sábado, 15 de agosto de 2009

Cristo se prepara para sua missão

Textos:
Texto Bíblico: Mateus 3 e 4
Texto áureo: Mateus 3.16-17

Comentários da lição:

A missão de Jesus de resgatar o ser humano das garras do pecado, possibilitando uma reconciliação com Deus era desafiadora. Ela envolveria o confronto diário com dolorosas situações vividas pelas pessoas nos planos espiritual, emocional, físico, ético-moral e social; envolveria também o confronto com estruturas mentais e sociais rígidas, muitas vezes com aparência de piedade, porém, co-responsáveis pelo domínio do pecado na vida humana. Por isso, o preparo do plano de resgate precisava ser adequado.

O preparo é fundamental para o sucesso de qualquer empreendimento. A qualidade do resultado obtido naquilo que realizamos é diretamente proporcional ao investimento feito na fase de preparação. No projeto de Deus para a salvação da humanidade percebemos o preparo como marca diferencial. Ele preparou um povo durante séculos, usou João Batista para os retoques finais e, até mesmo o Cristo foi testado, ao ser tentado por Satanás, a fim de cumprir a missão a Ele reservada.

O preparo de Cristo para o desenvolvimento ministerial não se deu apenas antes de iniciar seu trabalho. Na verdade, percebemos nas Escrituras que Jesus se preparava continuamente, no processo de desenvolvimento de sua missão. Diariamente, Ele se preparava para realizar sua missão, através de momentos a sós com Deus, uma vez que a batalha principal de Jesus se dava no campo espiritual.
Cada crente deve ter consciência de que, a decisão ao lado de Cristo, o batismo, o fato de tornar-se membro da igreja, não significa que o processo de preparo para os desafios da vida esteja concluído. Os desafios são diários e, por isso, diário deve ser o investimento no preparo.

Mateus 3.1-12 João Batista e a missão de Jesus

João, o Batista, teve um papel especial na história do cristianismo. O registro de sua atuação nos oferece muito pouco sobre sua vida pregressa. Sabemos que seu papel era de preparar o povo para a chegada do Messias (Lc. 1.17; Mt. 3.3) e que esse papel foi devidamente cumprido.

Havia no coração de João, não somente a clareza de sua missão mas também disposição e disponibilidade para cumpri-la. E por saber claramente qual era a sua missão, limitava-se a exercê-la com humildade e espírito de serviço ao Senhor

A participação de João Batista no processo de preparação do caminho é um exemplo do ensino posterior de Paulo em que diz: "somos cooperadores de Deus"(I cor. 3.9).
Indica também que nenhum obreiro deve querer para si os méritos do resultado, uma vez que, um planta, outro molha mas é Deus quem dá o crescimento (I Cor. 3.6).
Nos ensina finalmente que, na obra do Senhor, não devemos priorizar a obtenção de resultados imediatos; antes, devemos fazer a obra de acordo com os ensinos da Palavra de Deus, deixando os resultados nas mãos daquele que planejou a obra.
João viu muito pouco, do resultado do trabalho que preparou, pois sua vida foi ceifada. Porém, ao saber que Jesus estava atraindo muitos seguidores, em vez de reagir negativamente, ficou feliz pois era isso que desejava. O resultado do trabalho de João tinha por objetivo levar pessoas a glorificar a Jesus e não a si mesmo. A consciência disso fez com que ele se alegrasse ao saber que Jesus estava sendo procurado, diferentemente da reação dos discípulos.



Mateus 3.7-12 Os fariseus e a pregação de João Batista

Os Fariseus e Saduceus faziam parte da classe religiosamente dominante. Nem todos os participantes dessa classe eram pessoas hipócritas. Como em toda classe social, no caso deles também havia aqueles que atuavam por convicção e aqueles que ocupavam postos por conveniência; aqueles que eram sinceros em suas crenças e aqueles que eram maliciosos; aqueles que descansavam em suas crenças e aqueles que continuavam sua busca espiritual.

Nicodemos(Jo. 3.1) e Gamaliel(At. 5.34) são exemplos de fariseus que passaram para a história com uma boa imagem. Na condição de grupo religioso dominante, fariseus e saduceus ditavam os conceitos e comportamentos seguidos pela maioria dos judeus. Seu poder de influência, portanto, sobre o povo era inquestionável. A imagem, porém, que o grupo passava não era das melhores. Para João era "raça de víboras"(Mt. 3.7), pessoas de natureza má que sabiam fugir de situações ameaçadoras.

