que lá já chegaram. Se assim não fosse, Jesus não teria cunhado a idéia: "Como vocês querem que os outros lhes façam, façam também vocês a eles". (Lc. 6.30) 

  Em maior ou menor grau, todos precisam de maior suporte na "Terceira Idade". Lembremo-nos: o avanço científico-tecnológico aumenta o tempo e melhora a qualidade de vida, mas não é capaz de paralisar o processo de envelhecimento e a realidade do fim desta vida, inclusive da minha e da sua.


Evidente que há razões, digamos, mais profundas para o respeito à "Terceira Idade". O respeito à vida e, especificamente, ao ser humano, por exemplo, é uma delas. Quanto mais aprendemos a respeitá-la, a valorizá-la em suas múltiplas manifestações, maior será nosso respeito a todas as pessoas.  Os idosos, entretanto, devem merecer destaque tanto pelo acúmulo de experiências e conhecimentos que beneficiam a trajetória humana, quanto pela própria condição de menor vigor e percepção que os caracteriza. 

A questão é que respeitar a vida não tem recebido a devida valorização, inclusive pelo espírito extremamente materialista que caracteriza nosso tempo. Estamos cada vez menos olhando o outro como criado a imagem e semelhança de Deus e cada vez mais como um competidor, uma ameaça, uma pedra em nosso caminho ou um objeto a nosso serviço.

Lembro-me de um dirigente de banco que, conversando comigo, depois de ter tomado "algumas", disse: "pastor, cheguei onde cheguei porque, cada vez que um cliente estava do outro lado da mesa em busca de empréstimo, eu pensava: este cara quer me roubar, preciso me cercar de todos os cuidados possíveis".

 Outro aspecto: não basta sermos ensinados a  valorizar a vida, a olhar o outro de maneira favorável, se as estruturas que sustentam a sociedade nos conduzirem em direção oposta.  Por exemplo: quanto menor a oferta de empregos e maior o número de pessoas necessitadas deles, mais o outro se torna uma ameaça. Respeito mútuo, portanto, é sim, uma questão de espiritualidade e de educação, mas acentua-se de acordo com a forma como a sociedade se estrutura.
Então, pouco adianta enfatizarmos o valor do idoso se não fomos ensinandos a respeitar o ser humano, nem desenvolvermos estruturas sociais nas quais a cooperação fale mais alto do que a competição, especialmente a competição sem ética.

Os idosos precisam de nossa atenção e é bom que haja interesse por suas necessidades e direitos, mas melhor será se houver investimento no direito de todos, em todas as fases da vida.

Oro por minha própria vida e convido-o também
a orar pela sua. Oremos e trabalhemos por estruturas sociais mais justas e amorosas. Oremos pela maneira como enxergamos o outro, com destaque para uma maior consciência da importância do cuidado com o idoso.

Abraços do seu pastor

terça-feira, 19 de junho de 2012

Multiplicação de igrejas - 19.06.12 - 58/100 dias de oração pelo Brasil


Houve um tempo em que multiplicar igrejas não implicava em custos financeiros como os de hoje. Os envolvidos no processo não precisavam, por exemplo, criar estatuto, ter CNPJ ou abrir conta bancária. Não se ocupavam com a difícil tarefa de encontrar terreno bem localizado em metrópolis, comprá-los, construir templos, pagar água, luz, telefone, internet, contabilidade, zeladoria (e todas as implicações fiscais, trabalhistas e previdenciárias decorrentes e, vez por outra, pagar advogado para defender-se judicialmente); nem selecionar um pastor com formação superior, oriundo de seminário, tendo que oferecer-lhe salário que cubra alimentação, vestuário, habitação, educação dos filhos, transportes, FGTM, plano de saúde, etc.. 

Houve um tempo em que multiplicar igrejas não implicava em participar de sistema cooperativo empresarialmente estruturado com todas as implicações administrativas, políticas e financeiras decorrentes.

Houve um tempo em que multiplicar igrejas não implicava em ter que optar, dentre milhares de alternativas, por subordinar-se a um ou a nenhum conjunto sitematizado de princípios e doutrinas.

Houve um tempo em que multiplicar igrejas não implicava em ter que ocupar-se com "denominação" ou, na linguagem empresarial, marca de fantasia. Exatamente no momento em que escrevo esta reflexão, acabo de ler um e-mail enviado de dentro de avião, na rota Miami-Lima, por um membro da IB da Graça.SSA. Ele compartilha a história de uma das igrejas que visita quando está nos Estados Unidos, em suas viagens a serviço de uma multinacional. Ela está avaliando a possibilidade de retirada da marca denominacional (ainda que permaneça vinculada à sua denominação), porque pesquisa indica que aproximadamente 29% da população jamais entraria em igreja com aquela "marca", em torno de 20% entraria, mas com ressalvas e os resultados, segundo a pesquisa, seriam piores vinculando-se a "marca" da igreja à da convenção com a qual coopera.

(Diga-se de passagem, uma igreja de referência para milhares de líderes evangélicos no mundo, a Saddleback Church, optou por não usar a marca de sua denominação por motivos semelhantes. Por isso, já tem sido copiada no Brasil, não sei se por resultado de pesquisa ou  mera imitação).

Não faço tais ressalvas por saudosismo. Não sou do tipo que vive com os olhos prioritariamente no retrovisor. Nem cito isso por lamentar que as coisas estejam como estão. A vida passa e as estruturas sociais se modificam. Quem não é capaz de "ajustar-se", morre mais depressa e quem se "ajusta" irrefletidamente, também. A igreja tem mesmo que ser contemporânea, respondendo aos desafios do seu tempo.

