sábado, 25 de setembro de 2010

A mídia comercial em guerra contra Lula e Dilma

Por Leonardo Boff

Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso” pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o “Brasil Nunca Mais” onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.
 

Esta história de vida, me avaliza fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de idéias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa.
Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.
Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando vêem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública.

São os donos do Estado de São Paulo, da Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja, em que se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico, assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem deste povo. Mais que informar e fornecer material para a discussão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.

Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido à mais alta autoridade do país, ao Presidente Lula. Nele vêem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.

Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.

Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma) “a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e não contemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo, Jeca Tatu, negou seus direitos, arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que contiua achando que lhe pertence (p.16)”.

Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles têm pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascendente como Lula.

Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidene de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável.

Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados de onde vem Lula e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coroneis e de “fazedores de cabeça” do povo.

Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa midia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palavra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.

O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceitual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros.

De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa se fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, a melhorar de vida, enfim.

Outro conceito inovador foi o desenvolvimento com inclusão social e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituidas e com salários de fome.

Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.

O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, o fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil.

Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. 
A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela Veja faz questão de não ver, protagonista de mudanças sociais, não somente com referência à terra, mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.

O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e no fundo, retrógrado e velhista? Ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes?

Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das má vontade deste setor endurecido da midia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construido com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.

Teólogo, filósofo, escritor e representante da Iniciativa Internacional da Carta da Terra.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

We who believe in freedom cannot rest



"Ella's Song", based on the life and writings of Ella Jo Baker, the intellectual and spiritual mentor of the Student Non-violent Coordinating Committee (SNCC).

We who believe in freedom cannot rest
We who believe in freedom cannot rest until it comes
We who believe in freedom cannot rest
We who believe in freedom cannot rest until it comes

Until the killing of black men, black mothers' sons
Is as important as the killing of white men, white mothers' sons

We who believe in freedom cannot rest
We who believe in freedom cannot rest until it comes

That which touches me most is that I had a chance to work with people
Passing on to others, that which was passed on to me

We who believe in freedom cannot rest
We who believe in freedom cannot rest until it comes

To me young people come first, they have the courage where we fail
And if I can but shed some light, as they carry us through the gale

We who believe in freedom cannot rest
We who believe in freedom cannot rest until it comes

The older I get the better I know that the secret of my going on
Is when the reins are in the hand of the young, who dare to run against the storm

We who believe in freedom cannot rest
We who believe in freedom cannot rest until it comes

Not needing to clutch for power, not needing the light just to shine on me
I need to be one in a number, as we stand against tyranny

We who believe in freedom cannot rest
We who believe in freedom cannot rest until it comes

Struggling myself don't mean a whole lot, I've come to realize
That teaching others to stand and fight is the only way my struggle survives

We who believe in freedom cannot rest
We who believe in freedom cannot rest until it comes

I'm a woman who speaks in a voice and I must be heard
At times I can be quite difficult, I'll bow to no man's word.

We who believe in freedom cannot rest
We who believe in freedom cannot rest until it comes

sábado, 18 de setembro de 2010

Fazer missões


Somos o que somos porque nos relacionamos, nos percebemos, nos enxergamos, nos ouvimos, nos tocamos, nos comunicamos. No outro nos vemos e existimos. Por isso, com o outro trocamos palavras, afetos e experiências. Na troca, nos construímos e reconstruímos durante toda a caminhada da vida.


Compartilhamos nosso saber em todas as áreas da existência visando uma caminhada individual e coletiva mais feliz. Trocamos conhecimentos e experiências nas áreas da saúde, economia, lazer, transporte, comunicações, enfim, em todas as áreas que afetam nosso ser no mundo.


Não poderia ser diferente, portanto, na área espiritual. Nela também temos necessidades a serem atendidas e experiências e conhecimentos a serem compartilhados. A esse compartilhar damos o nome de “missão”, na linguagem religiosa.


Por ser algo essencial à existência, por haver manifestações inequívocas dos profundos prejuízos que a falta de cuidado com esta dimensão da vida causa à individualidade e a coletividade, temos o forte impulso de buscarmos permanentemente respostas para nossas inquietações. Quando as encontramos, não resistimos ao desejo de dividir não somente com os que nos cercam, mas também com os que estão distantes de nós.

