quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Eu só peço a Deus, de Mahatma Gandhi



Poema de Mahatma Gandhi
Intrepretação: Beth Carvalho e Mercedez Sosa


Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o q’eu queria


Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria


Eu só peço a Deus
Que a injustiça não me seja indiferente
Pois não posso dar a outra face
Se já fui machucada brutalmente


Eu só peço a Deus
Que a guerra não me seja indiferente
É um monstro grande e pisa forte
Toda fome e inocência dessa gente


Eu só peço a Deus
Que a mentira não me seja indiferente
Se um só traidor tem mais poder que um povo
Que este povo não esqueça facilmente


Eu só peço a Deus
Que o futuro não me seja indiferente
Sem ter que fugir desenganando
Pra viver uma cultura diferente




Interpretação: Mercedez Sosa

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O evangelho da conversão individual


A igreja foi criada em função do indivíduo e não o indivíduo em função da igreja. Qualquer pessoa que já leu os ensinos de Jesus conhece esse princípio. Nosso problema em relação a ele não é o conhecimento, mas a prática política.


Como a igreja é um conjunto de indivíduos, a ação organizada, articulada, de um grupo menos atento à ética, aos direitos individuais, acaba não somente se sobrepondo às reais necessidades da maioria, mas também, muita vez, negando a ela o que lhe pertence por direito humanitário.


(O raciocínio é o mesmo para qualquer outro sistema ou instituição).



Entretanto, aqui e ali surgem indivíduos “problemáticos”, “in-conformados” que, tendo conseguido perceber o equívoco da ordem estabelecida, pensam sobre o sistema, compreendem que as coisas não são e nem deveriam ser como estão e resolvem não somente gritar que “o rei está nu”, mas também mobilizar outros no sentido de alterar a realidade.



Geralmente o discurso dos “rebeldes” encontra eco rapidamente simplesmente porque ele se torna a voz que faltava à maioria sufocada. Porém, a resistência a ele também aumenta proporcionalmente à profundidade dos problemas denunciados. É que, ao denunciar os problemas, a situação dos que mantém algum tipo de dependência do sistema se desestabiliza tornando inevitável uma reação.


A beleza de o evangelho ser primeiramente para o indivíduo é que é a partir do indivíduo que as coisas acontecem. Mesmo reconhecendo que “uma andorinha só não faz verão”, é inegável que, se pudéssemos identificar o ponto zero do início da história de cada movimento social por mudanças, ali encontraríamos um indivíduo que reagiu corajosamente ao desenvolver uma percepção diferente da dominante.


Não defendo um evangelho individualista, mas não posso deixar de reconhecer a importância do papel individual na construção de caminhada coletiva.


Tal compreensão faz com que, a despeito do valor que atribuo à caminhada solidária, ao papel coletivo nas questões sociais, me mantenha, também, comprometido com a proclamação do evangelho a cada indivíduo. Continuo crente que o evangelho é poder de Deus gerando salvação a partir de corações genuinamente convertidos ao seu amor.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Evangélicos que fazem diferença fazendo diferente

Igreja Batista de Bultrins
Olinda - PE


quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Línguas afiadas, ouvidos de bonecos

“Na época áurea de Hollywood, duas mulheres disputavam ferrenhamente o posto de fofoqueira mais poderosa da América: Louella Parsons (1881-1972) e Hedda Hopper (1885-1966) (J.G.Couto, Carta Capital, 4.11.09 )

Famílias se dividem, igrejas perdem o brilho, partidos se repartem, pessoas ficam desempregadas, desesperadas e estigmatizadas, relacionamentos são prejudicados simplesmente pelo poder destruidor da palavra.

Não se trata, portanto, de tema de segunda categoria. É assunto que merece atenção.


Pessoas de língua afiada brotam como erva daninha em qualquer ajuntamento humano. Frustradas, com complexo de inferioridade, não imaginam que podem superar, através de caminhos saudáveis, os traumas impostos pela vida. Humilhar, acreditam, seria o antídoto para o sentimento de humilhação que carregam. Destruir a imagem alheia abafa a dor de seus abalos.


Não nos enganemos. As mais poderosas línguas afiadas não se caracterizam por falar muito. Pelo contrário, falam pouco, sem serem notadas. Não falam abertamente em grande grupo. Preferem a “boca miúda”, o “pé de ouvido”. Escolhem cuidadosamente a quem falar. Sabem como espalhar um boato, uma difamação, correndo o mínimo possível de risco de serem descobertas.

Como ventríloquos, seus maiores aliados são os ouvidos de bonecos.


Quem dá ouvido a fofocas, revigora o linguarudo. Repassando informação sem certificar-se, sem ouvir o outro lado, reage exatamente do jeito que o produtor de fofocas espera. Por isso, a postura de quem dá ouvidos é tão danosa quanto a de quem tem língua afiada. Quem tem ouvidos de boneco pode ser classificado de fofoqueiro passivo.

É claro que há situações em que não há como fugir. Por uma questão de educação aguardamos o fim da “conversa”. Na esperança de não perder o relacionamento, evitamos confrontar a peçonhenta pessoa e nos retiramos.


Se, entretanto, quisermos ajudar tais pessoas, o melhor caminho é levá-las a perceberem as causas de tal postura, os sentimentos que as levam a serem intrigantes. Caso não nos sintamos preparados para isso, o melhor é não levarmos a sério o que elas dizem e, em último caso, nos afastarmos delas.


Nas igrejas, línguas afiadas e ouvidos de bonecos encontram no ativismo religioso, no conhecimento bíblico, na aparência de espiritualidade, ótimos esconderijos. Portanto, se nosso interesse é cooperar com a construção e manutenção da comunhão, prestemos atenção para não bebermos "água doce" de fonte salgada.



As palavras
Sérgio Pimenta

As palavras não dizem tudo

Mesmo que o tudo seja facíl de dizer
Com certeza fala bem melhor o mudo
Se sua atitude manifesta o que crê.

Compromisso submisso omisso
Ou faz o que fala ou se cala de uma vez
Que não venha sobre si justo juizo
Pois terrivel coisa é cair nas mãos do rei

Mesma lingua que abençoa amaldiçoa
Mesma lingua canta um hino e traz divisão
não pode da mesma fonte o doce e amargo
se Cristo habita de fato no coração