Faço tais ressalvas para fazer uma comparação. A multiplicação das igrejas, citada no Novo Testamento, não se inspirava no modelo de produção em  série, como no capitalismo pós-industrial, porque igreja não era vista como ponto de captação de recursos ou venda de produtos religiosos. Em vez de inspirar-se no mercado, procurando um nicho para explorar, inspirava-se na "coragem do Espírito Santo"; num caminhar reverente diante do Senhor, na edificação mútua e valorizando a paz.
Ou, como Lucas descreve: "A igreja passava por um período de paz em toda a Judéia, Galiléia e Samaria. Ela se edificava e, encorajada pelo Espírito Santo, crescia em número, vivendo no temor do Senhor." (At. 9:31).  A multiplicação não era objetivo, mas consequência; não era a razão de ser, mas, decorrência.

Tenho ciência dos desafios do nosso tempo, tanto quanto da importância que a igreja pode ter para a sociedade, como sal da terra e luz do mundo. Por isso, oro ao Senhor no sentido de que Ele, não discursos vagos, seja nossa inspiração na adoração, na comunhão, no discipulado, na proclamação, no serviço e, naturalmente, na multiplicação de igrejas.


Abraços do seu pastor,

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O Fruto do Espírito na Vida Familiar - 18.06.12 - 57/100 dias de oração


"Se, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos" (Gal. 5.15)
Esse verso faz a ponte entre a realidade que se manifestava no coração da igreja da Galácia e o desejável a ser perseguido.

A realidade apontava um conflito entre os que defendiam que a igreja deveria ser norteada pela lei (simbolizada na exigência da circuncisão) e vida sob a graça divina, conforme revelada a Paulo.

Não só isso. Por ser a vida na graça algo novo, a igreja ainda estava aprendendo a conviver com seus efeitos colateriais. Um deles era o mau uso da liberdade.

Paulo ensina que a liberdade deveria ser usada para uma vida de serviço movido pelo amor. Se isso não fosse observado, haveria destruição mútua. Daí o texto:
"se, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos" (Gal. 5.15)
Em seguida, caracteriza as diferenças dos efeitos da vida sob a pressão da lei e dos efeitos sob a liberdade da graça.

A vida sob a lei, também entendida como a vida na carne, produziria: "prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras discórdias, dissenssões, facções, invejas, bebedices, glutonarias", etc..

A vida sob a graça, em oposição, produziria: "amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio", também conhecidos como "fruto do Espírito".

Pense, então, na realidade de sua família hoje. Leia cada palavra que caracteriza o fruto da carne e o fruto do espírito e anote qual deles está presente em seu lar.

Qual foi a conclusão? Em sua família predomina a lei ou a graça? O fruto da carne ou o fruto do Espírito?

Peça a Deus, em oração, que te ajude a cooperar para que, em sua família, prevaleça o fruto do Espírito. Isso fará com que, em vez de tristeza, ódio ou medo, predomine um saudável e construtivo ambiente alegre e amoroso.


Abraços do seu pastor

domingo, 17 de junho de 2012

Plenitude de Deus - Vida cheia do Espírito Santo - 17.06.12 - 56/100 dias de oração pelo Brasil

Pode parecer paradoxal, mas acredito que quanto mais cheios do Espirito de Deus, mas plenamente humanos nos tornamos.

É simples: Deus não nos criou para nos tornarmos deuses como ele, mas para sermos humanos.

Tanto é assim que, depois de ter esclarecido que a distribuição de dons à igreja visava "o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo", Paulo completa:
"Até que todos cheguemos a unidade da fé, , e ao conhecimento do filho de Deus, a homem perfeito, a medida da estatura completa de Cristo"(Ef. 4.13)

Homem perfeito não é homem sem defeitos, mas que cumpre a finalidade para o qual foi criado.

Se não fomos criados para evoluirmos até nos tornarmos anjos, como muito bem disse Robb Bell em SEX GOD, muito menos o fomos para nos tornarmos deuses.

Daí, também, ser Cristo nossa "medida de estatura". Justamente ele que, "
embora sendo Deus não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se;   mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo tornando-se semelhante aos homens". (Fp 2.6-7)

Não é demais nos lembrarmos, também, que na narrativa poética da criação, o que atraiu Eva a ceder à proposta da serpente, foi justamente a oferta tentadora da possibilidade dela tornar-se igual a Deus no conhecimento do bem e do mal.
   "Disse a serpente à mulher: "Certamente não morrerão!   Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês, como Deus serão conhecedores do bem e do mal"." (Gen. 3.4-5) 

A idéia, portanto, de que quanto mais cheios da presença de Deus, mas nos alienamos desta vida, de nossa humanidade, não se sustenta. É equívoco acreditar que a plenitude de Deus se torna realidade quando nos isolamos do "mundo", como monges ou eremitas. Jesus orou com muita clareza: "Não peço que os tires do mundo, mas que os livre do mal" (Jo. 17.15) .

Aceitemos, então, nossa condição e abramos o coração para sermos cheios Espírito Santo de Deus, a fim de vivermos de maneira saudável, glorificando a Deus através da plena humanidade.

Abraços do seu pastor,

sábado, 16 de junho de 2012

Unidade e Cooperação entre as Igrejas e Organizações - 16.06.12 - 55/100 dias de oração pelo Brasil

Unidade e cooperação, eis dois importantes elementos na caminhada das igrejas.

