segunda-feira, 29 de junho de 2009

Manifesto - Missionário Batista Brasileiro

MANIFESTO
MISSIONÁRIO BATISTA BRASILEIRO – Uma Categoria Sem Registro Civil
Rinaldo de Mattos - Dezembro de 2008 – Revisado em junho de 2009
"O missionário batista brasileiro, não obstante ser uma figura muito querida e destacada na denominação (às vezes até venerada), não tem, contudo, na mesma, um reconhecimento oficial, como tal. Tanto, que seria talvez até incorreto tal missionário preencher uma ficha ou um questionário qualquer, por exemplo, e colocar no campo “profissão”, como muitos o fazem, a designação “missionário evangélico”. Ora, essa categoria, a rigor, não existe. Por que:

1. O missionário batista brasileiro não tem uma Organização própria, uma Entidade ou uma Associação que o represente e que lhe sirva de um fórum de debate. Uma organização onde ele tenha voz e voto, onde possa contribuir com suas experiências e aprender com as experiências dos demais colegas da mesma categoria. Uma organização, afinal, que possa, por sua vez, contribuir com a denominação, no sentido de passar-lhe, nas ocasiões apropriadas (para ser mais exato, nas Convenções) o seu “know how” missionário.
2. O missionário batista brasileiro não tem uma Ordenação própria à sua função, oficialmente reconhecida pela igreja e pela denominação. Há, sim, cultos de Dedicação e Consagração de missionários, muito bonitos, por sinal, mas, nada oficial. Desta forma, o missionário batista brasileiro sai para o seu campo de trabalho (seja ele do sexo masculino ou feminino) onde ele “planta” novas igrejas, forma, ele mesmo, os futuros pastores e líderes dessas novas igrejas, realizando um trabalho pioneiro (na ótica do Novo Testamento, “apostólico”), mas ele sai sem o aval da igreja e da denominação para exercer funções e praticar atos inerentes ao ministério missionário, os quais são outorgados somente àqueles que recebem a ordenação de “pastor”. A menos que ele receba também essa segunda ordenação, a rigor, ele não tem autonomia para batizar seus próprios convertidos, ministrar-lhes a ceia do Senhor e praticar os demais atos chamados atos pastorais.

3. O missionário batista brasileiro não tem um Encontro Missionário próprio, quer nacional quer regional. Missionários batistas brasileiros podem trabalhar com uma mesma categoria de pessoas, no País, ou podem trabalhar juntos e até bem perto um do outro, numa mesma região, mas nunca se encontram para discutirem ou tratarem os assuntos missiológicos inerentes ao trabalho que realizam e muito menos se encontram para traçarem as estratégias missionárias adequadas para se aplicar na evangelização das pessoas daquela dada categoria ou região. O missionário batista brasileiro só se encontra com seus colegas nas Convenções. Mas, aí, além dos abraços e da alegria do encontro, o mesmo (e sua categoria) não têm voz e voto com tal, nem mesmo tem um relatório próprio para apresentar, como o têm as várias organizações batistas dentro da denominação, reconhecidas pela mesma.

4. Concluindo, o missionário batista brasileiro é assim como uma criança que nasceu forte, bonita, sadia, mas cujos pais não foram ao cartório para fazer-lhe o seu devido registro civil...
Agências Missionárias indenominacionais costumam dar ao missionário status bem mais elevado. De início, quando uma dessas agências “consagra” um missionário, impondo sobre o mesmo as mãos e enviando-o ao campo, consagra-o ao ministério pleno da Palavra, dando a ele todas as prerrogativas de Ministro do Evangelho.
Além disso, nessas agências há encontros anuais (ou bianuais) de missionários onde todos têm oportunidade de compartilhar suas experiências, onde todos votam e são votados e onde todos são elegíveis para os cargos de direção e funcionamento de suas próprias agências, em suas respectivas sedes. Desta feita, o quadro de missionários (funcionários) da Sede é praticamente o mesmo que o quadro de missionários de campo, os quais estão lá ou cá, mediante um constante rodízio. Em decorrência disso, nessas agências missionárias, a visão, a experiência e o preparo missiológico do pessoal da Sede é basicamente o mesmo que o dos missionários de campo.
Outrossim, as estratégias missionárias elaboradas na Sede dessas agências são o reflexo da contribuição das experiências trazidas dos campos missionários.
Uma outra diferença que se pode notar nas agências missionárias indenominacionais acima referidas, é que elas entendem que são, de fato, Agências Missionárias e não Empresas Missionárias. Entendem que uma Empresa tem uma mentalidade tecnocrata e trabalha com Números, Resultados, Cálculos, Marqueting e Projetos, enquanto que uma Agência Missionária tem uma mentalidade humanística e trabalha com Vidas, Pessoas, Seres Humanos e Ministérios. Elas entendem que é a partir dessa ótica que se pode estabelecer um denominador comum entre o que se faz na Sede e o que se faz no campo missionário. Isto porque o trabalho de um missionário, no campo, não é necessariamente um Projeto, e sim um Ministério. E ministério administra-se à luz dos princípios do reino de Deus e não mediante técnicas empresariais.
Finalizando, quero contar uma experiência pessoal: Sempre que visito minha igreja em Brasília e coincide com o “Dia do Pastor”, sou chamado à frente para ser homenageado com os demais pastores da igreja e receber, com eles, o meu presente. Certa vez, ao sair da igreja alguém me abraçou e perguntou: - Que tal, pastor, está feliz em receber o seu presente no “seu Dia”? Pensei um pouco, olhei firme para a pessoa e respondi: - Sim, estou feliz, mas estaria muito mais feliz se tivesse recebido o meu presente na qualidade de “missionário”, no “Dia do Missionário”. Dia do Missionário? É, mas isto é mais uma coisa que o missionário batista brasileiro também não tem..."

sábado, 27 de junho de 2009

Michael Jackson morre, José Sarney descansa


Posso estar enganado e gostaria de estar, mas tenho a impressão de que a morte de Michael Jackson está servindo de alento para José Sarney. Antes, porém, de dizer o porquê, comentarei a morte do astro pop.



Dificilmente alguém da nossa geração diria não ter gostado de pelo menos uma música de Jackson. Até mesmo o mais ignorante evangélico, daqueles que chamam música popular de “música do mundo”, em algum momento de sua história de vida, se sensibilizou com alguma de suas composições. Talvez não saiba identificar pelo título, por ser em inglês, mas certamente admitirá que, em algum momento, prestou atenção em uma delas.



Jackson foi tão pecador quanto você e eu. Fez coisas que não agradavam a Deus, como você e eu. Desagradou muita gente, como você e eu. A diferença é que a mídia não sabe que você eu existimos. Já ele, bastava dar um espirro para virar notícia. Nossos pecados podem ter se manifestado de maneira diferente, mas os dele eram maximizados em níveis proporcionais à sua fama e riqueza.



Jackson se interessava pelas coisas espirituais. Já se disse que foi Testemunha de Jeová e, ultimamente, seguiria o islamismo. Não recebi nenhuma procuração de Deus para julgar os pecados dele, muito menos para manifestar-me sobre o destino de sua alma. Por isso, prefiro destacar a contribuição que deu, por exemplo, ao combate à pobreza.