Claro que diferentes motivações podem brotar, quando nos unimos a outras pessoas com experiências semelhantes e nos organizamos institucionalmente em grupos chamados de igrejas para aprofundar e difundir tais experiências e conhecimentos. Se não ficarmos atentos, tais motivações podem sufocar as razões que nos levaram a nos unirmos.


Exemplo disso é quando a igreja passa a ser um empreendimento meramente econômico, visando aumentar sua receita e patrimônio ou movimento político, visando impor seu modo de ver a vida a todos os demais seres.


É inevitável que elementos da economia ou da política transpareçam em nossas ações, pois a vida é fruto de um conjunto de sistemas que se interrelacionam. Porém, precisamos ter clareza de qual é a motivação central de nossa existência institucional, a fim de não a sufocarmos.


Nossa motivação nos impulsiona a fazer missões a partir do que somos e a apoiar outros a fazerem missões, a partir do que são. É a partir da visão de que temos diferentes dons que entendemos o agir missionário de cada pessoa no mundo.


Isso deve nos levar a entender que fazer missões não é uma atividade na qual a igreja é vista como uma empresa de pesca competindo para provar sua capacidade de pescar mais do que empresas da mesma natureza e até, se possível, pescar peixes da concorrente. Fazer missões é compartilhar o que somos e temos visando ajudar na construção de uma vida mais feliz a partir do que cremos ser revelação divina para sua criação.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Gracias A La Vida - Mercedes Sosa

Em tempos de mensagens que visam embaçar nossos olhos, com informações falsas, beligerantes, nada como agradecer pela capacidade de enxergar, de distinguir!




Gracias a la Vida
de Violeta Parra ( Tradução de FL)

Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me dois olhos que, quando os abro
perfeitamente distingo o preto do branco
e no alto céu, o seu fundo estrelado
e nas multidões, o homem que eu amo.
.
Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o ouvido que, em toda a amplitude,
grava, noite e dia, grilos e canários
martelos, turbinas, latidos, chuviscos
e a voz tão terna do meu bem amado.
.
Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o som e o abecedário
e, com ele, as palavras com que penso e falo
mãe, amigo, irmão e luz iluminando
a rota da alma de quem estou amando.
.
Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me a marcha dos meus pés cansados
com eles andei por cidades e charcos,
praias e desertos, montanhas e planícies
pela tua casa, tua rua e teu pátio.
.
Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o coração que todo se agita
quando vejo o fruto do cérebro humano,
quando vejo o bem tão longe do mal,
quando vejo no fundo do teus olhos claros.
.
Obrigado à vida que me tem dado tanto
deu-me o riso e deu-me o pranto
assim eu distingo a felicidade da tristeza,
os dois materiais de que é feito o meu canto
e o canto de todos, que é o meu próprio canto
.
Obrigado à Vida
Obrigado à Vida
Obrigado à Vida
Obrigado à Vida

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Mais dez "razões" pra "evangélico" não votar em Dilma

"10) Foi a Dilma que mostrou o fruto proibido a Eva;

9) Moisés rodou 40 anos no Deserto do Sinai, porque Dilma escondeu o mapa;

8) Deus ia fazer o mundo em 4 dias mas houve atraso na obra do PAC;

7) A Al-Qaeda era só um grupo de árabes nerds, fãs de RPG e aeromodelismo, até conhecerem a Dilma;

6) Dilma gostava de apertar campainha e sair correndo. "Ela fez isso duas vezes na minha casa", revela ex-vizinha indignada;

5) Folha de São Paulo: "Descoberto plano de Dilma para secar o Aquífero Guarani";

4) Erro de Dilma nos cálculos provocou inclinação da Torre di Pisa;

3) Dilma Roussef inventou a vuvuzela;

2) Folha de São Paulo: "Dilma lava as mãos, Cristo é crucificado"

E o #1 entre todos os #DilmaFactsByFolha:
1) Serra lamenta: a Dilma me indicou o Shampoo."
Autor desconhecido (com adaptações de título e ilustrações minhas, com imagens disponíveis na rede)
...
Moral da história: Quando a nossa predisposição é contrária, qualquer razão se torna uma forte razão, seja qual for o candidato de nossa preferência. 
...