 Da unidade, considero importante destacar que não é sinônimo de uniformidade. Pelo contrário, sempre que um dos lados envolvidos na unidade entende que a manutenção dela depende da uniformidade no modo de ser, sentir, pensar ou agir, misteriosamente ela se fragiliza e até se rompe. 

Isso ocorre porque quem acredita na uniformidade nunca é altruista o suficiente para abrir mão do seu modo de ser, e encaixar-se no modo de ser alheio. Pelo contrário, sempre se acha, narcisicamente, o dono da verdade, o espiritual, o bem intencionado, "o salvador da pátria". Portanto, o outro que se corrija, que abra mão do seu modo de pensar e sentir e se conforme. Daí o slogan da ditadura militar: "Brasil, ame-o  ou deixe-o". A manifestação do amor, porém, tinha que ser de uma única forma: a dos militares.

 Unidade pressupõe um acordo para concordar em discordar. Somos diferentes. Podemos e até devemos dialogar sobre nossas diferenças, seus efeitos sobre a vida de ambos e até mesmo das instituições das quais fazemos parte, mas isso com respeito, lealdade, sem politicalha e autoritarismo. Como não abrimos mão do nosso modo de ser em favor do modo do outro e, geralmente, para fazer prevalecer nosso jeito, "os fins justificam os meios", adeus unidade! 

Unidade e cooperação não se separam. A cooperação é necessária sempre que reconhecemos pelo menos duas coisas: 1) o outro tem algo que preciso e não tenho; 2) o que o outro e eu temos é insuficiente para alcançarmos o que ambos desejamos. Como essas duas coisas fazem parte do cotidiano da vida, o espírito de cooperação e a disposição para cooperar precisam estar sempre presentes em nós. Se o que um deseja é diferente do outro, a cooperação é afetada. Daí a necessidade constante de diálogo.

  Falando particularmente da cooperação existente entre igrejas batistas e suas convenções, ela se dá de pelo menos 3 maneiras: 1) através da oração; 2) através do know-how de membros das igrejas; 3) através da doação financeira. 

Cooperar com oração parece fácil, mas a impressão que temos é que nem todos as partes envolvidas de fato oram pela cooperação denominacional. Isso porque, se a própria oração (aqui entendida como comunhão com Deus na qual  ambos os envolvidos - Deus e o ser humanao - ouvem e falam) é retrato de cooperação, por que há quem se beneficie do resultado da cooperação, mas não demonstra esforçar-se para fazê-la acontecer? 

Por know-how, refiro-me a doação que membros das igreja fazem do seu "saber-como" em favor do funcionamento eficiente e eficaz da Convenção. O funcionamento de uma Convenção exige múltipla variedade de conhecimentos e, portanto, uma igreja coopera sempre que, pelo menos um de seus membros, dedica voluntariamente parte do seu tempo, energia e conhecimentos para a manutenção e expansão dos objetivos da Convenção. 

Quanto a cooperação financeira, ela ocorre através de contriuições regulares e ofertas especiais das igrejas, pois a cooperação é entre igrejas. 

(Merece acompanhamento e reflexão cuidadosos, as contribuições que saem diretamente dos membros das igrejas para os cofres da Convenção ou um dos seus órgãos ou entidades, pelos motivos e desdobramentos possíveis. Mas isso é assunto para outra reflexão). 

Um dos elementos fragilizadores da cooperação nesta área é o fato de haver uma tendência, em nós dirigentes, de fazermos o máximo, com uma qualidade técnico-profissional excepcional, quando se trata de obter os recursos, mas de "incompetência" profunda, quando se trata de prestar contas com transparência, dos recursos obtidos. (Linguagem didática, propositalmente exagerada, claro!)

Isso produz insatisfação, manifesta ou através de discursos ou da redução e até suspenção da contribuição financeira. 

 Há quem acredite que isso se resolve adotando-se medidas restritivas que forcem a contribuição, em vez de examinar  com dedicação as causas mais profundas. Não resolve, apenas cria uma cooperação conflitante, artificial e frágil.  

Nesse espírito, oremos pela unidade e pela cooperação entre igrejas e organizações, a fim de que cada parte avalie seus anseios, práticas, qualidades, disposição e disponibilidade visando atingir os objetivos almejados. 

Abraços do seu pastor,

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Paz no campo - 15.06.12 - 54/100 dias de oração pelo Brasil

Ainda trago na memória o período em que famílias de sítios de Garça, SP, deixaram pra trás casas, trabalhos, amigos, igrejas, enfim, rumo aos centros industriais.

Perdi diversos amigos de infância que, em meados da adolescência, decidiram "fazer a vida" onde as oportunidades pareciam maiores, o trabalho menos penoso do que na agricultura, o acesso à educação superior e a bens de consumo mais fáceis, e as promessas de retorno financeiro melhores.

Claro que, como todo mundo passou a agir igual, as cidades industriais tiveram o número de habitantes multiplicados numa velocidade não acompanhada pelos investimentos necessários em todas as áreas (educação, saúde, saneamento, transporte, pavimentação, segurança, habitação...).

Para alguns, o sonho dourado enferrujou e favelou.

No afã de atender as necessidades dos grandes centros, por causa das industrias, investia-se mais nas metrópoles e menos no "campo", fato que agravava as condições de vida no interior. Pessoas que não deixariam suas origens motivadas por mais dinheiro, sucumbiam diante da necessidade de melhor educação ou atendimento médico, por exemplo.