Não me refiro às doações financeiras, mas, por exemplo, à influência que a música We are the world exerceu sobre a vida de milhões de pessoas, no sentido de perceberem seu papel social no mundo. Veja a letra:







“Chega um momento, quando ouvimos uma certa chamada
Quando o mundo tem que vir junto como um só
Há pessoas morrendo
E está na hora de dar uma mão à vida
O maior presente de todos


Nós não podemos continuar fingindo todos os dias
Que alguém, em algum lugar irá mudar
Todos nós somos parte da grande família de Deus
É a verdade
Você sabe que o amor é tudo que nós precisamos

Refrão:
Nós somos o mundo, nós somos as crianças
Nós que fazemos um dia mais brilhante
Assim comecemos nos dedicando
Há uma escolha que nós estamos fazendo
Nós estamos salvando nossas próprias vidas
É verdade que nós faremos um dia melhor, só você e eu

Lhes envie seu coração assim eles saberão que alguém se preocupa
E as vidas deles serão mais fortes e independentes
Como Deus nos mostrou transformando pedras em pão
E por isso todos nós temos que dar uma mão amiga



Quando você está acabado, e não aparece nenhuma esperança
Mas se você acredita que não há nenhum modo que nos faça cair
Nos deixa perceber que uma mudança só pode vir
Quando nós nos levantamos junto como um só.”
(letras.mus.br)


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Há os que dizem que ele era um símbolo do capitalismo; que foi acusado de pedofilia; que era emocionalmente desajustado; que era excêntrico; que renegou sua cor original e milhares de outras acusações. Poderão até fazer uma “exegese” da letra dessa música e discordar da teologia nela veiculada. Bem cada um diz o que quer. Eu, entretanto, talvez por ter consciência de um bocado de pecados que tenho cometido ao longo da minha trajetória, dos desajustes que tenho tentado corrigir sem muito sucesso e de como teologia é algo mais complicado do que admitimos, digo, com toda honestidade, que me sinto sem autoridade para acusá-lo.



Creio que refletir humildemente sobre sua vida é legítimo, afinal, ele tornou-se referência para milhões de pessoas. Lembro-me de que, acompanhando a trajetória musical do meu filho – hoje estudante de música na Dinamarca –, preocupei-me com sua fase “Michael Jackson”, na pré-adolescência. Para ajudá-lo a perceber que se tratava de ser humano e não “deus” e que deveria ter um olhar crítico sobre o “ídolo”, certa vez perguntei-lhe, brincando, se ele já havia pensado no astro pop soltando pum ou fazendo cocô. Ele parou, pensou e disse: nunca havia pensado nisso. Rimos juntos e ele continuou ouvindo suas músicas até a fase passar.



Bem, Michael Jackson morreu, a notícia está dominando o noticiário e José Sarney, como disse no início, está tendo seu imerecido descanso. Gostaria muito de que a mídia retornasse com ímpeto às travessuras dos nossos ilustres senadores. Muitas de suas decisões e escolhas têm causado malefício maior à nossa gente do que Michael Jackson com suas músicas. Mas, não tenho certeza. Temo que a mídia encontre outros “produtos’ que atraiam o interesse do povo, como a morte de Jackson, e o descanso de Sarney continue, para a infelicidade de milhões de brasileiros.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Atos secretos: dos senadores, dos deputados e nossos

(Curiosos observam o trem que descarrilhou na noite de sexta-feira (13) no estado indiano de Orissa. (Foto: Reuters)
Obs.: Lá como cá, o trem sai dos trilhos e nós apenas obserrvamos
O assunto da moda são os atos secretos praticados no Senado Federal. Dentre centenas de decisões que teriam sido tomadas sem conhecimento público estariam aumentos de salários de funcionários e contratações de parentes de senadores já conhecidas como “Bolsa Parente”.

Atos imorais praticados publicamente por aqueles que NÓS elegemos NOSSOS representantes, não são novidade. Exemplo disso foi a decisão da Assembléia Legislativa da Bahia, que teria criado benefício aos legisladores que, depois de certo tempo de mandato, poderiam retornar aos antigos empregos públicos com as mesmas condições salariais dos cargos eletivos. Tal decisão teria sido tomada sem observar-se o processo previsto no Regimento da Casa, encurtando assim o caminho da imoralidade.

O assunto, como disse é da moda. Somos assim, inconseqüentes, farinha do mesmo saco. Nós, porque elegemos irresponsavelmente, não acompanhamos o mandato e nos mantemos calados; a mídia, porque, parece-nos, notícia visando muito mais pensando em aumentar a audiência do que promover mudança de comportamento; eles, NOSSOS representantes, porque, bem, já sabemos bem por quê.

Não entendo então, porque tanto alarme em torno do que está acontecendo no senado. Afinal, se fazem o que fazem publicamente, porque fariam melhor às escondidas?


Jesus disse que não há segredo que não venha a de ser descoberto. E daí? Tais palavras não provocam qualquer preocupação em nossa sociedade. Somos uma geração sem vergonha. Foi-se o tempo em que fazer algo errado, até mesmo em secreto, gerava conflito interior e nos fazia corar envergonhados.


Na igreja, já não cremos mais em juízo final. As palavras proféticas de que cada um prestaria contas de si mesmo a Deus perderam-se no tempo. Somos existencialistas. Aqui fazemos, aqui pagamos. E, se aqui já não pagamos, o não pagamento está autenticado. Então, viva a impunidade!


Diante disso, o que dizer dos senadores, dos deputados baianos ou de nós? Somos iguais no bem e no mal. A diferença é que agora a imprensa descobriu que os primeiros estão fazendo também às escondidas; os segundos, em público, ainda que “na calada da noite”, e nós que não somos pessoas públicas, aprontamos as nossas sem repercussão, pois o que fazemos não produz “ibope”.



Nossos discursos encontram correspondência em nossas práticas? Não nos tornamos como igreja, um vale de ossos secos entre montanhas de corrupção? Será que há em nós algum resquício de sal ou luz que possa fazer diferença? Não temos sido tão “escatologistas” a ponto de agir como se Deus não tivesse qualquer interesse pela vida presente? Será que cremos mesmo em um Deus interessado nesta vida?

sábado, 20 de junho de 2009

O Jornal Batista x Revista Veja


O Jornal Batista anunciou, em 22 de abril:



"Com o intuito de propor um diálogo com os batistas brasileiros sobre o tema Projeto Nacional de Desenvolvimento (PND), o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Roberto Mangabeira Unger, conversou na última semana com o presidente da Convenção Batista Brasileira (CBB), pastor Josué Mello Salgado.


Também participou do encontro o presidente da Convenção Batista do Distrito Federal (CBDF), diácono José Júlio dos Reis.


Mangabeira Unger afirmou que deseja transformar as "igrejas" em interlocutoras no processo de discussão do PND. Sua intenção, com esta iniciativa, é ter um fórum de debate com a CBB no qual ele apresentará suas propostas e as submeterá ao debate e à contribuição dos batistas brasileiros.


O ministro deseja promover tal debate o mais rápido possível e o mais distante possível de 2010, pois o objetivo não é político-partidário ou eleitoral.


José Júlio dos Reis ficou incumbido de organizar o fórum, que deve começar no máximo em junho. O mesmo deve acontecer em uma noite de segunda-feira no Auditório Éber Vasconcelos, da Igreja Memorial Batista de Brasília.


O pastor Júlio Borges de Macedo Filho foi convidado para falar sobre o tema "A contribuição dos batistas brasileiros para um projeto nacional de desenvolvimento".


É importante frisar que o fórum não tem qualquer cunho político-partidário ou eleitoral."




