domingo, 10 de maio de 2009

Quatro frágeis liberdades

Resgatando a identidade e os princípios batistas

A publicação, em português, do livro "The baptist Indentity: four Fragile Freedoms", de Walter B. Shurden, pelo MLK-B Centro Martin Luther King, foi uma das boas coisas que aconteceu neste período em que nos aproximamos dos 400 anos de vida documental batista. Soa como bálsamo saber que os batistas brasileiros poderão ter acesso a um material que nos remete a um dos princípios mais caros de sua história que é o da liberdade.

Escrito de maneira simples e em linguagem acessível a pessoas de formação mediana, o livro tem o mérito de, além das reflexões em si feitas pelo autor, trazer como anexos, oito documentos que apontam para nossa identidade histórica, destacando suas quatro frágeis liberdades.

A primeira seria a liberdade da Bíblia. Partindo do reconhecimento da autoridade dos textos bíblicos, o autor demonstra o gene ecumênico de nossa denominação, destacando que os batistas não foram os primeiros a crerem, por exemplo, na autoridade das Escrituras, na salvação somente pela graça, no sacerdócio dos crentes, na igreja formada pelos que crêem ou mesmo na liberdade religiosa. Essas são crenças foram herdadas de outros segmentos cristãos.

Após isso, caracteriza a liberdade da bíblia: liberdade ¿sob¿ (relação com o Senhorio de Jesus), "para" (referente ao "propósito de viver em contínua obediência à Palavra de Deus"), "perante" (a supremacia da Bíblia perante outras autoridades) e "de" (referente a questão da interpretação).

A segunda liberdade seria a individual. Neste aspecto, reafirma a liberdade da escolha individual e oferece suas bases teológicas. Mostra como, na teologia medieval do Catolicismo Romano, a graça estava centrada na igreja e como Lutero disse não a isso, centralizando-a no indivíduo. Trabalha os temas conversão por convicção e batismo para crentes, mostrando, em relação a este, como a preocupação inicial dos batistas não era com o modo do batismo, mas com a pessoa que seria batizada.

A terceira liberdade seria a da Igreja. Aqui, o autor trabalha, primeiro, a liberdade para seguir voluntariamente a Cristo. Num contexto em que o individuo fazia parte da igreja por herança, reafirma que a igreja deve lutar para que sua membrezia seja composta de pessoas que escolheram livremente seguir a Jesus. Depois, trabalha a liberdade da igreja de se autogovernar. Os membros têm a responsabilidade de participar e proteger o direito democrático. Em terceiro lugar, fala da liberdade da igreja para cultuar criativamente, de acordo com sua consciência. Finalmente, expõe a idéia de liberdade para ministrar responsavelmente. Diz o autor que "nenhum pastor tem autoridade oficial ou constituída para 'governar' a vida de ninguém numa congregação batista", uma vez que todos os membros são sacerdotes diante de Deus.

Para terminar, se refere à liberdade religiosa. No contexto americano em que há proeminentes líderes batistas defendendo o estabelecimento de um Estado legal e "fundamentalistamente" cristão, dizendo que ¿a idéia da separação entre Igreja e Estado foi invenção da cabeça de algum ímpio¿, a bandeira da liberdade religiosa precisa voltar a ser hasteada, defende o autor.


Concluindo o texto, afirma que "a identidade batista histórica, portanto, tem se delineado primeiramente a partir da liberdade ao invés do controle; do voluntarismo ao invés da coerção; da individualidade ao invés de uma 'mentalidade pacote'; da religião pessoal ao invés da religião por procuração e da diversidade ao invés da uniformidade".

Óbvio que neste espaço só é possível oferecer um aperitivo. Espero que cada batista brasileiro, especialmente os pastores, tenham acesso a este bom material.

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