Os governos que acordaram diante dos efeitos colaterais nocivos de tal política, descentralizaram geograficamente os investimentos, especialmente em saúde e educação, fato que tornou mais atraente a permanência e, em alguns casos, o retorno ao interior. Os que não, contribuíram para que a vida das pessoas, especialmente a das empobrecidas, continuasse desconfortável, tanto pela pela falta de soluções para seus problemas, quanto pela necessidade de busca por elas - soluções - nas grandes cidades.

Nos estados em que a agricultura e a pecuária passaram a ser tratadas como negócio lucrativo a vida no interior voltou a ser atraente. O interesse pela produção estimulou governos a investirem em energia elétrica para todos, especialmente em função dos empreendimentos agrícolas. Estradas passaram a ser abertas ou asfaltadas para escoar a produção. Escolas começaram a ser construídas para atender a demanda de mão de obra qualificada para suprir demandas empresariais do agro-negócio e seus derivados.

Se é verdade que os moradores também ganharam com isso, verdade também é que, em algumas regiões, enquanto uns acumulavam propriedades imensas,
muitos ficaram sem terra, sem teto, sem ter, sequer, de onde tirar o pão de cada dia. A gula de alguns fez (e ainda faz em algumas regiões do país) com que invadissem terras públicas, desmatassem sem qualquer critério e passassem a oprimir quem vivia da agricultura de subsistência, explorando-os ou expulsando-os da terra onde nasceram.

O conflito no campo, portanto, não começou porque organizações tidas como de esquerda surgiram e passaram a mobilizar pessoas, mas porque as políticas adotadas sempre foram em benefício de poucos, em detrimento da maioria. Essa maioria somente era olhada se isso resultasse em benefícios para a minoria. As organizações sociais apenas deram visibilidade a problemas que "passavam despercebidos", porque alguém ganhava com a situação.

E as igrejas com isso?

As igrejas podem contribuir com a paz no campo, levando um evangelho domesticador; que ensina a troca de infernos presentes por um céu escatológico; que propõe paz ao coração fechando os olhos às injustiças sociais; alienando o indivíduo da presente vida

ou

podem levar o evangelho integral que não nega dimensões futuras, nem presentes da vida; que não nega a verticalidade nem a horizontalidade da fé; que não nega a espiritualidade, nem a materialidade da vida; que reconhece todos os seres humanos como criados a imagem e semelhança de Deus  e que, portanto, todos têm direito à vida digna, construída sob valores do reino, tais quais o amor, solidariedade, justiça, cooperação, etc..

A contribuição das igrejas, portanto, para a paz no campo, depende dos valores que abraçam e se eles são pautados na vida de Jesus ou na construção doutrinária ideologizada, como parcela significativa delas sempre fez, beneficiando politicamente alguns com seu discurso,
em troca das migalhas que caem de suas mesas, em detrimento da imensa maioria .

Oremos pela paz no campo, mas não nos esqueçamos de que ela deriva da justiça social, utopia que não deve ser abandonada, pelo contrário, deve servir de norte, de horizonte para nossa caminhada nesta vida.


Abraços do seu pastor,

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O gigante das drogas vencido pela oração - 14.06.12 - 53/100 dias de oração pelo Brasil

Sempre que necessário repito: a oração não tem poder em si. Quem tem poder é Deus.
A oração é meio de comunicação espiritual. Nela falamos ao coração de Deus e Deus fala ao nosso.
É uma via de mão dupla.

Oração não é uma alavanca, por nós manipulada, que move o coração de Deus, simplesmente porque oração não é magia.
Para alguns, assim como na magia pretende-se dominar as leis da natureza de forma mística, na oração, há quem procure dominar o coração de Deus.
Jamais, entretanto, dominaremos o coração de Deus.
Deus é livre e soberano.
Por ser livre e soberano age segundo seu querer e não segundo o nosso.

Em Jesus, porém, Deus se revela como o Deus que é amor e permite que nos relacionemos de forma íntima e amorosa com Ele.
Por que, sendo amor, não responde nossos pedidos na forma e no tempo que desejamos? 
Por que responde determinados pedidos e não outros?
Por que podemos passar a vida inteira, orando diariamente, sem a resposta desejada e, em outros casos, a relação entre um pedido e o acontecimento é tão visivelmente extraordinária que nenhuma dúvida paira em nós?
Não sei.
Reconheço apenas que isso faz parte do mistério divino.

O fato de não controlarmos seu querer para que a coisas sejam do jeito que queremos, e até precisemos, não é prova de que ele não se interessa por nós, não se relaciona conosco, muito menos que não devamos orar, inclusive pedindo.

Sei, seguramente, que é bom e, por isso, devemos viver em comunhão com ele, e orar, não em função das respostas favoráveis que obtemos, mas pela comunhão, pela paz, que experimentamos.
A experiência de comunhão com Deus elimina o sentimento de solidão existencial, revigora nossa esperança e alimenta nossa confiança para enfrentarmos os desafios da vida
Essa experiência anima o sentido da nossa existência.

Mas não é só a experiência que nos motiva à comunhão e à oração. A fé é essencial. Há momentos em que o que experimentamos depõe contra nossa relação com Deus. Nesses momentos a fé é o sentimento, a disposição, que nos mantém firmes. Não vemos, não percebemos, mas reconhecemos que ele não nos abandona, ainda que andemos "pelo vale da sombra da morte". Quem nunca passou "pelo vale da sombra da morte"?