A Revista Veja publicou em 10 de junho:
(Edição 2116 - Ano 42 - Página 150)


"Agora, perto de completar 62 anos, está decidido a passar ao plano hílico e tornar-se ele mesmo o porta-voz de suas convicções. Em outras palavras, quer ser candidato à Presidência da República. E já comunicou a pretensão ao chefe. Como reagiu Lula? A resposta vem ao estilo Unger: "O presidente está acostumado a adivinhar as motivações dos que o cercam. Como destoo dos que o cercam em alguns aspectos, não sei se ele compreendeu as minhas" (tradução livre: Lula achou que a ideia não tem cabimento).



A candidatura à Presidência é um sonho antigo – Mangabeira chegou a lançar-se pré-candidato ao cargo em 2005, pelo nanico Partido Humanista da Solidariedade. Atualmente, está no Partido Republicano Brasileiro e pode procurar outra agremiação que encampe o seu projeto pessoal.


Embora evite falar dele abertamente, está convencido de que, da mesma forma que Mangabeira Unger está preparado para o Brasil, o Brasil está pronto para Mangabeira. "O povo brasileiro tem suficiente maturidade para aceitar meu sotaque estranho e minhas roupas de presbítero, como elas já foram classificadas." De resto, o filósofo diz estar habituado a críticas.



A humanidade é cética quando encontra uma mensagem transformadora, gosta de repetir. E costuma submeter à desconfiança e ao ridículo seus porta-vozes. Mangabeira Unger vem a público se oferecer para o sacrifício. "


E agora, depois de ler o texto da Veja, você continua acreditando que a aproximação do Ministro com os batistas não tem qualquer relação eleitoral, como declara OJB ?
Você acredita que a publicação em OJB é pura ingenuidade? Se não for ingenuidade, o que seria?

Deixe seu comentário!

A Gol e eu


Vejam leitoras, como funcionam as coisas no Brasil.



Viajei a Belo Horizonte no dia 10 passado para falar, no dia seguinte, no Workshop “Transformação”, promovido pela Convenção Batista Mineira. A viagem estava prevista para 16h50, pela Gol. Saí de casa com 1h e 30 de antecedência, mas um engarrafamento fez com que chegasse ao Aeroporto apenas 20 minutos antes, em vez dos 30 necessários. Fui impedido de “embarcar” e tive que pagar praticamente uma nova passagem para voar aproximadamente 3 horas depois.



Ontem, pela mesma empresa, fui a Maceió, falar à I. B. do Farol, num culto surpresa pelos 10 anos de pastorado de Roberto Amorim, à frente daquele igreja. Saí de casa com 1h e 30 de antecedência, cheguei uma hora antes, tudo transcorreu como manda o figurino com um detalhe apenas: o vôo previsto para decolar às 13h50, deixou o Aeroporto às 15 hs, portanto com 1h10 de atraso. Quando já estávamos chegando a Maceió, com um pedido de desculpas, fomos informados que houve um problema de tráfego em virtude de reformas na pista de Salvador.




A questão é: na primeira viagem, cheguei 10 minutos depois do recomendado e 20 antes da saída e perdi a passagem; na segunda, a empresa atrasou e tudo que recebi foi um pedido de desculpas coletivo, claro. Por que só um lado é penalizado quando não cumpre o contratado?



Na aviação brasileira coisas esquisitas acontecem. Uma passagem para o mesmo trajeto é mais cara se comprada no Brasil do que no exterior. Houve tempo em que, estando no Brasil, alguém podia comprar a passagem mais barata, lá fora, enviar o código para quem estava aquil viajar Brasil-Eua-Brasil. Proibiram isso.




Além disso, em viagens para o exterio, pelo menos Europa ou EUA, somos obrigados a comprar ida e volta, mesmo se não pretendemos voltar, simplesmente porque a passagem só de ida é infinitamente mais cara do que ida e volta.




Curiosa, ainda, é a norma – em lento processo de mudança até o final do ano – que impede as empresas de concederem descontos promocionais para viagens à Europa ou EUA ou mesmo a oferecem preços mais baixos.




Voltado às experiências que citei inicialmente, e que considero injustiça, parece que, pela falta de concorrência e de respeito pelo povo, por parte das autoridades públicas, tudo que se pode fazer é, sempre que for possível – quase sempre impossível pela precariedade de concorrência -, não viajar pela Gol.


?

quarta-feira, 17 de junho de 2009

"Desvio" do dinheiro de missões (I)

Ontem, antes de dormir (e depois de um domingo em que a conta de manifestações de afeto por parte da igreja ficou recheada), dei uma olhada geral nas mensagens postadas e comecei a matutar sobre a questão do "desvio" do dinheiro de missões..

Por dinheiro de missões, parece-me, tem se entendido tratar-se das ofertas designadas levantadas nos dias especiais ou através do PAM, certo?

Não entrarei em discussão sobre a definição que damos ao conceito "missões".

O que me perguntei na "matutação" foi: o que consideramos ser investimento em missões?

1. Seria investir exclusivamente na pessoa que proclama a mensagem, o missionário?

2. Seria o investimento em literatura que visa, exclusivamente, proclamar a mensagem de salvação?

3. Seria o investimento em espaço físico para reunir pessoas para ouvirem a mensagem de salvação (e também para realização do discipulado)?

4. Seria o investimento em residência para os que anunciam a mensagem?

5. Alguém discordaria que os valores enviados por nós às agências que administram missões na CBB (e também nas estaduais) fossem utilizados para pagar o pessoal que trabalha nos escritórios, administrando?

6.Alguém discordaria que os valores enviados por nós às agências que administram missões na CBB (e também nas estaduais) fossem
usados em propaganda, visando sensibilizar o povo a dar mais oferta?

7. Alguém discordaria que os valores enviados por nós às agências que administram missões na CBB (e também nas estaduais) fossem usados na elaboração de material de discipulado, portanto, literatura com conteúdo apropriado para o período posterior ao da proclamação que desafia os ouvintes à decisão?

8. Alguém discordaria que os valores enviados por nós às agências que administram missões na CBB (e também nas estaduais) fossem usados na construção de abrigos para atender necessidades sociais?

9. Alguém discordaria que os valores enviados por nós às agências que administram missões na CBB (e também nas estaduais) fossem usados para pagar pessoas (assistentes sociais, por ex.) para atuarem nas dimensões sociais (educação, alimentação, saúde, por ex.) de empobrecidos, viciados, etc. ?

10. Alguém discordaria que os valores enviados por nós às agências que administram missões na CBB (e também nas estaduais) fossem utilizados para presentear familiares de ex-funcionário com "X" mil reais, além de todas as verbas indenizatórias previstas em lei?

Dependendo das respostas dadas, provavelmente acabaríamos discutindo o conceito "missões", mas, não só isso, discutiríamos o porquê de não haver resitência ao "desvio" de valores desginados para "missões"
para investimento em causas sociais, como faz a JMN ou em materiais de educação cristã (discipulado), mas resistimos quando se trata de investimento em educação teológica.

Nosso problema é mesmo com o uso de verba designada em educação teológica ou apenas com o uso em pagamento de dívidas de instituições teológicas?