Mateus 3.13-17 Jesus e o significado do batismo


Por que Jesus se submeteu ao batismo se não era pecador e, portanto, do ponto de vista da salvação, não precisava ser batizado? Qual era o significado do seu batismo? Algumas respostas tem sido oferecidas. Segundo Willam Barclay (Mateo I, Ediciones la aurora, 1973, Argentina) o batismo serviu de sinal para Jesus de que o momento de iniciar seu trabalho era aquele. Portanto, foi o marco inicial da sua trajetória ministerial.
Além disso, ao se batizar, estava se identificando com um movimento social profundo de busca do homem por Deus. Barclay diz que, o significado do batismo dado por João, nunca havia ocorrido na história de Israel. Diz ainda que, ao se batizar, Jesus estava se identificando com os homens a quem viera salvar. O fato é que, ao se batizar, Jesus autenticou a pregação de João e, a exemplo da cerimônia do lava-pés(Jo. 13.5), dá um exemplo de humildade e obediência.

Para alguns, o simples fato de ser batizado no formato de imersão representa superioridade espiritual. Porém, o significado é muito mais importante do que a forma. Alguém sem batismo, mas com Jesus, salvar-se-á(Lc. 23.40-43) enquanto alguém batizado, sem Jesus, perder-se-á.

Mateus 4.1-11 A tentação como prova de preparo para a missão

O teste pelo qual Jesus deveria passar fazia parte dos planos de Deus. Tanto é assim que foi o próprio Espírito quem o encaminhou ao deserto para ser tentando (testado) pelo diabo (Mt. 4.1). O fato de ter sido encaminhado pelo Espírito não deve nos espantar pois este não é o primeiro registro bíblico que apresenta o Diabo a serviço de Deus. O caso de Jó, cujo teste de fidelidade foi executado pelo Diabo, sob a permissão de Deus, é outro exemplo(Jó 1.7-12).
Se nas narrativas bíblicas não é difícil perceber o propósito da tentação, em nosso dia-a-dia nem sempre é possível precisar se estamos sendo provados por Deus ou simplesmente tentados pelo Diabo. Sabemos que Deus nos prova; que o Diabo nos tenta, através de nossos próprios desejos (Tiago 1.13) e que a provação visa o fortalecimento da nossa vida e a tentação, a destruição. O fato porém é que podemos ser vitoriosos, seja a experiência compreendida como tentação ou como provação(I Cor. 10.13).


Mateus 4.12-25 A sabedoria de Jesus no cumprimento da missão

Jesus, por ter clareza de sua missão, não insistiu em permanecer onde João atuou, nem se preocupou em solucionar a situação na qual João estava envolvido. Antes, seguiu para Cafarnaum, e sua chegada àquela localidade representou a chegada da luz para um povo que vivia em trevas (Mt. 4.16). Sua mensagem inicial era semelhante a de João, anunciando a necessidade de arrependimento e a chegada do Reino de Deus. Ao mesmo tempo Ele inicia o recrutamento daqueles que atuariam com Ele na missão de "pescar vidas".

A pregação de Jesus acontecia nas sinagogas, num claro indicativo de que Jesus pretendia desenvolver seu ministério a partir da realidade das pessoas. Não se tratava de uma afronta à religião estabelecida mas do sábio aproveitamento de oportunidade. Além de pregar, seu ministério ia sendo autenticado por sinais extraordinários de cura e libertação; sua fama corria entre o povo e multidões começavam a seguí-lo.



A LIÇÃO EM FOCO

1. Há um aumento profundo de cristãos buscando estar sob a luz dos holofotes. Crescem tanto em marketing que ofuscam a pessoa de Jesus; crescem tanto em poder que inutilizam o poder de Jesus; aumentam tanto seus bens patrimoniais que anulam os desafios de Jesus.
É natural que um trabalho seja visto e é inevitável que aqueles que o fazem sejam reconhecidos e elogiados. Porém, quem faz o serviço do senhor deve ter tal clareza de que, primeiro, não faz a obra esperando reconhecimento para si; segundo, aprende a lidar com o reconhecimento humano, sem se deixar dominar por ele; terceiro, trabalha no sentido de fazer com que o nome de Jesus seja sempre glorificado.

2. Da tentação de Jesus, percebemos que o adversário atua em três áreas de fragilidade: no campo das necessidades físicas (Mt. 4.2-4); no campo do poder (Mt. 4. 5-7) e no campo do prestígio (Mt. 4.8-10). Devemos refletir e trabalhar nossos sentimentos nessas áreas a fim de não sermos dominados pelo pecado.
A tentação de Jesus não foi um fato exterior e sim, um fato subjetivo, que aconteceu em seu coração. Uma evidência disso é que não havia na localidade qualquer montanha que permitisse a visão de todos os reinos do mundo. Além disso, o escritor aos Hebreus(4.15), afirma que Jesus, como nós, em tudo foi tentado, o que indica que as tentações vividas por Jesus foram semelhantes as que vivemos e, ainda que possam ser estimuladas por fatos exteriores, é no interior de cada um que a batalha se estabelece. Portanto, é trabalhando o nosso interior que poderemos ser vitoriosos.

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