Deus é muito mais do que conhecemos e, na verdade, nem teríamos capacidade para conhecê-lo em sua plenitude.
Nem capacidade, nem necessidade.Necessitamos ser humanos, não deuses.Tudo que precisamos saber sobre Deus é aquilo que é necessário para nos realizarmos como humanosPor isso, em Cristo Jesus, Deus se revelou naquilo que precisamos saber dele para vivermos.

 Digo tudo isso pra dizer que não devemos deixar de orar pela vida de um viciado em drogas.Orar, como dizia um mestre, como se tudo dependesse de Deus e agir, como se tudo dependesse de nós.Isso porque, se nem sempre a oração é respondida como almejamos, na oração sincera somos estimulados a servir e, consequentemente, buscar soluções através de capacidades e meios dados a nós por Deus.

 As razões de cada usuário de drogas não são as mesmas. Porém, se nosso amor por eles for o mesmo que experimentamos na comunhão com Deus, certamente agiremos no sentido de ajudar na cura usando os melhores meios disponíveis. 

Abraços do seu pastor,

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Juventude Brasileira - Temos Timóteos, Faltam Paulos como o Apóstolo Paulo - 13.06.12 - 52/100 dias de oração pelo Brasil

Se quisermos entender a cabeça da juventude, prestemos atenção às músicas que ela  canta, populares ou evangélicas. No caso das evangélicas, percebemos, por exemplo, que na década de 60 eram bastante cristocêntricas; na de 70, bibliocêntricas;  no final da de 90, começam a ser mais antropocêntricas e hoje emite alguns sinais de estarem se tornando excêntricas. Genericamente falando, claro!

Observe dois exemplos de letras cantadas na década de 60.
I
“Combate”

Moços, declarai guerra contra o mal,
Exaltai a cruz do Salvador!
Firmes empunhai armas não carnais,
Sempre confiai em seu amor!

Todos juntos ao redor da cruz,
Prontos, firmes estejamos nós!
Sim, avante, alegres, corajosos,
Sempre ouvindo de Jesus a voz.

Mocos, avançai! Fortes vos tornais,
Se o valor da Causa conheceis.
Tremulante em luz, erguei o pendão,
Garantia de que vencereis!

Nosso Deus e Pai, ouve com favor!
Vem nos ajudar a combater!
E vencida, enfim, a luta final,
A coroa vem nos conceder.

 II
“Um Novo Mundo”

Jovens fortes chama-nos Jesus,
Para um mundo novo construir.
Trevas, que hoje tentam destruir,
Hão de ser clara luz,
Alvo resplendor!

Levantemos sobre a terra
Nossos braços libertados,
Ao serviço convocados
Por Jesus;
Pelos que são oprimidos,
Pelos que são perseguidos!
Eia! Que nós venceremos
No poder da cruz!

Ao combate, enquanto não soou
O momento em que há de raiar
Novo mundo, com Jesus, Senhor,
Onde a paz e o amor
Sempre hão de reinar.


Há uma variação na ideologia, mas o conteúdo geral, além de cristocêntrico, era mais combativo.

Se no passado houve quem lutasse contra o comunismo, o militarismo, o capitalismo, contra guerras, quantos, mais recentemente, se uniram pra lutar contra o neo-liberalismo (cujos danos vimos nos Estados Unidos e, como num efeito dominó, estamos vendo na Europa, sem falar dos danos que não ganharam espaço na mídia por serem desfavoráveis aos interesses dos grande conglomerados econômicos) ou contra o empobrecimento ou a corrupção, por exemplo. Em alguns segmentos evangélicos da juventude, se fala na luta contra o pecado (termo abrangente em seu sentido ético, de interpretação múltipla em termos morais, que acaba significando uma luta quase sem foco, de tão espiritualizada).

Houve um ensaio de uma luta organizada em favor do sexo somente após o casamento, inspirado numa iniciativa de batistas norte-americanos (nossa inspiração e regra de fé e prática (?) ), mas pouco ou nada se tem falado sobre o assunto, desde que as primeiras pesquisas sobre a eficácia do movimento começaram a ser publicadas nos Estados Unidos.

O combate ao uso de drogas, à exploração e abuso sexual  da criança ou ao mal trato ao meio ambiente ganharam espaço em alguns meios evangélicos, mas não sei se já podemos dizer que ganhou ou ganhará uma dimensão de causa coletiva objetiva.


Perdendo o sentido de luta por causas mais objetivas, a grande motivação parece ser cada um por si. Os ajuntamentos (pelo ajuntamento) de jovens, parecem pouco enfatizar a luta coletiva em favor de alguma manifestação objetiva do pecado na vida humana como violência, preconceito, discriminação, exclusão social, enfraquecimento dos relacionamentos, competição sem ética, etc.

Lutamos pela causa de Jesus, dizem alguns, como se ele nos inspirasse a somente uma causa ou como se houvesse só um tipo de Jesus em nossa cultura. Às vezes nem nos damos conta de que parecemos estar simplesmente lutando por um discurso religioso, um produto de mercado, cujo símbolo/marca é Jesus.

Percebo mais a luta pra se conseguir um bom emprego, um bom salário, um minuto de fama ... e ter. E muitos que conseguem isso em algum momento têm uma recaída a la Raul Seixas: "Eu que lutei tanto pra conseguir, agora me pergunto: e daí?"