Nosso problema é com o pagamento de dívidas dos seminários geradas por má gerenciamento ou também por outras razões? (exemplifico outras razões: o Pr. Schuller, a meu ver, está fazendo um gerenciamento correto no STBNB. Identificou os problemas, está sendo transparente nas informações que repassa ao Conselho da CBB e está adotando medidas de redução de custos e de ajuste filosófico que afetam a imagem da instituição que motiva a atração ou retração de alunos, mas, talvez, isso não seja suficiente para manter equilibrada a relação receitas-despesas, se não houver uma revisão, por parte da (liderança da) CBB, no que se refere à filosofia e estrutura de educação teológica na denominação (igrejas, associações, convenções estaduais e nacionais e seus empreendimentos)

Bem, imagino que as questões levantadas são muitas e exigiriam um encontro para respondê-las, mas como nesta lista*, temos algumas das destacadas cabeças engajadas na ação missionária, quem sabe pelo menos uma delas se dispõe a responder e a nos (ou me) ajudar na compreensão do que se quer dizer por "desvio do dinheiro de missões".
* Grande Forum Batista, coordenado pelo jornalista batista Vital

"Desvio" do dinheiro de missões (II)

(Para entender este texto, leia a parte I)
1. Se eventualmente alguém estiver entendendo que denunciei algum desvio do dinheiro de missões, tal pessoa não leu o que escrevi. Em nenhum momento no texto que escrevi fiz qualquer menção a aspectos morais do uso do dinheiro, mas aspectos filosóficos, em busca de qual seria a compreensão dos interessados no assunto quanto aos limites no uso das ofertas;

2. Não me referi a ajuda ao STBSB. Se alguém estiver entendendo que me referi ao STBSB, também não leu o texto que escrevi;

3. Não emiti qualquer juizo de valor sobre o dinheiro de missões. Fiz perguntas a respeito do assunto, pelo fato de que, neste fórum, por diversas vezes, apareceram comentários sobre "desviar" dinheiro de ofertas missionárias para outros fins. Então, fiz perguntas que, se respondidas, poderiam clarear qual seria o limite compreendido pelos batistas deste fórum, para afirmar quando o dinheiro está sendo usado de acordo com a finalidade e quando a finalidade está sendo desviada;

4. O objetivo do texto foi abrir espaço para compreendermos exatamente o que o Pr. Geremias Bento*, por exemplo, quer afirmar quando diz "podem estar certos que dinheiro de missões não foi usado fora de seu objetivo"Qual seria exatamente esse objetivo? Essa pergunta resume as perguntas do texto.

5. Qualquer resposta que se queira dar às perguntas poderiam ajudar a clarear. Entretanto, se não se quer dar, pelo menos que não se diga o que não está dito no texto.

Não há nada no texto que afirme algo, nem mesmo subentendido. Por favor, leiamos o texto de maneira objetiva. Perguntas que esperam resposta.
Portanto, declaro, a quem interessar, que não tenho qualquer dúvida moral sobre o uso do dinheiro das ofertas de missões. Se tivesse, a igreja que pastoreio, desculpem a referência, não estaria no grupo das 1% das igrejas da CBB que mais contribuem nominalmente para missões mundiais, nacionais e estaduais ou entre as 3 a 5 do Norte e Nordeste em valores nominais.
Jamais estimularia igreja da qual sou pastor a contribuir para organização dirigida por quem não acredito na honestidade.
Confio plenamente na honestidade de todos os dirigentes das agencias missionárias batista que conheço. E dos que não conheço, nunca ouvi qualquer palavra de dúvida sobre qualquer um deles.
* Grande Forum Batista, coordenado pelo jornalista batista Vital

sábado, 13 de junho de 2009

Comunhão, vinho e pão

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Dia dos namorados

Era 3 da madrugada deste Dia dos Namorados e, de repente, acordo ouvindo vozes alteradas. Estava dormindo no nono andar do Hotel Nacional Inn, em Belo Horizonte.
Inicialmente pensei estar tendo um pesadelo, mas não era. Mantendo as luzes apagadas fui até a janela pra ver o que estava acontecendo. Tratava-se de uma briga. Um homem corria pra bater no outro e as mulheres de cada um deles tentavam apartar.
O que depreendi foi que o que tentava agredir estava convencido de que o outro havia paquerado a mulher "dele".
Um corria para um lado, o outro corria atrás. Um ameaçava puxar uma arma que estaria nas costas; o outro ameaçava tirar algo de dentro de uma bolsa. Ambos, nesse momento, se afastavam pra ver se, de fato, o outro estava armado.
As mulheres não discutiam entre si. Continuavam gritando, pedindo que parassem, que se afastassem.
As pessoas passavam e seguiam.
Os carros diminuiam a velocidade e prosseguiam.
De repente conseguiram se agarrar. Tapa pra lá, soco pra cá. Muito pontapé e gritaria. Nada de armas.
Eis que o silêncio começa a reinar. O agressor parece ter levado a pior.
A mulher do que seria agredido - suposto paquerador - consegue arrastá-lo e ir embora.
A do outro, fica amansando o seu que, embriagado, assentou-se na calçada. Continua a murmuração.
Ela, claro, com ou sem razão, insistia dizendo que nada do que ele afirmava teria acontecido. Dizia ela que o problema era que ele estava bêbado e, por isso, vendo coisas. Fiquei em dúvida, pelo horário, se se tratava mesmo de casal com algum tipo de relacionamento mais duradouro.
A polícia se aproxima, depois que já não havia mais briga. Começa a ouvir e percebe que o homem estava sem condições de falar. A mulher conta a história. As vozes estavam baixas. Não escutava mais nada, além do polícial, duas ou três vezes, gritando com o homem para que ficasse calado e deixasse a mulher falar.
O policial volta pro carro, pega uma prancheta para registrar a ocorrência.
Depois que o silêncio é restabelecido, volto pra cama, tento dormir, mas, de repente, novo barulho. Era 6 da manhã. Acordo assustado com o toque do despertador. É hora de me arrumar pra ir pro Aeroporto.
Chego ao aeroporto de Confins antes das oito. Viajo em paz e, às 11, no Aeroporto de Salvador, encontro Gláucia, maravilhosa, sorrindo, me esperando. Não era sonho, mas era tudo o que eu sonhava.
Ganhei o dia (dos namorados), apesar de ter perdido a noite, por causa de "enamorados".

Missão cumprida

"Samuel disse a todo o Israel:
'Atendi tudo o que vocês me pediram e estabeleci um rei para vocês. Agora vocês tem um rei que os governará. Quanto a mim, estou velho e de cabelos brancos, e meus filhos estão aqui com vocês. Tenho vivido diante de vocês desde a minha juventude até agora.
Aqui estou. Se tomei um boi ou um jumento de alguém, ou se explorei ou oprimi alguém, ou se das mãos de alguém aceitei suborno, fechando os olhos para a sua culpa, testemunhem contra mim na presença do Senhor, e do seu ungido. Se alguma dessas coisas pratiquei, eu farei restituição'.
E responderam: 'Tu não nos exploraste, nem nos oprimiste. Tu não tiraste coisa alguma das mãos de ninguém'.
Samuel lhes disse: 'O Senhor é testemunha diante de vocês, como também o seu ungido é hoje testemunha de que vocês não encontraram culpa alguma em minhas mãos'.
E disseram: 'Ele é testemunha' " (I Samuel 12.1-5)
xxx
Acho esse texto muito bonito, mas quem conhece a história sabe que nem tudo foi fácil. O poder político era da religião e Samuel o tinha em suas mãos. Ter um Rei seria um primeiro passo para descentralização do poder. Samuel coordenou o processo de transição, porém não o fez por convicção própria, mas porque o povo pedia.

Pedia, me parece eufemismo. Se o redator fosse eu talvez escrevesse: já que insistiram, eis aí o VOSSO rei, enfatizando o “vosso”.

Política pública à parte, gosto do reconhecimento de Samuel de que já estava velho. Ter consciência das próprias condições não é pra todos, especialmente quando comparadas com as necessidades da função que se exerce. Como dizem, saber começar é mais fácil do que saber terminar.