Ao orar pela juventude, peçamos a Deus que nos ajude a ajudá-la a desejar conhecer mais a fundo a pessoa de Jesus não somente como o Salvador de suas almas do inferno escatológico, mas como inspiração, motivo maior, sentido do existir, razão de ser do nosso amor a Deus, ao semelhante, à vida. E que esse amor nos inspire a pensar, refletir, agir pelas causas divinas que produzem vida em abundância, razão da vinda de Jesus (Jo. 10.10).

Abraços do seu pastor,

terça-feira, 12 de junho de 2012

Comunidades Carentes - 12.06.12 - 51/100 dias de oração pelo Brasil


Todos nós somos carentes, todos necessitamos de algo. Necessitamos de afeto, cuidado, atenção, vestuário, paz, alimento, habitação, graça divina e humana, enfim. Antes, então, de orar por comunidades carentes, precisamos definir: "carentes de que"? Dependendo da resposta, a composição da comunidade pela qual estamos orando hoje, pode mudar.


Sugiro que pare por um instante e responda pra si mesmo: qual é a minha maior carência? Respondeu? Responda também: essa minha carência representa um caso isolado, específico, ou constitui-se, digamos, uma questão "social"? Você conhece algum movimento, por menor que seja, do qual essa carência seja o centro? Se não sabe, arrisque procurar em redes sociais. A probabilidade de encontrar é grande!


Aproveite, então, este momento de oração, para fazer um levantamento das possíveis causas de sua carência e, depois, dos caminhos possíveis para superá-las!


No imaginário de grande parte da população, falar em comunidades carentes é falar a respeito de pessoas empobrecidas pelos sistemas, sem acesso à educação, a trabalho, a saneamento básico, à alimentação adequada, à segurança, à saúde ou  a transporte, por exemplo. Isso porque, tais comunidades tornaram-se comuns, especialmente nas grandes cidades. Tão comuns que muita gente nem se sente mais incomodada. Ver tais comunidades tornou-se rotina e convivemos com isso como se a situação fosse fruto de determinação divina ou simplesmente, de indisposição
para o trabalho dos que delas participam.


Na verdade, sabemos que não é bem assim.


Se partíssemos da estaca zero em direção à plena qualidade de vida, colocando diante de todos as mesmas condições e oportunidades, claro que ainda assim haveria pessoas com diferentes padrões de vida, por uma série de variáveis. Porém, nossa luta não é para que todos tenham o mesmo, mas para que todos tenham as mesmas oportunidades e condições de escolher o que lhes é necessário para viver de maneira digna.


Como não estamos partindo da estaca zero, devemos nos lembrar de que, no decorrer da história, todos os sistemas de vida - religioso, político, econômico, educacional, enfim - são resultado do predomìnio, muita vez abusivo, de alguém sobre alguém. Nessa disputa para fazer prevalecer determinada vontade, meios nem sempre éticos foram usados. Daí que os sistemas sempre beneficiam e beneficiarão mais uns do que outros.


Quem nasce em famílias "desfavorecidas" pelos sistemas,  acaba pagando caro,
por sequer ter idéia clara do que seja vida digna. Enquanto uns falam em milhões com muita naturalidade, a imensa maioria fala em centavos com muita ansiedade. O problema é que, "como nenhum homem é uma ilha", os que conseguem se beneficiar dos sistemas também vão sendo encurralados e suas vidas passam a se desenvolver dentro de uma gaiola de ouro. De ouro, mas gaiola.


A razão espiritual - não mística ou religiosa - é a base de tudo. A atenção a ela não deve ser somente de instituições religiosas. Na verdade, instituições religiosas muita vez corroboram, confirmam, abonam a degradação da espiritualidade.  Porém, como ela - a razão espiritual - afeta não só os individuos, mas também as estruturas por eles construídas através da luta pelo poder e dinheiro, o trabalho pela restauração do espíritual no indivíduo é essencial, mas, desprezar processo semelhante nas estruturas que cooperam para o agravamento das carências humanas, é um equívoco.

E mais: esta luta não tem fim. Cada geração deve estar atenta e lutar para que princípios como amor, justiça, solidariedade, honestidade, transparência, por exemplo, prevaleçam.

Orar por comunidades carentes deve ser, então, uma oportunidade para pensarmos não somente em como ajudá-as no atendimento de suas necessidades visíveis, mas também para pensar no que podemos fazer para modificar as causas invisíveis (pra imensa maioria). Isso envolve predisposição ético-espiritual, vontade política e uma boa dose de competência técnica.


Quem se dispõe?
 
Abraços do seu pastor,

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Frutos do Espírito Santo na Vida de cada Crente - 11.06.12 - 50/100 dias de oração pelo Brasil

Achei bom ter constatado que o roteiro do livro "100 dias que impactarão o Brasil" não traz nenhuma vez o assunto "dons", enquanto traz, diretamente, duas vezes  o assunto "fruto" do Espirito Santo.

Se isso se deu por acaso ou conscientemente, não importa. O fato é que, conquanto o uso dos dons seja essencial à edificação do corpo de Cristo, sua presença na vida da igreja decorre, primeiro, de uma decisão de Deus de presentear-nos - dom, no grego, significa presente -, de equipar-nos, com ferramentas espirituais úteis à edificação do povo; depois, decorre da decisão tomada por nós de, em vez de nos dividirmos em função da importãncia ou não deste ou daquele dom, focarmos nossas mentes e corações no amor. O amor faz toda a diferença no reconhecimento e uso dos dons de maneira favorável, benéfica.

Daí a última frase que faz ligação entre o capítulo 12 (de 1ª aos Corintios) -  o das discussões e brigas na igreja - com o 13 - o do diálogo e harmonia - ser: "Passo agora a mostrar-lhes um caminho mais excelente" (I Cor. 12.31). Paulo não se expressou, mas certamente sabia que, mesmo que o conceito "dom" nunca fosse destacado ou definido nas páginas do Novo Testamento, o fenômeno "dons" seria uma realidade na vida da igreja, pela simples presença do Espírito Santo, produzindo fruto que se manifesta, dentre outros, através do amor.

A presença de dons na igreja, não é determinada pelo fato do assunto ter sido abordado por Paulo. É determinada pela presença do fruto do Espírito Santo em nossas vida.

Se a igreja não brigasse por causa dos dons, nem os teólogos pensassem sobre os dons, nem ainda se os doutrinadores ensinassem sobre os dons, ainda assim eles seriam uma realidade na vida da igreja pela simples presença do fruto do Espírito Santo em nós. É que, quem deixa o fruto do Espírito manifestar-se em sua vida, naturalmente sente o desejo e adota a atitude de viver procurando meios para construir relacionamentos saudáveis e para agir, usando toda ferramenta disponível, visando o bem comum, não apenas os próprios interesses.

Portanto, uma das causas da importância da ênfase no fruto é que, com a presença dele, a igreja não investirá tempo e energia, discutindo, brigando por causa dos dons. Ela simplesmente os reconhecerá e os usará para a edificação e não para destruição mútua.

A presença do Espírito Santo, também chamado de "Espirito de Cristo", "Espírito de Deus", "Espirito do Senhor", significa Deus se manifestando dentro de nós (como de maneira extraordinária escreveu Christrian A. Schwars em "Nós diante da trindade"). Tal presença resulta no brotar de um conjunto de qualidades espírituais que redirecionam nossas vidas, como igrejas ou indivíduos.

Conquanto Paulo tenha exemplificado tal manifestação, em Gálatas 5.22-23, como sendo "
amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade,
Gálatas 5:22
mansidão e domínio próprio", o fruto da presença do Espírito de Deus em nós se manifesta também através de outras qualidades, como por exemplo a liberdade: "Ora, o Senhor é o Espírito e, onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade." (I cor. 3.17).

Fruto, portanto, é tudo aquilo que resulta do  domínio da presença do Espírito de Deus sobre nós, da nossa disposição em permitir sua atuação em nós. A oração - ouvir e falar com Deus - é o melhor caminho para que tal manifestação aconteça. A Bíblia é a fonte mais completa e, portanto, o melhor caminho para compreendermos como isso se deu ao longo dos primeiros anos de história da igreja e como pode fazer parte de nossas vidas hoje.  

Oremos a Deus, então, e estudemos as Escrituras visando permitir que o Espirito produza em nós as qualidades necessárias ao nosso bom desenvolvimento.
Abraços do seu pastor,

domingo, 10 de junho de 2012

Deixe um Legado de Bênçãos para seus Filhos - 10.06.12 - 49/100 dias de oração pelo Brasil

Uma das frases bonitas que li nesse sábado foi escrita por um irmão em Cristo, Serafim Ferraz, ex-aluno do STBNB, angolano e residente na Flórida. Depois de explicar uma foto do filho dizendo: "Felipe recebendo 7 premios e certificados da escola no seu último ano da elementary school. Além disso o único aluno a receber a nota maxima, 5 em todas as provas do FCAT", ele conclui: "Very proud of my son" (Muito orgulhoso do meu filho).

Pais que não se alegram com o sucesso dos filhos são excessão, geralmente, fruto de enfermidade. Pais saudáveis desejam que seus filhos sejam bem sucedidos na vida e se alegram, se orgulham, quando vêem evidências disso.

O caso citado é um retrato de um dos desejos mais saudáveis dos pais: deixar um legado educacional. É um grande equivoco pais priorizarem uma herança material. Não que seja errado. Pelo contrário. Pais que conseguem deixar algum patrimônio para seus filhos podem com isso demonstrar  capacidade de planejar, organizar, ser disciplinado e trabalhador, ter visão de futuro, porém, se não incluirem a educação como principal legado, estão cometendo um grande equívoco, pois a educação proporciona aos filhos as ferramentas necessárias para levarem adiante suas próprias vidas, de maneira autônoma, mesmo em situações de adversidade.

Além disso, geralmente, quando a prioridade 1 é deixar herança financeiro-patrimonial, a educação é incompleta. Não me refiro à educação escolar. Pais com dinheiro podem matricular seus filhos nas melhores escolas e dar a eles as condições materiais para se sairem bem nos estudos. Entretanto, a ausência de investimento na dimensão espiritual da educação, aquela que se vive no lar, fruto de uma relação comprometida com o reino de Deus manifesto em Jesus, pode levar filhos diplomados a viverem um vasio existencial, a não encontrarem um sentido que justifique suas escolhas e lutas, quando não, até a usarem o conhecimento escolar em favor de um estilo de vida danoso para si e para os que com eles convivem.