Mais do que isso, na transição do poder, Samuel abre-se para prestação de contas. Eis outra qualidade que vai se tornando rara, por iniciativa de nós líderes. Prova disso é que transparência na adminitração pública brasileira, agora é imposição legal.
Geralmente, a prestação de contas ocorre sob pressão e de forma opaca. Transparência, isto é, prestar contas pensando em facilitar a compreensão e domínio dos dados, das informações, tem sido um pesadelo para muitos de nós. (Alguém tem acesso à prestação de contas de algum pastor televisivo que vive nos pedindo dinheiro para sustentar a visão que “Deus” lhe deu? Billy Graham é uma raríssima exceção)

Samuel, entretanto, lembra as pessoas de que desde a juventude está diante delas. E mais: seus filhos também estão com elas. Sua vida toda e de seus filhos estava disponível para ser avaliada.
Tal postura, além de ser uma abertura para avaliação, serve também de referência para o novo rei. É como se Samuel dissesse: Saul, eu sempre fui honesto, por isso fiquei tanto tempo à frente do povo e gozo do seu respeito. Preste atenção neste detalhe!

Interessante, finalmente, é observar que a prestação de contas de Samuel enfatizava o aspecto social. Tomar, explorar, oprimir, aceitar suborno e fechar os olhos são palavras relacionadas ao mundo dos relacionamentos sociais e, geralmente, associadas a líderes cuja ética evidencia distanciamento de Deus. Prova disso é que o povo declara a idoneidade dele e ele aponta o rei e Deus como testemunhas da afirmação feita.

Penso que Samuel, pelo menos por razões éticas, podia colocar a cabeça no travesseiro e dormir em paz. E o melhor: sem Lexotan, Valeriana, Rivotril ou Maracujina.
Sua missão estava cumprida.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O blog da Petrobrás e o poder da mídia, inclusive batista

Ontem, o jornal A Tarde, de Salvador, publicou que a Petrobrás resolveu criar um blog "para se contrapor à CPI". O endereço é HTTP://petrobrasfatosedados.wordpress.com/. A criação, segundo a matéria, tem por objetivo divulgar a versão da empresa sobre os questionamentos que surgirão na CPI. Todas as perguntas que forem feita pelos jornalistas, terão as respostas publicadas na íntegra no blog. Com isso, a empresa pretende não ser vítima da edição das respostas, pelos editores, visando levar ao conhecimento público somente o que e da forma que interessaria às empresas de comunicação. Ponto pra inteligência da Petrobrás.

É sabido que a neutralidade de um veículo de comunicação é, geralmente, diretamente proporcional aos seus interesses econômicos. Com base nos impactos que a notícia exercerá sobre seus interesses ou de seus aliados, define-se a política de divulgação a ser adotada. A Petrobrás, então, quer se proteger dos interesses contrários e, para isso, vai usar um blog.
Um dos grandes méritos da internet é a distribuião do poder da informação. É claro que o rádio e a TV continuam fortes, exercendo influência especialmente sobre pessoas desavisadas ou desinteressadas em aprofundar o conhecimento dos fatos. Quem, porém, procura maior autonomia recorre, alternativamente, à internet em busca da diversidade de opiniões, para formar seu próprio pensamento, sempre que interessar.

Na internet há muito lixo e superficialidade, principalmente nos blogs. Também há na televisão, no rádio, nos livros, nos jornais, nas revistas e até nos púlpitos de igrejas. Cabe, então, a cada um, primeiro, definir os conceitos "lixo" e "bom" e, depois, seguir o princípio recomendado por Paulo de examinar tudo e deletar o que não presta.

Estamos num processo de distribuição do poder das comunicações. Até a poderosa Globo já se deu conta disso e está correndo atrás do prejuizo. Parece que alguns de nós, batistas, ainda não nos demos conta deste fato.

Pesquise nos Estados Unidos, onde a história da democracia do país se confunde com a dos batistas e encontrará "n" jornais batistas de diversas correntes. Blogs de instituições batistas, como os da Aliança Batista Mundial e da Aliança de Batistas ou de membros de igrejas batistas são comuns. Confira em minha lista de blogs.

No Brasil não. Herdamos o discurso dos antigos batistas, fundadores da outra América, sobre liberdade de pensamento, mas o uso da expressão "Orgão Oficial da Convenção" tal, em nossos jornais batistas, parece ser interpretado por alguns com o mesmo sentido das ditaduras políticas, nas quais os jornais são órgãos "oficiais" de propagada dos pensamentos e interesses daqueles que estão com o poder decisório nas mãos. E quando alguém se atreve a criar um meio de publicar notícias ou pensamentos, se declarando batista, começa rapidamente a receber alertas de "generais".

Dizemos que somos uma denominação democrática, com um milhão e meio de batistas, mas, no caso d' O Jornal Batista, 4 ou 5 cabeças, todas da mesma cidade (ou convenção regional) ou do mesmo Estado, escolhidas não sei quando, com que atribuições, por quanto tempo, decidem sob critérios desconhecidos do grande público, sobre o que deve ou não ser publicado.
(Destaco, por questão de justiça e honestidade, primeiro, que a culpa é nossa, não deles. Eles - os 4 ou 5 - não se escolheram, foram convidados e servem voluntariamente sem receber um centavo. Segundo, que sei que a solução disso faz parte das pendências de ajustes que precisam ser feitos).

Comecei a pensar no custo de cada página d'OJB. Isso me ocorreu com um pouco mais de profundidade quando um texto meu ocupou quase uma página inteira deste Jornal. Recentemente, ao pagar, justamente, por uma convocação de recadastramento de membros, nele, a idéia do custo do espaço reapareceu.

Pensei: por que o dinheiro dos batistas deveria ser usado para financiar a publicação de imensos textos? Com todo respeito a mim mesmo e alguns dos que, como eu, já usaram tão grande espaço, que critérios são usados para publicar meia página ou uma página, com textos cuja relevância nem sempre parece ser de interesse amplo? Publicamos pelo nome ou representação de quem escreve? Pela necessidade de prenchimento de espaço? Com base numa agenda de assuntos? Se OJB é publicado com recursos provenientes das igrejas, não deveríamos saber?

Voltando à inteligente idéia do blog da Petrobrás, ao ler a notícia pensei: se a Petrobrás pode e faz por que batistas não poderíamos produzir informação alternativa? Se defendemos a democracia, a liberdade de pensamento e a transparência, não deveriamos ser exemplo? Se eventualmente não pudermos publicar nos órgãos oficiais, que o façamos através dos nossos modestos blogs. Quem sabe a palavra caia em terreno fértil e a idéia se transforme numa grande árvore.

sábado, 6 de junho de 2009

Sou batista, sim senhora! (Parte I)

Pois é, senhora, sou batista.

Não tive a oportunidade de ser alguma outra coisa e depois fazer uma escolha, nem lamento por isso. Reconheço apenas que, alguns que passaram por outras confissões e depois se tornaram batistas, tendem a se tornar muito mais, digamos, "orgulhosos" do que outros que, como eu, “nasceram batista”.

Permita-me falar um pouco a meu respeito. Paulo assim o fez ao escrever a “segunda” carta aos Coríntios, nos capítulos 11 e 12. Claro que, imitando Paulo não estou chamando a senhora de corintiana. Entendo que isso soaria duplamente pejorativo vindo de um batista e santista.
Apenas falarei um pouco de mim para que entenda o meu modo de ser batista. Se “a cabeça pensa onde pisam nossos pés” e “a boca fala do que o coração está cheio”, não há como separar nossos pensamentos dos sentimentos alimentados durante nossa história de vida.
Meus pais foram católicos até a adolescência. Ele converteu-se numa igreja presbiteriana, mas, convencido de que o batismo bíblico seria por imersão, passou a ser batista. Ela, até onde sei, converteu-se numa igreja batista.
Diz a dona Nena, com certo orgulho, que não faltou um domingo sequer aos cultos durante todo o período em que estava grávida de mim. Diz ainda que, passada a quarentena, fui apresentado à igreja e ela continuou a não faltar aos cultos. Diz também que assim foi com as seis filhas e dois filhos.