Pais não têm poder para decidir as escolhas que, depois de determinada idade, os filhos fazem, mas é fundamental que tenham consciência de que, na idade em que eles estavam sob seus cuidados, fizeram o melhor para que aprendessem, por exemplo, a não desprezarem a dimensão espiritual de suas vidas. Se isso não ocorreu, o melhor é reconhecerem em que falharam, corrigirem o daqui pra frente e descansarem na graça divina, pois, alimentar sentimento de culpa, além de não alterar o que passou, adoece.

O legado de bênção, portanto, que podemos deixar para nossos filhos
é o de possibilitar uma educação escolar que lhes permita serem autônomos, portanto responsáveis, na maneira de conduzirem suas vidas, mas também, e sobretudo, o de uma educação construída no exemplo que damos de amor a Deus, de respeito ao semelhante e de trabalho honesto.

Quando penso nas condições materiais de meus pais e comparo com a situação de seus 8 filhos hoje (6 mulheres e 2 homens), ratifico que estavam certos quando diziam: "não podemos deixar herança material. Tudo o que podemos lhes dar é a educação". Deram a  educação essencial: exemplo de amor a Deus, ao próximo e de trabalho honesto para se manterem. A acadêmica e profissional, construimos com empenho.


Nas vezes em que comparo o que sei hoje da vida com o que fiz para nossos filhos, quando ainda estavam em casa, geralmente experimento um sentimento de déficit. É a sensação de que podería ter feito diferente, para melhor, em diversas ocasiões e áreas. Porém, ao vê-los tocando suas vidas (a filha está na reta final de jornalismo na Florida Atlantic University, nos Estados Unidos, e o filho acabou de ser aceito pelo Royal Academy of Music, em Aalborg, na Dinamarca), conquistando com empenho próprio seus espaços, agradeço profundamente a Deus. Se não acertamos como gostaríamos, também não erramos tanto que suas vidas fossem prejudicadas.


Neste dia em que nos dedicamos a orar pelo legado que deixamos para nossos filhos, que Deus nos cure naquilo que reconhecemos ter errado e nos ajude a cooperar naquilo que estiver ao nosso alcance, para que suas vidas tenham como base o reconhecimento do amor de Deus e o compromisso de amor ao próximo como a si mesmos.


Abraços do seu pastor,

sábado, 9 de junho de 2012

Ética nos negócios - 09.06.12 - 48/100 dias de oração pelo Brasil

Negócio, no latim, significa negação do ócio.
Ócio são momentos de nossa vida em que podemos fazer tudo, inclusive nada.
Nada nem ninguém nos pressiona a agir, a falar ou mesmo a pensar de forma elaborada.
O corpo pode relaxar e a mente vaguear, fantasiar e até, sem imposição, criar.
Ócio, portanto, não só é um direito, mas tambem uma necessidade.

Claro que o ócio pode incomodar aqueles que vêem o outro apenas como mão ou mente de obra ou como ferramenta de produção e lucro.

Daí, também, as ideologias do trabalho que se manifestaram ao longo da história contra o ócio, inclusive em linguagem teológica. Que protestante nunca ouviu: "mente desocupada é oficina do diabo"?

Negar o ócio - negócio - passou a ser sinônimo de canalização do uso do tempo, energias, sentimentos e pensamentos na direção da produção, especialmente econômica visando lucro financeiro. Aqui entra a ética.


Ócio e negócio precisam ser vividos sem que se negue a ética. Porém, ainda que tenha sido em momentos de ócio que surgiram idéias importantes para solucionar problemas da humanidade e que seja através do negócio que tais idéias se concretizaram e foram transformadas em bens ou serviços, o que faz com que a ênfase da ética recaia mais sobre negócio do que ócio é que, através do negócio, idéias são transformadas em dinheiro e poder.


Dinheiro e poder. Sempre que eles entram na história sem o acompanhamento da ética, efeitos colaterais danosos são experimentados por indivíduos e sociedades.

Por causa deles se rouba, se mata, se oprime, se explora, se escraviza e se coisifica o ser e o 'homem se torna lobo do homem'.

Ética são príncipios ou valores que devem nortear indivíduos e sociedades e seu relacionamento com tudo que o cerca, visando preservar a vida em suas melhores formas de expressão.

A construção de princípios éticos é fruto de reflexão filosófico-teológica. No caso cristão-protestante, mais reflexão a partir dos textos sagrados judaico-cristãos, por nós conhecidos como Bíblia e, no caso brasileiro, menos, até menos demais, reflexão filosófica.

A história mostra que a Bíblia já foi usada para justificar a escravidão, o racismo, a coisificação da mulher e de crianças, a seca do nordeste brasileiro, por exemplo, e também que pode ser usada para abrandar, pra não dizer petrificar, a consciência de alguns que enriquecem de maneira estranha através de seus negócios.


A Revista Veja de 06 de junho de 2012 traz um exemplo em suas "páginas amarelas". Num país em que mais de 80% da população tem salário mensal inferior a R$ 1.800,00 e milhões se apoiam em programas sociais do governo, o pastor Silas Malafaia, que vocifera em nome de Deus na televisão, declara ter granjeado, com isso, um patrimônio que inclui uma casa de dois milhões e quinhentos mil reais no Rio de Janeiro, alguns apartamentos em Boca Raton, na Flórida, um carro Mercedez blindado e um jato de de 3 milhões de dólares. O jato pertence à associação que administra suas obras sociais (Pg. 27, da edição 2272). Tudo isso usando a Bíblia e sendo "devidamente" justificado com textos bíblicos.


Será que deu pra entender o que significa ética nos negócios?


Oremos, então, por nós e nossos negócios!


Abraços do seu pastor,