Quando um filho fazia corpo mole, alegando alguma dor, para não ir a um culto, era rigorosamente advertido pelo Seu Jovino, de que, se saísse de casa naquele período, acertaríamos as contas com ele na volta.

Nesse modelo meu caráter foi moldado e, depois, mesmo liberto da fiscalização dos pais, meu superego jamais permitiu ausentar-me de atividades dominicais da igreja sem que uma forte luz amarela acendesse, gerando até certo sentimento de culpa.
Pelas minhas contas são aproximadamente 2700 domingos indo aos cultos, com uma abstenção estimada em 0,5%. Índice nada mal ou nada bom, dependendo dos efeitos colaterais, a senhora concorda?

Não me tornei batista, portanto, por casamento ou comunhão de bens, mas por filiação, hereditariedade. Mesmo tendo conquistado minha carta de alforria, continuei a relação até hoje.
É claro, minha senhora, que uma relação tão longa, firmada inicialmente em algumas imposições carregadas de chantagens sentimentais, não poderia ser amistosa. Daí, talvez, a razão de, diversas vezes, tirar de dentro da própria denominação, os exemplos negativos para ilustrar o que digo ou escrevo.

Imagine: aos 9 anos apresentei-me para batismo, meses depois de ter atendido apelo do então seminarista José Nicolau, posteriormente pastor da PIB de Limeira, SP, para entregar-me a Jesus. Meu pai preparou uma lista de aproximadamente 40 perguntas para eu estudar para a profissão de fé – exame oral visando comprovar as convicções e conhecimentos dos candidatos ao batismo - numa folha amarela, datilografada que guardo até hoje.

No domingo pela manhã, lá estava eu, sentado em uma cadeira ao lado da “mesa da comunhão”, de frente para o plenário, com cada resposta na ponta da língua. O Pr. Olívio dos Santos, de Campinas, que, parece, era pastor interino da igreja, sabatinou-me durante um longo tempo. Respondi tudo direitinho e fui sentar-me ao lado da dona Nena, aguardando o veredito democrático da assembléia.

De repente, irmãs e irmãos começam a dar seus pareceres. Não me lembro se alguém me defendeu. Lembrou-me apenas dos quatro ou cinco que me acusaram. Aos nove anos, a acusação que ficou em minha mente foi de que eu daria muito trabalho pra minha mãe e, por isso, não deveria ser batizado. Depois de adulto vim a entender que o estatuto da igreja exigia unanimidade para alguém ser aceito. Como aos nove anos eu já não era unanimidade, como ninguém é, fui rejeitado.

Descobri, também, depois de adulto, os efeitos que transpareceram imediatamente em minha vida escolar naquele período. Por que estudar, responder tudo certo, se o critério para aprovação era político e subjetivo?

Na escola, na hora da aula de religião, os protestantes eram convidados a se retirarem. Numa turma de 30 alunos, sabe quanto se levantavam? Um ou dois, morrendo de vergonha. Inicialmente ficávamos vagando, marginalizados pelo pátio. Depois passaram a oferecer a alternativa de ensino “protestante” com uma professora presbiteriana.
Na quinta série dei um jeito de fugir da escola e sabe por quê? Porque a professora de matemática, dona Neuza, fazia brincadeiras de mau gosto com um ou dois protestantes da turma. Ir pra aula dela era um terror. Criei um artifício, agora confessado, e me livrei dela, esclareço, da aula, mesmo com prejuízo para minha caminhada escolar.

À época, televisão era raridade, crente de igreja do interior não ia a cinema, baile, carnaval, festa junina, parque de diversão ou estádio de futebol. Isso, numa cidade de 30 mil habitantes era o mesmo que ser ET.

Ser batista, como a senhora pode ver, custou-me um bom preço. Pode não significar nada para um adulto, mas para mim foi dureza.

Mas continuei firme. Graças a meus pais, a bons relacionamentos na igreja e a fé plantada em meu coração, continuei decidido, fui batizado aos 11 anos pelo Missionário Paul Stouffer, hoje aposentado na Geórgia, USA.

Aos 14 anos assumi, pela primeira vez, uma função na igreja, ensinando uma classe de EBD. Daí pra frente, nunca mais fiquei um ano sem compromisso com algum cargo. Professor, líder de jovens, tesoureiro e por aí vai. Aos 18 assumi a primeira função denominacional fora da igreja local, na Associação Centro. E, de lá pra cá, foram raros os anos em que não atuei em organizações de convenções.

Tinha 20 anos quando meu pai morreu. Ele estava de licença médica, se não me engano. Era funcionário da prefeitura municipal. Foi pastor por seis meses, depois de ter estudado no Instituto Bíblico Batista do Estado de São Paulo, em Bauru. Morreu com problema cardiológico no dia 18 de maio de 1978. No dia “30”, a assembléia de membros discutia se minha mãe deveria ou não receber o “salário” referente ao mês de maio. O tesoureiro, uma alemão, defendia que não. Eu, ali sentado ao lado dela, não acreditava no que via e ouvia.
Mas continuei batista, sim senhora! Sem rancor, amargura ou, muito menos, ingenuidade.
Acreditando em vocação, fui estudar no Recife. Desde que lá cheguei procurei engajar-me numa igreja. Jamais fiquei no internato em dia de domingo. Frequentei a IB Vale do Jordão. Depois fui seminarista da IB do Bairro Novo, em Olinda. Em seguida fui trabalhar na IB (da Rua) Imperial. Trabalhei na Convenção Batista de Pernambuco e fui seminarista da IB do Cordeiro.
Após o seminário, continuei minha trajetória na denominação, sempre atuante em igrejas locais e em organizações das estruturas batistas, tanto em nível estadual quanto nacional. Um dia desses organizei cronologicamente todos os esboços de mensagens que preguei desde meados da década de 70 até começar a usar computador e relembrei a infinidade de igrejas, encontros, congressos, acampamentos, seminários e convenções batistas, estaduais e nacional, nos quais preguei na maioria dos estados brasileiros.

A senhora ainda tem dúvidas de que realmente sou batista?

Sou batista, sim senhora! (Parte II)

Se a senhora ainda tem dúvidas, deixe-me dizer mais algumas coisas.
Rio quando ouço alguém falar que precisamos uniformizar a identidade batista. Pra mim, quem diz isso, ou não conhece história ou não sabe o que é identidade.

Os batistas surgiram a partir de um movimento chamado Puritano, na Inglaterra. Desde o início nunca existiu identidade uniforme, até porque isso contrariaria algumas das razões do seu surgimento, como por exemplo, a busca pelo respeito à liberdade de culto, de pensamento e ao sacerdócio individual de cada crente, à luz de uma autoridade superior à do Rei da Inglaterra – chefe de Estado e da Igreja - que seriam os textos bíblicos canonizados pela Igreja.

Qualquer pessoa minimamente bem informada e intencionada já concluiria, pelas bandeiras levantadas, que não havia somente uma identidade batista. Os batistas se caracterizariam, ao longo de sua história, pela defesa da liberdade do individuo e de igrejas locais autônomas, soberanas e democráticas.

Estudos posteriores de tais igrejas identificaram seis ou sete princípios comuns a elas. Tais princípios receberam nomes como, por exemplo, Senhorio de Cristo, Autoridade das Escrituras, Separação entre Igreja e Estado, mas até mesmo a compreensão, definição e o discurso sobre cada um de tais princípios não é uniforme. Daí a existência de batistas “tradicionais”, “renovados”, “bíblicos”, “regulares”, “do sétimo dia”, “fundamentalistas”, “independentes”, “reformados”, "pós-pentecostal" e por ai vai, cada um declarando sua identidade como sendo original e verdadeira.
Identidade é algo extremamente individual. Jamais poderia haver uniformidade. O que existe é pacto político. As convenções batistas se sustentam em pacto político. Não discuto aqui a importância de outros elementos, inclusive místicos, mas a própria palavra convenção é inerentemente política. A necessidade de se convencionar algo pressupõe o reconhecimento de que há diferenças e que, a despeito delas, acordos podem ser estabelecidos e objetivos alcançados de forma cooperativa.

O que desestrutura uma convenção de igrejas batistas não são as diferenças encontradas nas igrejas que dela participam ou de indivíduos que representam tais igrejas em seus fóruns deliberativos, mas a incapacidade de reconhecer que a caminhada cooperativa é fruto de pacto político, norteado por valores e princípios espirituais que precisam ser preservados.

Nenhum individuo possui qualquer documento comprobatório de que Deus o autorizou a falar em seu nome. Quem tem juízo admite que no exercício de nossa liberdade de interpretar as Escrituras, expor e defender nossas conclusões, jamais se pode afirmar que o resultado retrata de maneira absoluta a vontade de Deus. Tanto isso é verdade que cada ponto da Declaração Doutrinária da CBB foi votado e, quando não houve consenso, prevaleceu o desejo da maioria dos votantes.

Isso confirma nossa natureza política e a necessidade de pacto. Se convenção é fruto de pacto político, a capacidade de reflexão, a abertura para negociação e a definição de agenda mínima são elementos essenciais à manutenção do sistema.

A cooperação tende a se fragilizar quando: 1) a agenda de cooperação não é clara ou é demasiadamente ampla, 2) os princípios norteadores se multiplicam em quantidade e nível de detalhamento, 3) a administração do sistema não é transparente e 4) os participantes, especialmente líderes, começam a agir com autoritarismo numa demonstração de má-fé ou incompetência para pensar criticamente e reconhecer as diferenças individuais como parte da natureza humana.

Observe, portanto, senhora, a importância do investimento em educação, para se manter um sistema cooperativo. Uma convenção que não estimula a reflexão séria está se condenando a fragmentar-se por gerar participantes incapazes de reconhecer que somos diferentes, que percebemos as coisas de maneira diferente, mas que é possível caminharmos juntos se definirmos e enfatizarmos os pontos que nos unem e os objetivos que desejamos alcançar.
Perceba, senhora, que usei a expressão “reconhecer”. Ninguém reconhece o que não conhece. Ninguém conhece o que não estuda. Ninguém estuda adequadamente se seus professores inibem o senso crítico e desestimulam a liberdade de pensamento. Nenhum professor estimula a liberdade de pensamento e o senso crítico se depende economicamente do sistema pra sobreviver e se os líderes do sistema com o qual coopera se posicionam contra tal liberdade (claro que a liberdade de cátedra deve ser exercida com ética, com seriedade). Nenhum sistema garante a liberdade se não houver indivíduos que lutem pela manutenção deste direito. E assim se forma o circulo.

Sim, Senhora, sou batista. Nasci e me criei dentro deste sistema. Estudei para trabalhar neste sistema, reconheço que não é a única alternativa de sistema, mas não tenho a pretensão de criar outro. Estou convencido de que criar outro é, de certa forma, uma demonstração da minha própria incompetência e fragilidade de conviver com o diferente.
Além disso, um “novo” sistema enfrentaria, mais cedo ou mais tarde, seus próprios problemas. Mas respeito quem pensa diferente. Compreendo aquelas que se cansaram de lutar e resolveram abandonar o convívio denominacional ou até começar uma igreja com outra “marca”, num modelo organizacional, administrativo e político diferente.
Um dia desses perguntei a que igreja determinada pessoa pertencia e ela respondeu: sou cristã. E eu me perguntei. O que é ser cristão? Quantas definições há a esse respeito? Quantos livros já foram escritos sobre isso? Quem pode dizer que a sua definição é a certa?
Sim senhora, sou batista. Observo em meu ministério, por convicção, os princípios básicos aceitos pela maioria das igrejas batistas do planeta; reconheço a importância de uma Declaração Doutrinária em face da necessidade de referenciais, mesmo fruto de decisão política; respeito a soberania da igreja local reunida em assembléia, e tenho claro pra mim que o que sustenta a vida espiritual de uma pessoa ou de uma comunidade é uma fé firme na graça de Deus que chegou até nós revelada na pessoa de Jesus Cristo, conforme registro das Escrituras que chamamos de Bíblia. Tudo isso trabalhado na esfera do amor.
A senhora não precisa concordar, mas esse é meu modo de ser batista construído ao longo de quase 52 anos de vida, 26 dos quais como pastor.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Agradecimento


Há quase três anos iniciei uma verdadeira peregrinação visando descobrir as causas de alguns sintomas com os quais convivia há algum tempo e que causavam prejuízos à minha vida. Paralelamente à peregrinação aos consultórios médicos, envolvi-me em pesquisas pela internet e descobri a possibilidade de ser portador de distúrbios no sono.

Com este referencial, procurei especialista – Dr. Francisco Hora – que diagnosticou apnéia do sono, confirmada posteriormente através de polissonografia. Passei, então, a usar um aparelho chamado CPAP, o qual, a despeito do desconforto inicial, melhorou bastante a qualidade do me sono e desempenho diário.

Por orientação do referido médico procurei um otorrinolaringologista – Dr. Rui Lobo – por quem passei a ser acompanhado. Nesta caminhada, através de exames foi identificado “sinais de pansinusopatia com provável polipose nasal associada, desvio do septo nasal com formação de esporão ósseo e pequeno osteoma em célula etmoidal anterior à esquerda”.

Esses problemas geravam, dentre outros, problemas na respiração, na voz, dores de cabeça e distúrbios no sono. Por isso, no último dia 07 de maio submeti-me a intervenções cirúrgicas que já repercutiram positivamente em meu estado físico e emocional nesses 30 dias.

Diante disso, agradeço à Gláucia pela enorme paciência e dedicação extraordinária nesses dias de convalescença; aos médicos e suas equipes, bem como a todos que manifestaram seu carinho, seja através de orações, recados orais e via e-mail ou pelo Orkut, telefonemas, visitas e outros meios. Agradeço a cada pastor que ocupou o púlpito ou escreveu texto para Boletim Dominical da IBG nesse período e também à Igreja e seus líderes que ofereceram a cobertura necessária durante todo o processo.

Agradeço, sobretudo, a Deus, razão da nossa existência e esperança, em função de quem temos tentado viver e a quem procuramos servir, pelas possibilidades da medicina moderna, pedindo que continue a ajudar-me a continuar firme no ministério, a despeito das adversidades que eventualmente enfrentamos, inclusive no campo da saúde.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Deixando de ser peteca

“Não deixe a peteca cair” é uma expressão que ganhou um significado especial no meio batista, desde que o Pr. Oliveira de Araujo, então presidente da Convenção Batista Brasileira, compartilhou, na Assembléia de São Luis do Maranhão, o que sua filha teria feito durante o período em que se encontrava enfermo, à espera de um transplante de pulmão.

Se estou bem lembrado, ela teria enviado a ele uma peteca com a expressão: “não deixe a peteca cair”, que seria o mesmo, que “segure as pontas”, “aguenta firme”, “não desista”, e por aí vai.

Acho a linguagem algo extraordinário. Se nós todos nos aprofundássemos um pouco em lingüística, alguns dos nossos problemas de interpretação de textos sagrados e seus efeitos nos relacionamentos e em nosso modo de viver poderiam ser sanados.


Mas não é sobre isso que quero escrever. A história da peteca é apenas um preâmbulo para pensar no ludismo como cosmovisão da vida.


Por ludismo como cosmovisão da vida, refiro-me ao uso de atividades de lazer como meio para explicar ou entender a vida. Quando dizemos, por exemplo, que a vida é uma gangorra ou uma roda-gigante, queremos dizer que faz parte do viver, estarmos uma hora embaixo, outra, encima. Que não estamos sempre no auge, nem sempre no chão, muito menos em estado intermediário.



Isso é verdade. Em nossa caminhada humana, não creio haver uma pessoa que possa dizer que sempre esteve encima. Seja por razões de saúde física, emocional, relacional, econômico-financeira, enfim, todos, em algum grau, por algum período de tempo, já experimentamos o apogeu ou o perigeu.


Se prestássemos um pouco mais de atenção à cosmovisão lúdicista da vida, seríamos mais humildes. Em nosso meio batista, por exemplo, já vi um bocado de gente, pastor especialmente, que ao passar por mim era como se fôssemos de castas diferentes. Eu, um simples dalit (indigno e sujo), ele um brâmane (casta religiosa mais alta, de posição social privilegiada).


Mas a vida, como um parque de diversões, nos surpreende, brinca conosco, faz nos rir quando acertamos no tiro ao alvo ou chorar quando nos é negado mais um momento no carrossel ou recebemos um não diante de um cor-de-rosa algodão doce.


Assim, reencontro agora alguns outrora “brâmanes”, que não passam de simples “manés”, sem prestígio ou babação, marginalizados nos corredores das assembléias convencionais da vida, até dependendo de ajuda alheia para pisar nos mesmos corredores pelos quais outrora desfilavam de maneira altiva, arrogante.


E a peteca, o que tem a ver com isso? Na casa dos nossos irmãos na fé, Hanilda e Alonso, lá em Itapoã, há uma quadra de peteca. É semelhante a uma quadra de vôlei com piso gramado, capacidade para três a quatro jogadores de cada lado. Em vez de bola, a peteca é o instrumento da brincadeira. Perde ponto a equipe que deixa a peteca cair. O esforço, portanto, é grande, de ambos os lados, pra não deixá-la cair e assim, vencer a brincadeira.



A vida torna-se cruel quando estabelecemos que nós somos a peteca. Se cair significa derrota, ao nos jogarem pra cima, com seus toques, os jogadores são vistos como “gente boa” que nos sustentam no ar, evitando nossa queda e o conseqüente desprazer de nos sentirmos no chão da existência.


Por outro lado, como uma peteca, para não experimentarmos o cheiro da terra é essencial que aceitemos levar tapas continuamente, como objetos do prazer sádico daqueles cuja diversão é nos manter no ar até se cansarem; daqueles que, parafraseando Freud, querem ter um rei, simplesmente para exercitarem o poder e o prazer de depô-lo. Quanto mais tempo conseguem evitar nossa queda, mais riem, divertem-se e nos batem. Mas também há os que gozam, “orgasmicamente”, se uma queda acontece.


Parece restar aos “petecas” da vida escolher entre permanecer no auge, levando tapas ou repousar no chão do esquecimento.


Se não me engano foi o psiquiatra Roberto Shinyashiki que teria dito, em “Carícia Essencial”, que a indiferença é pior do que o desafeto. Assim, preferimos passar a vida levando tapas, mas nos sentirmos vivos, no auge, a adormecermos no chão da indiferença.


Ainda bem que a vida não precisa ser vista pela ótica da cosmovisão maniqueísta, na qual se é ou tudo ou nada, ou terra ou mar, ou oito ou oitenta, ou preto ou branco. Tanto nem só de petecas é feito o mundo do lazer, quanto nem só de petecas é composto o universo do ser. Não somos todos - nem ninguém precisa ser - petecas, nem a vida, parque de diversões.


Refletindo, des-cobrimos que ser peteca não é o único meio de nos relacionarmos com os que nos cercam ou de experimentarmos harmonia interior e exterior ou, ainda, de nos sentirmos felizes, realizados. Há outras formas de nos relacionarmos com pessoas, sermos felizes, sem sermos petecas em suas mãos.


Optei por deixar de ser peteca, ainda que continue levando tapas daqueles que não aceitam minha liberdade dessa condição de vida. As tapas da liberdade conquistada, entretanto, são incomparavelmente mais agradáveis do que as da dependência, da escravidão, da conivência e da subserviência.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Um terceiro mandato para Lula?



Eis a nota publicada no Bahia Notícias e assinada por Daniel Pinto:


"A Câmara dos Deputados divulgou a lista dos parlamentares que assinaram a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para tentar viabilizar o terceiro mandato do presidente Lula. O pitoresco é que a relação é formada por uma miscelânea de partidos e tendências políticas, inclusive por membros da oposição. Segue a relação dos baianos que querem Lula no poder até 2015: Geraldo Simões (PT), Marcos Medrado (PDT), João Carlos Bacelar (PR), Severiano Alves (PDT), Uldurico Pinto (PMN), Márcio Marinho (PR), Luiz Bassuma (PT), Edson Duarte (PV), Luiz Alberto (PT), Daniel Almeida (PCdoB), Raymundo Veloso (PMDB), Alice Portugal (PCdoB), Joseph Bandeira (PT), Edigar Mão Branca (PV), Colbert Martins, além do time do Democratas. Outro fato curioso é que alguns deputados fizeram questão de assinar o documento mais de uma vez. " http://www.bahianoticias.com.br/noticias/noticia/2009/05/29/40899,confira-a-lista-dos-baianos-que-assinaram-a-pec-do-3-mandato.html




Não nego. Sempre votei em Lula.



Não nego também que fiquei profundamente frustrado com a ética do PT ao chegar ao governo do país.



Não nego ainda que cai na real e me dei conta - como a maioria dos que sonham com uma país melhor e lutam por isso - que gente boa e gente ruim tem em todos os partidos ainda que em uns, pra não ser pessimista dizendo em todos, os ruins são maioria.



Assumo que nem o socialismo, nem o liberalismo, em termos econômicos, satisfazem plenamente minha compreensão de vida. Gosto da pensar num governo que não se mete a gerenciar empresas, mas que mantém controle e fiscalização rígidos sobre as regras - justas, claro - do jogo.



Apoio governantes que ajam justamente com todos, que enxerga e garanta os direitos das minorias menosprezadas e prioriza as maiorias empobrecidas e marginalizadas deste país.


Em minha memória, o governo Lula leva vantagem sobre anteriores nessas questões.



Apesar disso, não apoio um terceiro mandato para Lula.



A meu ver, isso seria casuismo. Não concordo com a mudança das regras do jogo, mas, se querem mudar as regras do jogo, que se mude sem beneficiar quem está com os pés na bola, no caso, os atuais governantes.



Hoje mudam as regras porque o governo vai bem. Amanhã, porque vai bem para uma minoria privilegiada. Depois, aparecem os ditadores que vão muito bem, obrigado, para os seus correligionários.



Portanto, se o assunto progredir, vou "às ruas", contra o terceiro mandato, claro!!!


E você?